Turfe/Turf: treinabilidade, sintonia fina e velocidade! (versão atualizada)


Figura 1. Fonte: img-jockey-club-brasileiro-e-jockey-club-do-parana-aprovam-utilizacao-de-fenil-220218172727 (2)


Por Fernando Garrido

 

Turfe/Turf: glamour, tradição, profissão e negócio! (versão atualizada) 


 Quando o esporte apareceu por aqui?

            No Brasil, a relação entre o homem e o animal no esporte já podia ser vista nos séculos 18 e 19. No Rio de Janeiro e em São Paulo, eram comuns touradas, cavalgadas e torneios de corrida de lança e espada contra bonecos de palha.

          Nas areias da Praia de Botafogo (RJ), também eram encontradas as corridas a cavalo rasas, com a presença de grandes fazendeiros e aristocratas desde 1814. Essas corridas eram realizadas “em hora em que a maré permitia”. (Gazeta do Rio de Janeiro, 25 mai. 1814).

        Segundo o Diário Fluminense, de 31 julho de 1824, a nobreza era costumeiramente representada pelo imperador D. Pedro I e sua esposa, D. Maria Leopoldina, na plateia dos eventos do turfe.

Desde o seu início até hoje, os eventos esportivos, em especial o turfe, consolidaram-se como grandes acontecimentos socioculturais de expressiva participação da população e personalidades do mundo artístico, esportivo e político.

            Oficialmente, o turfe teve início em 1847, no Rio de Janeiro. As disputas ocorriam no Clube de Corridas, criado em 1849 e situado entre os bairros de São Francisco Xavier e Benfica. A paixão pela cavalaria e pelo puro sangue inglês (PSI) já reunia civis e militares interessados no desenvolvimento do esporte por aqui.

Sob o nome de Prado Fluminense, aquele hipódromo teve, como primeiro presidente, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. As corridas de cavalo adotadas no país seguiam o modelo inglês.

       Caxias, então, começava a importação de cavalos PSI, o que, segundo ele, não só garantiria a melhoria da raça nacional, como também teria grande importância para a guerra.

         A importação de cavalos PSI estimulava a realização de corridas com a organização de clubes e escolas de equitação. No lugar do Prado Fluminense, surgia o Jockey Club Fluminense, entidade arrendada pelo major Guilherme Suckow em 9 de junho de 1854.

Figura 2. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/

         Em 1863, fundou-se a Escola de Equitação de São Cristóvão, que estabeleceu os primeiros passos do hipismo clássico e fortaleceu a formação acadêmica no país. Em 1911, a escola deu lugar ao Club Sportivo de Equitação, ambos criados pelo capitão Luís Jácome de Abreu e Souza. Nesse local, foi inaugurada a Escola de Equitação de Exército (Es.Eq.Ex), posteriormente denominada Centro Hípico do Exército (CHEx). Atualmente, o CHEx é chamado de Centro Hípico do Rio de Janeiro (CHRJ).

            O incentivo ao turfe ganhava impulso em 1868 com a fundação do Jockey Club por um grupo de entusiastas de corridas de cavalos. Entre os primeiros sócios-honorários, encontrava-se o conde Herzberg, idealizador do primeiro código de corridas do antigo Jockey Club Fluminense. Do grupo de sócios faziam parte o major Suckow, Costa Ferraz, Henrique Possolo, Felisberto Paes Leme, Joaquim José Teixeira, Henrique Moller, Luiz Suckow, Henrique Lambert e Henrique José Teixeira.

            Entre a primeira corrida no clube, em 16 de maio de 1869, e a adoção de aposta por meio de pules, passaram-se três anos.

As corridas disputadas nesse prado ganharam o status de Grandes Prêmios, como os do Jockey Club, Cruzeiro do Sul, Guanabara, Ipiranga, Criterium, 16 de julho, Dr. Vieira Souto, Major Suckow e 13 de Maio.

O desenvolvimento do turfe no país consolidou-se com a fundação de clubes impulsionados por imigrantes e militares.

Em 1875, no Campo da Luz, em São Paulo, foi fundado o Club de Corridas Paulistano, com as corridas recebendo o incentivo da Marquesa de Santos. Mais tarde conhecido por Jockey Club da Mooca, esse clube deu origem ao Jockey Club de São Paulo em 1941.

          Os clubes de corridas também começaram a surgir na sociedade carioca a partir de 1880.

