Turfe/Turf: treinabilidade, sintonia fina e velocidade! (versão atualizada)
![]() |
Figura 1. Fonte: img-jockey-club-brasileiro-e-jockey-club-do-parana-aprovam-utilizacao-de-fenil-220218172727 (2) |
Por Fernando Garrido
Turfe/Turf: glamour, tradição, profissão e negócio! (versão atualizada)
Quando o esporte apareceu por
aqui?
No Brasil, a relação entre o homem e o animal no
esporte já podia ser vista nos séculos 18 e 19. No Rio de Janeiro e em São
Paulo, eram comuns touradas, cavalgadas e torneios de corrida de lança e espada
contra bonecos de palha.
Nas areias da
Praia de Botafogo (RJ), também eram encontradas as corridas a cavalo rasas,
com a presença de grandes fazendeiros e aristocratas desde 1814. Essas corridas
eram realizadas “em hora em que a maré permitia”. (Gazeta do Rio de Janeiro,
25 mai. 1814).
Segundo o Diário
Fluminense, de 31 julho de 1824, a nobreza era costumeiramente representada
pelo imperador D. Pedro I e sua esposa, D. Maria Leopoldina, na plateia dos
eventos do turfe.
Desde o seu
início até hoje, os eventos esportivos, em especial o turfe, consolidaram-se
como grandes acontecimentos socioculturais de expressiva participação da
população e personalidades do mundo artístico, esportivo e político.
Oficialmente,
o turfe teve início em 1847, no Rio de Janeiro. As disputas ocorriam no Clube
de Corridas, criado em 1849 e situado entre os bairros de São Francisco Xavier
e Benfica. A paixão pela cavalaria e pelo puro sangue inglês (PSI) já reunia
civis e militares interessados no desenvolvimento do esporte por aqui.
Sob o nome
de Prado Fluminense, aquele hipódromo teve, como primeiro presidente, Luís
Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. As corridas de cavalo adotadas no
país seguiam o modelo inglês.
Caxias,
então, começava a importação de cavalos PSI, o que, segundo ele, não só garantiria
a melhoria da raça nacional, como também teria grande importância para a
guerra.
A importação
de cavalos PSI estimulava a realização de corridas com a organização de clubes
e escolas de equitação. No lugar do Prado Fluminense, surgia o Jockey Club
Fluminense, entidade arrendada pelo major Guilherme Suckow em 9 de junho de
1854.
![]() |
Figura 2. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/ |
Em 1863,
fundou-se a Escola de Equitação de São Cristóvão, que estabeleceu os primeiros
passos do hipismo clássico e fortaleceu a formação acadêmica no país. Em 1911, a escola deu lugar ao Club Sportivo de Equitação, ambos
criados pelo capitão
Luís Jácome de Abreu e Souza. Nesse local, foi inaugurada a Escola de Equitação
de Exército (Es.Eq.Ex), posteriormente denominada Centro Hípico do Exército
(CHEx). Atualmente, o CHEx é chamado de Centro Hípico
do Rio de Janeiro (CHRJ).
O
incentivo ao turfe ganhava impulso em 1868 com a fundação do Jockey Club por um
grupo de entusiastas de corridas de cavalos. Entre os primeiros
sócios-honorários, encontrava-se o conde Herzberg, idealizador do primeiro
código de corridas do antigo Jockey Club Fluminense. Do grupo de sócios faziam
parte o major Suckow, Costa Ferraz, Henrique Possolo, Felisberto Paes Leme,
Joaquim José Teixeira, Henrique Moller, Luiz Suckow, Henrique Lambert e
Henrique José Teixeira.
Entre
a primeira corrida no clube, em 16 de maio de 1869, e a adoção de aposta por
meio de pules, passaram-se três anos.
As corridas
disputadas nesse prado ganharam o status de Grandes Prêmios, como os do Jockey
Club, Cruzeiro do Sul, Guanabara, Ipiranga, Criterium, 16 de julho, Dr. Vieira
Souto, Major Suckow e 13 de Maio.
O desenvolvimento
do turfe no país consolidou-se com a fundação de clubes impulsionados por
imigrantes e militares.
Em 1875, no
Campo da Luz, em São Paulo, foi fundado o Club de Corridas Paulistano, com as
corridas recebendo o incentivo da Marquesa de Santos. Mais tarde conhecido por
Jockey Club da Mooca, esse clube deu origem ao Jockey Club de São Paulo em
1941.
Os clubes de corridas também
começaram a surgir na sociedade carioca a partir de 1880.
![]() |
Figura 3. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/ |
Em
1885, foi criado o Derby Club, situado onde se encontra, hoje, o estádio do
Maracanã. O clube foi o introdutor do cronógrafo elétrico,
destinado a marcar com precisão o tempo de cada páreo.
A
disseminação do turfe pelo país começou na última década do século 19. Em 1899,
em Porto Alegre, foi criado o Derby Club do Rio Grande do Sul. Esse clube
surgiu a partir da fusão de quatro clubes de turfe e, antes de se chamar Jockey
Club do Rio Grande do Sul, em 1944, era conhecido como Associação Protetora de
Turfe, em 1907.
O
Derby Club de Belo Horizonte (MG) foi criado em 1906. Em 1956,
ganhou o nome de Jockey Club de Belo Horizonte. Um ano depois, passou a se
chamar Jockey Club de Minas Gerais.
A
fusão do Derby Club, de Paulo de Frontin, com o Jockey Club, do major Suckow,
deu origem, em 1926, ao atual Jockey Club Brasileiro (JCB), que se tornou um
dos símbolos da sociedade carioca.
Foi Lineo de
Paula Machado, primeiro presidente do JCB, que concretizou a fusão dos dois
clubes. Surgia o Hipódromo Brasileiro, um local com pistas de corridas
construídas por Lineo e seus amigos, sem o emprego de quaisquer recursos
públicos. A essa altura, os frequentadores do JCB estavam representados por
diversas classes sociais.
Em
6 de agosto de 1933, no Hipódromo da Gávea, localizado no JCB, disputou-se o
primeiro Grande Prêmio Brasil na distância de 3 mil metros. Foram distribuídos
300 contos de réis no evento. O vencedor foi Mossoró, cavalo nacional montado
por Justiniano Mesquita. Também chegava a Sweepstake, loteria de grande sucesso
na Europa.
Entre
1930 e 1942, o turfe acabou construindo uma estreita relação com o Estado
brasileiro, com membros do governo marcando presença nas corridas do JCB nas
tardes dos finais de semana.
![]() |
Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubdeSP/?locale=pt_BR |
No diário de
Getúlio Vargas, podem-se encontrar diversas passagens sobre o JCB e o turfe.
Segundo Sergio Barcellos (2018), entre as muitas referências sobre o assunto, há
uma que contém a frase: “Hoje, domingo, uma tarde agradável nas corridas do Jockey.” Nessa época, o ex-presidente da República marcava
presença nos grandes eventos do turfe no Rio.
A
década de 1950 trouxe melhorias técnicas ao JCB, buscando proporcionar mais
segurança, lisura e beleza às corridas no hipódromo e à sua sede social. A
iluminação do local, inaugurada em 27 de julho de 1950, foi um dos pontos altos
da reforma, aperfeiçoada na gestão de Francisco Eduardo de Paula Machado. A
iniciativa potencializou a realização das corridas noturnas. A essa altura, a
disseminação do turfe em jóqueis-clubes atingia seu ápice com hipódromos
espalhados por todo o país.
O
turfe se traduzia em um esporte disciplinado e organizado por leis especiais
estabelecidas nos estatutos de um clube de turfe (jóquei-clube).
Um
dos grandes eventos do turfe brasileiro é o Grande Prêmio (GP) Brasil,
realizado no JCB. Em 2007, o evento alcançou expressivo destaque na mídia.
Nessa ocasião, a corrida teve um vencedor de São Paulo pela segunda vez seguida.
Foi com o cavalo L’Amico Steve, montado por Vagner Leal, primeira vitória da
parceria.
Um dos
jóqueis de referência, ídolo do turfe brasileiro reconhecido mundialmente, é
Jorge Ricardo. Uma história de títulos e conquistas marca a trajetória de
Ricardinho, conforme é conhecido. O atleta alcançou a marca de 13.148 vitórias
ao vencer a última prova do Jockey Club de São Paulo em 2022. Ricardinho
quebrou diversos recordes no turfe nacional, sul-americano e mundial. Também se
tornou o jóquei em atividade com o maior número de páreos vencidos, mais de
35.000 em todo o mundo. Ele ainda disputa corridas aos 61 anos. Ricardinho
influencia e inspira outras gerações a praticar o esporte.