Figura 3. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/

      Em 1885, foi criado o Derby Club, situado onde se encontra, hoje, o estádio do Maracanã.  O clube foi o introdutor do cronógrafo elétrico, destinado a marcar com precisão o tempo de cada páreo.

            A disseminação do turfe pelo país começou na última década do século 19. Em 1899, em Porto Alegre, foi criado o Derby Club do Rio Grande do Sul. Esse clube surgiu a partir da fusão de quatro clubes de turfe e, antes de se chamar Jockey Club do Rio Grande do Sul, em 1944, era conhecido como Associação Protetora de Turfe, em 1907.

            O Derby Club de Belo Horizonte (MG) foi criado em 1906.  Em 1956, ganhou o nome de Jockey Club de Belo Horizonte. Um ano depois, passou a se chamar Jockey Club de Minas Gerais.

            A fusão do Derby Club, de Paulo de Frontin, com o Jockey Club, do major Suckow, deu origem, em 1926, ao atual Jockey Club Brasileiro (JCB), que se tornou um dos símbolos da sociedade carioca.

Foi Lineo de Paula Machado, primeiro presidente do JCB, que concretizou a fusão dos dois clubes. Surgia o Hipódromo Brasileiro, um local com pistas de corridas construídas por Lineo e seus amigos, sem o emprego de quaisquer recursos públicos. A essa altura, os frequentadores do JCB estavam representados por diversas classes sociais.

            Em 6 de agosto de 1933, no Hipódromo da Gávea, localizado no JCB, disputou-se o primeiro Grande Prêmio Brasil na distância de 3 mil metros. Foram distribuídos 300 contos de réis no evento. O vencedor foi Mossoró, cavalo nacional montado por Justiniano Mesquita. Também chegava a Sweepstake, loteria de grande sucesso na Europa.

        Entre 1930 e 1942, o turfe acabou construindo uma estreita relação com o Estado brasileiro, com membros do governo marcando presença nas corridas do JCB nas tardes dos finais de semana.

Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubdeSP/?locale=pt_BR

No diário de Getúlio Vargas, podem-se encontrar diversas passagens sobre o JCB e o turfe. Segundo Sergio Barcellos (2018), entre as muitas referências sobre o assunto, há uma que contém a frase: “Hoje, domingo, uma tarde agradável nas corridas do Jockey.” Nessa época, o ex-presidente da República marcava presença nos grandes eventos do turfe no Rio.

        A década de 1950 trouxe melhorias técnicas ao JCB, buscando proporcionar mais segurança, lisura e beleza às corridas no hipódromo e à sua sede social. A iluminação do local, inaugurada em 27 de julho de 1950, foi um dos pontos altos da reforma, aperfeiçoada na gestão de Francisco Eduardo de Paula Machado. A iniciativa potencializou a realização das corridas noturnas. A essa altura, a disseminação do turfe em jóqueis-clubes atingia seu ápice com hipódromos espalhados por todo o país.     

       O turfe se traduzia em um esporte disciplinado e organizado por leis especiais estabelecidas nos estatutos de um clube de turfe (jóquei-clube).

            Um dos grandes eventos do turfe brasileiro é o Grande Prêmio (GP) Brasil, realizado no JCB. Em 2007, o evento alcançou expressivo destaque na mídia. Nessa ocasião, a corrida teve um vencedor de São Paulo pela segunda vez seguida. Foi com o cavalo L’Amico Steve, montado por Vagner Leal, primeira vitória da parceria.

Um dos jóqueis de referência, ídolo do turfe brasileiro reconhecido mundialmente, é Jorge Ricardo. Uma história de títulos e conquistas marca a trajetória de Ricardinho, conforme é conhecido. O atleta alcançou a marca de 13.148 vitórias ao vencer a última prova do Jockey Club de São Paulo em 2022. Ricardinho quebrou diversos recordes no turfe nacional, sul-americano e mundial. Também se tornou o jóquei em atividade com o maior número de páreos vencidos, mais de 35.000 em todo o mundo. Ele ainda disputa corridas aos 61 anos. Ricardinho influencia e inspira outras gerações a praticar o esporte.

O desenvolvimento do turfe no Brasil foi sedimentado pela criação dos jóqueis-clubes espalhados por todo o país. As corridas, conhecidas por derbies/páreos, são realizadas em hipódromos, principalmente localizados nos estados de Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O turfe gera milhares de empregos na cidade e no campo, diretos e indiretos, o que favorece o desenvolvimento humano, social e econômico. Mobiliza altas somas em apostas, prêmios e vendas de animais, garantindo impostos ao poder público.

Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/turfedobrasil/

As apostas podem ser realizadas on-line, em casas especializadas e nos próprios locais da competição.

Entre as principais fontes de receita da cultura turfística, encontram-se a melhoria das raças equinas e a exportação de animais campeões.

A criação de cavalos de corrida ocorre nos haras, que são agências especializadas na reprodução, nos cruzamentos, no acompanhamento da gestação e na preparação de animais (potros) destinados às corridas.

O período entre as décadas de 1920 e o final da década de 1970 assistiu a um expressivo crescimento do turfe brasileiro. Seus eventos, transformados em grandes acontecimentos sociais, eram estampados em jornais, revistas e na televisão aberta, acompanhando o desenvolvimento social, econômico, político e cultural do país.

Na década de 1980 a Organização Sul-Americana de Fomento ao Turfe (OSAF) criava o Grande Prêmio Latino-Americano (GPLA) de Turfe com a primeira edição em 1981, anualmente realizada no formato de rodizio pelos países do continente sul-americano. A iniciativa da OSAF buscava fortalecer, integrar e promover a melhoria do nível do turfe, além de gerar maior visibilidade e premiação.  Esses GPLA caracterizado pelo Grau 1 (G1) ganharam o reconhecimento mundial, a participação de jóqueis e cavalos consagrados e ingressaram no World Pool, um circuito internacional de apostas.

Entre a década de 1980 e o final do século 20, contudo, o turfe nacional experimentou um período de estagnação, marcado, entre outros fatores, pela diminuição de público nas corridas e a perda de renda nas apostas.

O setor exigia, dessa forma, adaptações para que seguisse sobrevivendo.  As ações necessárias foram protagonizadas pelos dois dos principais clubes do esporte do país, os Jockeys Clubs de São Paulo e do Rio de Janeiro. Entre as principais iniciativas, estavam a profissionalização e a especialização da gestão dos setores do turfe nacional.

Figura 6. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubdeSP/?locale=pt_BR

Tornava-se também necessário criar novas fontes de receita a fim de promover o crescimento do turfe neste século. Assim:

·                               Uma parceria estabelecida entre o JCB e a PMU Brasil, empresa subsidiária da francesa Pari Mutuel Urbain (PMU), começou a trabalhar com a oferta serviços de apostas hípicas on-line entre 2015 e 2019. Modernizaram-se os sistemas de apostas e gestão, as redes de distribuição e surgiram mais pontos de venda em diversos estados.

·       O turfe intensificou sua divulgação com o apoio da mídia em gravações, transmissões ao vivo e em vídeo, além de pós-produção de corridas internacionais e de imagens de seis hipódromos do Brasil. As corridas são veiculadas pela TV Turfe e distribuídas pela PMU. O que se buscava, afinal, era: 

·       atrair novos públicos para o esporte;

·       implantar lojas-conceito;

·       expandir redes de lojas;

·       exportar experiência local para outros países;

·       lançar novos produtos;

·       criar o hábito de assistir ao esporte como entretenimento;

·       resgatar o sucesso de público dos eventos esportivos passados;

·       potencializar o caráter esportivo do turfe, gerando novos negócios.

 

    Outros fatores se alinharam para superar os desafios e contribuíram com novas fontes de receita, entre eles:

·       A introdução da modalidade “Show”, um formato de premiação do apostador caso o animal chegasse até terceiro lugar no páreo, aumentando o nível da premiação.

·       Apostas de corridas on-line vindas do exterior e integradas por diferentes hipódromos, gerando rateios mais expressivos.

·       A adoção definitiva de novas tecnologias, como o sistema Trakus de rastreamento eletrônico por chips colocados nos arreamentos dos animais. Novos elementos passaram a ser fornecidos, como parciais de distância e desempenho durante o transcurso da prova, favorecendo o acompanhamento e a análise da performance do conjunto.

·       Mais ações de marketing para divulgar o turfe, um dos esportes mais cobertos por jornais e a mídia tradicional, de grande presença de público nas corridas e de rivalidade com o remo e o futebol na maior parte do século 20.

·       O incentivo à criação, ao comércio e aos leilões (virtuais e in loco) de cavalos de corrida realizados em arenas, como nos jóqueis-clubes, representando um expressivo valor e uma vigorosa exportação de animais.