O
desenvolvimento do turfe no Brasil foi sedimentado pela criação dos jóqueis-clubes
espalhados por todo o país. As corridas, conhecidas por derbies/páreos,
são realizadas em hipódromos, principalmente localizados nos estados de Pernambuco,
Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O turfe gera
milhares de empregos na cidade e no campo, diretos e indiretos, o que favorece
o desenvolvimento humano, social e econômico. Mobiliza altas somas em apostas,
prêmios e vendas de animais, garantindo impostos ao poder público.
![]() |
Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/ |
As apostas
podem ser realizadas on-line, em casas especializadas e nos próprios locais da
competição.
Entre as
principais fontes de receita da cultura turfística, encontram-se a melhoria das
raças equinas e a exportação de animais campeões.
A criação de
cavalos de corrida ocorre nos haras, que são agências especializadas na
reprodução, nos cruzamentos, no acompanhamento da gestação e na preparação de
animais (potros) destinados às corridas.
O período
entre as décadas de 1920 e o final da década de 1970 assistiu a um expressivo
crescimento do turfe brasileiro. Seus eventos, transformados em grandes
acontecimentos sociais, eram estampados em jornais, revistas e na televisão
aberta, acompanhando o desenvolvimento social, econômico, político e cultural
do país.
Na década de 1980 a Organização Sul-Americana de Fomento ao Turfe (OSAF) criava o Grande Prêmio Latino-Americano (GPLA) de Turfe com a primeira edição em 1981, anualmente realizada no formato de rodizio pelos países do continente sul-americano. A iniciativa da OSAF buscava fortalecer, integrar e promover a melhoria do nível do turfe, além de gerar maior visibilidade e premiação. Esses GPLA caracterizado pelo Grau 1 (G1) ganharam o reconhecimento mundial, a participação de jóqueis e cavalos consagrados e ingressaram no World Pool, um circuito internacional de apostas.
Entre a década de 1980 e o final do século 20, contudo, o turfe nacional experimentou um período de estagnação, marcado, entre outros fatores, pela diminuição de público nas corridas e a perda de renda nas apostas.
O setor
exigia, dessa forma, adaptações para que seguisse sobrevivendo. As ações necessárias foram protagonizadas
pelos dois dos principais clubes do esporte do país, os Jockeys Clubs de São
Paulo e do Rio de Janeiro. Entre as principais iniciativas, estavam a
profissionalização e a especialização da gestão dos setores do turfe nacional.
![]() |
Figura 6. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubdeSP/?locale=pt_BR |
Tornava-se também necessário criar novas fontes de receita a fim de promover o crescimento do turfe neste século. Assim:
· Uma parceria estabelecida entre o JCB e a PMU Brasil, empresa subsidiária da francesa Pari Mutuel Urbain (PMU), começou a trabalhar com a oferta serviços de apostas hípicas on-line entre 2015 e 2019. Modernizaram-se os sistemas de apostas e gestão, as redes de distribuição e surgiram mais pontos de venda em diversos estados.
· O turfe intensificou sua divulgação com o apoio da mídia em gravações, transmissões ao vivo e em vídeo, além de pós-produção de corridas internacionais e de imagens de seis hipódromos do Brasil. As corridas são veiculadas pela TV Turfe e distribuídas pela PMU. O que se buscava, afinal, era:
·
atrair novos
públicos para o esporte;
·
implantar
lojas-conceito;
·
expandir
redes de lojas;
·
exportar
experiência local para outros países;
·
lançar novos
produtos;
·
criar o
hábito de assistir ao esporte como entretenimento;
·
resgatar o
sucesso de público dos eventos esportivos passados;
·
potencializar
o caráter esportivo do turfe, gerando novos negócios.
Outros
fatores se alinharam para superar os desafios e contribuíram com novas fontes
de receita, entre eles:
·
A introdução
da modalidade “Show”, um formato de premiação do apostador caso o
animal chegasse até terceiro lugar no páreo, aumentando o nível da premiação.
·
Apostas de
corridas on-line vindas do exterior e integradas por diferentes hipódromos, gerando
rateios mais expressivos.
·
A adoção
definitiva de novas tecnologias, como o sistema Trakus de rastreamento
eletrônico por chips colocados nos arreamentos dos animais. Novos elementos
passaram a ser fornecidos, como parciais de distância e desempenho durante o
transcurso da prova, favorecendo o acompanhamento e a análise da performance do
conjunto.
·
Mais ações
de marketing para divulgar o turfe, um dos esportes mais cobertos por jornais e
a mídia tradicional, de grande presença de público nas corridas e de rivalidade
com o remo e o futebol na maior parte do século 20.
·
O incentivo
à criação, ao comércio e aos leilões (virtuais e in loco) de cavalos de
corrida realizados em arenas, como nos jóqueis-clubes, representando um
expressivo valor e uma vigorosa exportação de animais.
·
Maior
preferência, nos leilões, para a aquisição de potros para exportação,
adquiridos por compradores estrangeiros em relação aos animais já testados nas
pistas, configurando-se como atividade bastante promissora e de alto valor;
·
Ajustes nas
rendas de aluguéis de imóveis próprios dos clubes.
·
O incentivo
e os ajustes nos valores das locações para a realização de eventos em geral nas
instalações dos jóqueis, com aluguéis de espaços para shows de música, arenas
esportivas, parques de diversão, feiras, exposições, leilões, convenções,
congressos e estacionamentos.
·
Novos
espaços instalados nas áreas dos jóqueis-clubes, como restaurantes, academias e
quadras esportivas.
·
A abertura
de novas sedes, o que promoveu o aumento do quadro social.
·
A valorização
da taxa de manutenção e transferência de títulos.
·
A ampliação
do quadro de sócios com a abertura de novas sedes.
·
Novas
corridas exclusivas com outras raças de cavalos.
·
Transmissões
exclusivas de páreos por televisão aberta, fechada e streamings ao vivo, em
horários específicos, com o suporte de marketing.
·
Maior
presença de vários jóqueis brasileiros no exterior, valorizados profissional e
financeiramente por suas grandes vitórias em competições mundiais.
·
Apresentações
de vídeos institucionais focadas em ações de desenvolvimento humano e social,
com ênfase na formação de jóqueis, na escola para os trabalhadores do setor no
JCB e em iniciativas de sustentabilidade.
·
O acompanhamento
do dia-a-dia dos hipódromos, com o treinamento e o tratamento dos animais, a
rotina dos jóqueis, além de entrevistas com especialistas, tudo diretamente do
conforto de casa.
·
Transmissões
on-line diárias e de grandes competições do turfe mundial, como a Coroa
Tríplice dos EUA, com possibilidade de apostas virtuais.
·
Maior
influência da participação de jóqueis brasileiros em competições no exterior,
fator de incentivo à adesão de novos praticantes, maior audiência e novos
negócios.
·
A modernização de equipamentos e setores do turfe com: pistas reformadas;
geração de imagens; cronometragem eletrônica; rede de fibra ótica; tecnologia
da informação; totalização de apostas; além da profissionalização da estrutura
de apoio administrativo, conforme relata Sergio Barcellos (2018).
Um novo
modelo de gestão esportiva profissional, especializada e sustentável, aliado à
internet e às mídias digitais, vem propagando o esporte mundialmente neste
século. Cria modelos de negócios alavancados pelo marketing e impulsiona o
turfe brasileiro, reconhecido como uma das atividades de entretenimento da
indústria do cavalo de corrida.
![]() |
Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubRS/photos?locale=pt_BR |
Como o esporte acontece?
No
turfe, as corridas mais comuns costumavam ocorrer com cavalos das raças
puro-sangue inglês (PSI), quarto de milha, apaloosa e árabe. A raça mais
utilizada no esporte é a PSI.
No
Brasil, as corridas para o PSI são realizadas normalmente em distâncias que
variam entre mil metros e 3.500 metros. As pistas podem ser retas ou ovaladas e
de areia ou grama. O registro dos cavalos PSI está sob o controle do Stud Book.
O
turfe destina parte do que arrecada ao fomento do cavalo de corrida
PSI.
O
jogo de apostas no turfe é feito por uma ou mais pessoas interessadas em
determinado cavalo ou em uma combinação deles. Há um valor mínimo na aposta
para um vencedor, cabendo ao apostador fixar os seus limites. Um cavalo com um
número grande de apostas oferece um rateio menor do prêmio.
Como são feitas as apostas no turfe!
O esporte requer o acompanhamento de dados
estatísticos sobre o animal e o jóquei, mas a sorte também pode entrar em cena.
O conhecimento, a análise e o acompanhamento de
resultados anteriores de ambos (individualmente ou do conjunto); o retrospecto
das marcas alcançadas e vitórias; o melhor desempenho da dupla ou do animal em
pista de grama ou areia; o horário da corrida e a cotação do animal para vencer
um páreo são alguns dos fatores influenciadores do desempenho.