·       Maior preferência, nos leilões, para a aquisição de potros para exportação, adquiridos por compradores estrangeiros em relação aos animais já testados nas pistas, configurando-se como atividade bastante promissora e de alto valor;

·       Ajustes nas rendas de aluguéis de imóveis próprios dos clubes.

·       O incentivo e os ajustes nos valores das locações para a realização de eventos em geral nas instalações dos jóqueis, com aluguéis de espaços para shows de música, arenas esportivas, parques de diversão, feiras, exposições, leilões, convenções, congressos e estacionamentos.

·       Novos espaços instalados nas áreas dos jóqueis-clubes, como restaurantes, academias e quadras esportivas.

·       A abertura de novas sedes, o que promoveu o aumento do quadro social.

·       A valorização da taxa de manutenção e transferência de títulos.

·       A ampliação do quadro de sócios com a abertura de novas sedes.

·       Novas corridas exclusivas com outras raças de cavalos.

·       Transmissões exclusivas de páreos por televisão aberta, fechada e streamings ao vivo, em horários específicos, com o suporte de marketing.

·       Maior presença de vários jóqueis brasileiros no exterior, valorizados profissional e financeiramente por suas grandes vitórias em competições mundiais.

·       Apresentações de vídeos institucionais focadas em ações de desenvolvimento humano e social, com ênfase na formação de jóqueis, na escola para os trabalhadores do setor no JCB e em iniciativas de sustentabilidade.

·       O acompanhamento do dia-a-dia dos hipódromos, com o treinamento e o tratamento dos animais, a rotina dos jóqueis, além de entrevistas com especialistas, tudo diretamente do conforto de casa.

·       Transmissões on-line diárias e de grandes competições do turfe mundial, como a Coroa Tríplice dos EUA, com possibilidade de apostas virtuais.

·       Maior influência da participação de jóqueis brasileiros em competições no exterior, fator de incentivo à adesão de novos praticantes, maior audiência e novos negócios.

·       A modernização de equipamentos e setores do turfe com: pistas reformadas; geração de imagens; cronometragem eletrônica; rede de fibra ótica; tecnologia da informação; totalização de apostas; além da profissionalização da estrutura de apoio administrativo, conforme relata Sergio Barcellos (2018).

Um novo modelo de gestão esportiva profissional, especializada e sustentável, aliado à internet e às mídias digitais, vem propagando o esporte mundialmente neste século. Cria modelos de negócios alavancados pelo marketing e impulsiona o turfe brasileiro, reconhecido como uma das atividades de entretenimento da indústria do cavalo de corrida.

 

Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubRS/photos?locale=pt_BR

Como o esporte acontece?

            No turfe, as corridas mais comuns costumavam ocorrer com cavalos das raças puro-sangue inglês (PSI), quarto de milha, apaloosa e árabe. A raça mais utilizada no esporte é a PSI.

            No Brasil, as corridas para o PSI são realizadas normalmente em distâncias que variam entre mil metros e 3.500 metros. As pistas podem ser retas ou ovaladas e de areia ou grama. O registro dos cavalos PSI está sob o controle do Stud Book.

            O turfe destina parte do que arrecada ao fomento do cavalo de corrida PSI.  

O jogo de apostas no turfe é feito por uma ou mais pessoas interessadas em determinado cavalo ou em uma combinação deles. Há um valor mínimo na aposta para um vencedor, cabendo ao apostador fixar os seus limites. Um cavalo com um número grande de apostas oferece um rateio menor do prêmio.

        

Como são feitas as apostas no turfe!

O esporte requer o acompanhamento de dados estatísticos sobre o animal e o jóquei, mas a sorte também pode entrar em cena.

O conhecimento, a análise e o acompanhamento de resultados anteriores de ambos (individualmente ou do conjunto); o retrospecto das marcas alcançadas e vitórias; o melhor desempenho da dupla ou do animal em pista de grama ou areia; o horário da corrida e a cotação do animal para vencer um páreo são alguns dos fatores influenciadores do desempenho.

As programações das corridas do turfe são semanais, podendo ser encontradas nos sites dos jóqueis. 

Você deve escolher para apostar: o páreo e o hipódromo, o animal/jóquei, os tipos e modalidades do jogo e quanto quer gastar. O valor mínimo para o pule (bilhete) é de R$ 2, e o máximo é de R$ 3 mil. 

Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/JockeyClubRS/videos_by?locale=pt_BR

As apostas podem ser realizadas on-line (por sites), pelo telefone (no Canal de Atendimento Teleturfe) e de forma presencial, no próprio jóquei-clube, onde você vai ter a oportunidade de conhecer melhor o esporte. 