As programações das corridas do turfe são semanais, podendo ser encontradas nos sites dos jóqueis.
Você deve escolher para apostar: o páreo
e o hipódromo, o animal/jóquei, os tipos e modalidades do jogo e quanto quer
gastar. O valor mínimo para o pule (bilhete) é de R$ 2, e o máximo é de R$ 3
mil.
![]() |
Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubRS/videos_by?locale=pt_BR |
As apostas podem ser
realizadas on-line (por sites), pelo telefone (no Canal de Atendimento Teleturfe) e de forma presencial,
no próprio jóquei-clube, onde você vai ter a oportunidade de conhecer melhor o
esporte.
As apostas
pagas pelos jóqueis-clubes referem-se às seguintes modalidades: vencedor,
placê, dupla e exata. Além disso, há as modalidades trifeta,
quadrifeta, fast 6, betting 4, acumulada e pick 3, com possibilidade de combinação de modalidades e
páreos.
O valor do
rateio da corrida do animal (páreo) escolhido é determinado pela quantidade
total das suas apostas após serem extraídas as despesas fixas decorrentes. Um
rateio, por exemplo, tem o valor de 10 reais no animal escolhido. Isto
significa dizer que a cada 1 real apostado haverá uma bonificação de 10 reais.
A emoção e o prazer da vitória no turfe geram lucros
distribuídos a todos os participantes: o apreciador, o proprietário, o jóquei e
o treinador de cavalos.
O número de
cavalos em cada prova varia conforme o tamanho do hipódromo, ou seja, a largura
de suas pistas e, até mesmo, o local de largada.
As
disputas ocorrem por páreos, que podem ser realizados excepcionalmente com
apenas um animal ou até cerca de 20, embora a média esteja entre 10 e 12
animais.
Os
animais começam a correr aos dois anos de idade, e não há um limite máximo de
idade para parar. Contudo, dificilmente o animal ultrapassa dez anos de
corrida, que pode ser realizada tanto por machos quanto por fêmeas.
![]() |
Figura 9. Fonte: https://www.facebook.com/jockeyclubdepelotas/?locale=pt_BR |
No Hemisfério Sul, a chamada idade hípica, época em que os animais
mudam de idade, ocorre em 1º de julho de cada ano. Em alguns poucos países,
essa troca ocorre em 1º de junho. No Hemisfério Norte, os animais trocam de
idade em 1º de janeiro.
No Brasil, as provas do calendário clássico do turfe são reunidas
em diversas categorias, elaboradas para cada hipódromo e aprovadas pela
Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida (ABCPCC).
A
ABCPCC apresenta a sua lista de provas chamadas clássicas. Elas são
divididas em quatro categorias, em ordem decrescente de importância: grupo 1,
grupo 2, grupo 3 e listadas.
A
organização das corridas e a formação de seus programas são feitos pelas
comissões de corrida ou turfe de cada hipódromo.
Os
treinadores dos cavalos em condição de correr inscrevem os seus animais nos
respectivos páreos a que têm direito e, quando estes são formados, contratam os
jóqueis para montá-los. No turfe, são realizados diversos páreos.
As corridas são regidas pela Lei do Turfe e um Código Nacional de Corridas (CNC) e aprovadas pelo Departamento de Fiscalização da Produção Animal do Ministério da Agricultura (DFPA/MA), com sede em Brasília.
Os
comissários de corrida fiscalizam a corrida e determinam os cavalos (além dos
ganhadores) que irão ter a urina ou sangue examinados pela pesquisa de doping.
![]() |
Figura 10. Fonte: https://www.facebook.com/jockeyclubdepelotas/?locale=pt_BR |
Nas partidas dos páreos, os animais se alinham
separadamente dentro de um “partidor”. As disputas são bastante acirradas,
desde a partida, com revezamento de posições e ultrapassagens, até se cruzar a
linha de chegada. As apostas são feitas nos intervalos entre cada páreo.
Qualquer dúvida quanto à chegada é dirimida por fotografia especialmente
tirada por um dispositivo próprio posicionado na chegada.
O
peso dos jóqueis depende do animal e do páreo e varia entre 50 e 60 quilos. As
éguas, quando correm junto com os machos, recebem uma descarga de dois
quilos.
Os
hipódromos normalmente constam de vila hípica, casas de aposta e escola de
formação de jóqueis.
Os
jóqueis-clubes premiam proprietários, criadores e profissionais do turfe
(jóqueis, treinadores, cavalariços e o segundo-gerente), da primeira à quinta
colocação, de acordo com a Lei do Turfe.
Os
recursos da premiação advêm das apostas permitidas por lei nos hipódromos ou
nos locais credenciados e aprovados pelo Ministério da Agricultura.
Os jóqueis-clubes proprietários dos hipódromos no
Brasil realizam corridas em função de um alvará concedido pelo DFPA/MA. São
regidos pela Lei nº 7.291, de 19/12/84, que dispõe sobre as atividades da equideocultura
no país, e pelo Decreto nº 96.993 de 17/10/88, que a regulamenta.
A
nova realidade no esporte brasileiro, em especial no turfe, advém da entrada de empresas de apostas
esportivas apoiada pela lei nº 13.756, em 2018.
A maioria das empresas de apostas
on-line são de origem internacional. Os jóqueis-clubes reconhecem os sites
confiáveis garantindo a segurança em apostar em grandes jóqueis brasileiros e
internacionais.
As corridas de cavalo com exploração de apostas geram
recursos necessários à coordenação e fiscalização da equideocultura nacional,
por meio da Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional (CCCCN),
segundo a Lei nº 7.291.
![]() |
Figura 11. Fonte: https://www.google.com/search?q=grande+Premio+Brasil+arquibancadas+JCB+fotos+face |
Vamos contar algo mais pra você!
Segundo Tubino (2007), o turfe é considerado um
esporte da corrente dos “esportes com animais”, embora também seja um esporte
tradicional.
As
corridas do calendário clássico no Brasil são reunidas em diversas categorias,
elaboradas para cada hipódromo e aprovadas pela ABCPCC.
A ABCPCC
congrega criadores e proprietários de cavalos da raça Puro Sangue Inglês (PSI).
Administra o Stud Book Brasileiro, que registra nascimentos e coberturas dos
cavalos, além de regular o esporte corrida de cavalos (turfe).
O
turfe desenvolvido pelos jóqueis-clubes é integrado por comissões de corrida
dos clubes que se encarregam da administração de carreiras e hipódromos.
Segundo
Barcellos (2022), em dezembro de 2019 – antes da pandemia do Covid –, a
destinação das apostas do JCB era de 66,4% para os agentes credenciados; 21,8% para
o site de apostas; 8,3% para o hipódromo e 3,5% para o Teleturfe.
A Federação Internacional de Autoridades Hípicas e
Hipódromos (Fiah) reúne todos os países onde se realizam corridas de PSI (com
ou sem obstáculos) e de trote, além da Organização Sul-Americana de Fomento (Osaf).
O turfe, integrado à indústria do cavalo de corridas,
reflete uma internacionalização virtuosa impulsionada, conforme Barcellos
(2022), por iniciativas como:
·
a organização de
calendário para as principais provas realizadas anualmente em diversos países,
integradas em rede on-line mundial pela Fiah;
·
o cumprimento de
protocolos internacionais do turfe orientados e exigidos pela Fiah, envolvendo
operações como: “operar modernos sistemas de totalização; gerar imagens em HD;
estabelecer um número mínimo de pontos de filmagem na pista; cumprir com os
horários de largada; aderir aos conceitos que presidem as regras de
interferência na pista, [...] capaz de enviar a imagem de suas corridas para o
exterior, obtendo receitas adicionais que de outro modo não existiriam”
(BARCELLOS, 2022);
·
a integração mundial dos
sistemas de avaliação dos ratings;
·
os rateios expressivos
distribuídos de apostas globais;
·
o aumento da
visibilidade e divulgação das corridas por meio de redes sociais (com sites de
apostas), equipamentos urbanos (instalados em pontos móveis) e mídia
tradicional (anúncios);
·
a utilização da
tecnologia da informação para impulsionar uma maior captação de apostas pela
internet (sites de apostas), dirigida ao jovem via celular e Ipad;
·
o aumento dos pontos de
captação de apostas – agências credenciadas e pontos de venda com máquinas de
autoatendimento instaladas em diversos locais – modelo tradicional ao qual se
somam aqueles relacionados com a alta tecnologia digital;
·
a necessidade de
estreitamento de relações do esporte com as autoridades políticas;
·
a integração dos
hipódromos à vida cotidiana das cidades, abertos à visitação pública guiada
das instalações, a fim de gerar maior conhecimento da população sobre cada uma
das atividades desenvolvidas no setor;
·
a participação de jóqueis
brasileiros e estrangeiros em eventos nacionais e internacionais;
·
o cadastramento de
recordes, cavalos vencedores e jóqueis vitoriosos, entre outros aspectos.