As apostas pagas pelos jóqueis-clubes referem-se às seguintes modalidades: vencedor, placê, dupla e exata. Além disso, há as modalidades trifeta, quadrifeta, fast 6, betting 4, acumulada e pick 3, com possibilidade de combinação de modalidades e páreos.

O valor do rateio da corrida do animal (páreo) escolhido é determinado pela quantidade total das suas apostas após serem extraídas as despesas fixas decorrentes. Um rateio, por exemplo, tem o valor de 10 reais no animal escolhido. Isto significa dizer que a cada 1 real apostado haverá uma bonificação de 10 reais.

        A emoção e o prazer da vitória no turfe geram lucros distribuídos a todos os participantes: o apreciador, o proprietário, o jóquei e o treinador de cavalos.

        O número de cavalos em cada prova varia conforme o tamanho do hipódromo, ou seja, a largura de suas pistas e, até mesmo, o local de largada.

          As disputas ocorrem por páreos, que podem ser realizados excepcionalmente com apenas um animal ou até cerca de 20, embora a média esteja entre 10 e 12 animais.

        Os animais começam a correr aos dois anos de idade, e não há um limite máximo de idade para parar. Contudo, dificilmente o animal ultrapassa dez anos de corrida, que pode ser realizada tanto por machos quanto por fêmeas.

Figura 9. Fonte: https://www.facebook.com/jockeyclubdepelotas/?locale=pt_BR


          No Hemisfério Sul, a chamada idade hípica, época em que os animais mudam de idade, ocorre em 1º de julho de cada ano. Em alguns poucos países, essa troca ocorre em 1º de junho. No Hemisfério Norte, os animais trocam de idade em 1º de janeiro.

          No Brasil, as provas do calendário clássico do turfe são reunidas em diversas categorias, elaboradas para cada hipódromo e aprovadas pela Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida (ABCPCC).

            A ABCPCC apresenta a sua lista de provas chamadas clássicas. Elas são divididas em quatro categorias, em ordem decrescente de importância: grupo 1, grupo 2, grupo 3 e listadas.

            A organização das corridas e a formação de seus programas são feitos pelas comissões de corrida ou turfe de cada hipódromo.

            Os treinadores dos cavalos em condição de correr inscrevem os seus animais nos respectivos páreos a que têm direito e, quando estes são formados, contratam os jóqueis para montá-los. No turfe, são realizados diversos páreos. 

            As corridas são regidas pela Lei do Turfe e um Código Nacional de Corridas (CNC) e aprovadas pelo Departamento de Fiscalização da Produção Animal do Ministério da Agricultura (DFPA/MA), com sede em Brasília.

            Os comissários de corrida fiscalizam a corrida e determinam os cavalos (além dos ganhadores) que irão ter a urina ou sangue examinados pela pesquisa de doping.

Figura 10. Fonte: https://www.facebook.com/jockeyclubdepelotas/?locale=pt_BR


           Nas partidas dos páreos, os animais se alinham separadamente dentro de um “partidor”. As disputas são bastante acirradas, desde a partida, com revezamento de posições e ultrapassagens, até se cruzar a linha de chegada. As apostas são feitas nos intervalos entre cada páreo.

         Qualquer dúvida quanto à chegada é dirimida por fotografia especialmente tirada por um dispositivo próprio posicionado na chegada.

            O peso dos jóqueis depende do animal e do páreo e varia entre 50 e 60 quilos. As éguas, quando correm junto com os machos, recebem uma descarga de dois quilos.          

        Os hipódromos normalmente constam de vila hípica, casas de aposta e escola de formação de jóqueis.

         Os jóqueis-clubes premiam proprietários, criadores e profissionais do turfe (jóqueis, treinadores, cavalariços e o segundo-gerente), da primeira à quinta colocação, de acordo com a Lei do Turfe.

            Os recursos da premiação advêm das apostas permitidas por lei nos hipódromos ou nos locais credenciados e aprovados pelo Ministério da Agricultura.

            Os jóqueis-clubes proprietários dos hipódromos no Brasil realizam corridas em função de um alvará concedido pelo DFPA/MA. São regidos pela Lei nº 7.291, de 19/12/84, que dispõe sobre as atividades da equideocultura no país, e pelo Decreto nº 96.993 de 17/10/88, que a regulamenta.

        A nova realidade no esporte brasileiro, em especial no turfe, advém da entrada de empresas de apostas esportivas apoiada pela lei nº 13.756, em 2018.