Um novo cenário no turfe, no primeiro quarto deste século,
tem sedimentado a incorporação de novos conceitos de ordem social, cultural e
econômica, apoiados por inovação, criatividade e novas tecnologia da informação,
além da mídia e do marketing. Com soluções disruptivas para resolver problemas
antigos, esses fatores acabaram por determinar a integração do turfe à
indústria do cavalo de corrida.
![]() |
Figura 12. Fonte: https://www.facebook.com/abcpcc/?locale=pt_BR |
Curta, Comente, Compartilhe e Siga-nos
Referências Bibliográficas
ABCPCC. Home. Disponível em: https://www.facebook.com/abcpcc/photos?locale=pt_BR Acesso em: 11 mai.2025.
BARCELLOS, Sergio. Turfe 2018: do clube à indústria. Disponível em: https://abcpcc.com.br/noticias/post/turfe-2018-de-clube-a-industria. Acesso em: 16 nov. 2022.
_______. Ascenção e declínio do turfe
brasileiro. Disponível em: https://www.abcpcc.com.br/noticias/post/ascencao-e-declinio-do-turfe-brasileiro.
Acesso em: 2 abr. 2025.
_______. Por onde caminha o turfe do mundo.
Disponível em: https://jcb.com.br/home/noticias/232049/por-onde-caminha-o-turfe-do-mundo-por-sergio-barcellos/
Acesso em: 04 abr. 2025.
_______. FIAH, PMU, apostas
e o turfe do mundo. Disponível
em: http://www.raialeve.com.br/conteudo/47749/10/2012/3. Acesso em: 4 abr. 2025.
CCI FRANÇA
BRASIL. PMU investe na retomada do turfe no Brasil. Disponível
em:
https://www.ccfb.com.br/noticias/pmu-investe-na-retomada-do-turfe-no-brasil/.
Acesso em: 16 jan. 2020.
COSTA, L. P.
da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape,
2004.
FERREIRA,
Ernani Pires. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro. 2001.
FPH –
FEDERAÇÃO PAULISTA DE HIPISMO. A FPH. O hipismo. Disponível
em: https://www.fph.com.br/artigos/o_hipismo. Acesso em: 16 jan. 2020.
JOCKEY CLUB
BRASILEIRO. A história Jockey Club Brasileiro. Disponível em:
www.jcbinforma.com.br/história. Acesso em: 20 fev. 2018.
MELO, Vitor
Andrade. CIDADE sportiva: primórdios do esporte no Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
PERALTA, Pedro. Entenda como
funcionam as apostas esportivas no Jockey Club de São Paulo. Disponível
em:https://www.aredacao.com.br/colunas/171041/entenda-como-funcionam-as-apostas-esportivas-no-jockey-club-de-sao-paulo.
Entenda como funcionam as apostas esportivas no Jockey Club de São Paulo.
Acesso em: 03 fev. 2023.
Prefeitura de São Paulo. Prefeitura
e Jockey Club apresentam projeto de requalificação de área na Zona Oeste.
Disponível em:
capital.sp.gov.br/noticia/prefeitura-e-jockey-club-apresentam-projeto-de-requalificacao-de-area-na-zona-oeste.
Acesso em: 15 nov. 2022.
RAIA LEVE. Jorge Ricardo, 60
anos. "Eu sigo montando por amor" Disponível em:
http://www.raialeve.com.br/conteudo/79183/09/2021/3. Acesso em: 16 nov. 2022.
______. A profissionalização do
turfe. Disponível em: http://www.raialeve.com.br/conteudo/7666/11/2006/5.
Acesso em: 19 mai. 2025.
REVISTA HORSE. O turfe sob novas perspectivas. Disponível em:
https://www.revistahorse.com.br/imprensa/o-turfe-sob-novas-perspectivas/20220719-195656-R901.
Acesso em: 14 nov. 2022.
TUBINO, M.
J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino
do esporte. São Paulo: Senac, 2007.
![]() |
Figura 13. Fonte: https://www.facebook.com/abcpcc/?locale=pt_BR |
Comentários
Enviar um comentário