A maioria das empresas de apostas on-line são de origem internacional. Os jóqueis-clubes reconhecem os sites confiáveis garantindo a segurança em apostar em grandes jóqueis brasileiros e internacionais.

            As corridas de cavalo com exploração de apostas geram recursos necessários à coordenação e fiscalização da equideocultura nacional, por meio da Comissão Coordenadora da Criação do Cavalo Nacional (CCCCN), segundo a Lei nº 7.291.

 

Figura 11. Fonte: https://www.google.com/search?q=grande+Premio+Brasil+arquibancadas+JCB+fotos+face

Vamos contar algo mais pra você!

            Segundo Tubino (2007), o turfe é considerado um esporte da corrente dos “esportes com animais”, embora também seja um esporte tradicional.

            As corridas do calendário clássico no Brasil são reunidas em diversas categorias, elaboradas para cada hipódromo e aprovadas pela ABCPCC.

A ABCPCC congrega criadores e proprietários de cavalos da raça Puro Sangue Inglês (PSI). Administra o Stud Book Brasileiro, que registra nascimentos e coberturas dos cavalos, além de regular o esporte corrida de cavalos (turfe).

            O turfe desenvolvido pelos jóqueis-clubes é integrado por comissões de corrida dos clubes que se encarregam da administração de carreiras e hipódromos.

            Segundo Barcellos (2022), em dezembro de 2019 – antes da pandemia do Covid –, a destinação das apostas do JCB era de 66,4% para os agentes credenciados; 21,8% para o site de apostas; 8,3% para o hipódromo e 3,5% para o Teleturfe.

           A Federação Internacional de Autoridades Hípicas e Hipódromos (Fiah) reúne todos os países onde se realizam corridas de PSI (com ou sem obstáculos) e de trote, além da Organização Sul-Americana de Fomento (Osaf).

            O turfe, integrado à indústria do cavalo de corridas, reflete uma internacionalização virtuosa impulsionada, conforme Barcellos (2022), por iniciativas como:

·       a organização de calendário para as principais provas realizadas anualmente em diversos países, integradas em rede on-line mundial pela Fiah;

·       o cumprimento de protocolos internacionais do turfe orientados e exigidos pela Fiah, envolvendo operações como: “operar modernos sistemas de totalização; gerar imagens em HD; estabelecer um número mínimo de pontos de filmagem na pista; cumprir com os horários de largada; aderir aos conceitos que presidem as regras de interferência na pista, [...] capaz de enviar a imagem de suas corridas para o exterior, obtendo receitas adicionais que de outro modo não existiriam” (BARCELLOS, 2022);

·       a integração mundial dos sistemas de avaliação dos ratings;

·       os rateios expressivos distribuídos de apostas globais;

·       o aumento da visibilidade e divulgação das corridas por meio de redes sociais (com sites de apostas), equipamentos urbanos (instalados em pontos móveis) e mídia tradicional (anúncios);  

·       a utilização da tecnologia da informação para impulsionar uma maior captação de apostas pela internet (sites de apostas), dirigida ao jovem via celular e Ipad;

·       o aumento dos pontos de captação de apostas – agências credenciadas e pontos de venda com máquinas de autoatendimento instaladas em diversos locais – modelo tradicional ao qual se somam aqueles relacionados com a alta tecnologia digital;

·       a necessidade de estreitamento de relações do esporte com as autoridades políticas;

·       a integração dos hipódromos à vida cotidiana das cidades, abertos à visitação pública guiada das instalações, a fim de gerar maior conhecimento da população sobre cada uma das atividades desenvolvidas no setor;

·       a participação de jóqueis brasileiros e estrangeiros em eventos nacionais e internacionais;

·       o cadastramento de recordes, cavalos vencedores e jóqueis vitoriosos, entre outros aspectos.

       Um novo cenário no turfe, no primeiro quarto deste século, tem sedimentado a incorporação de novos conceitos de ordem social, cultural e econômica, apoiados por inovação, criatividade e novas tecnologia da informação, além da mídia e do marketing. Com soluções disruptivas para resolver problemas antigos, esses fatores acabaram por determinar a integração do turfe à indústria do cavalo de corrida.

Figura 12. Fonte: https://www.facebook.com/abcpcc/?locale=pt_BR

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Referências Bibliográficas

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Figura 13. Fonte: https://www.facebook.com/abcpcc/?locale=pt_BR










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