Bridge: raciocínio lógico, estratégia e resolução de problemas!


Figura 1. Fonte: https://www.facebook.com/confsudbridge/?locale=pt_BR


Por Fernando Garrido


Bridge: ensina disciplina, espírito competitivo, convivência com erros e aceitação do outro!

 

Quando o esporte apareceu por aqui?

            O bridge teve início no país por volta de 1919, no Circolo Italiano, localizado no Largo da Sé, em São Paulo. Lá, reuniam-se Aldo Moroni, Caronte Magnoni, G. Menesini, Mario Porta e Valentino Guerin, pioneiros do esporte. As reuniões ocorriam normalmente à noite e acabaram resultando no primeiro torneio do esporte em 1931.

            No final da década de 1930, um grande número de apreciadores já havia se associado aos clubes Sociedade Harmonia de Tênis (SHT) e Clube de Xadrez de São Paulo (CXSP), mas esse grupo viria a criar o seu primeiro clube exclusivo – o Bridge Club Paulistano (BCP) – em 1939. A criação do BCP teve a participação decisiva dos irmãos Adolfo e Waldomiro Taubkin e permitiu que o bridge se difundisse expressivamente nas décadas de 1940 e 1950.

A organização do 1º Campeonato Brasileiro de Quadras, em 1952, e a criação do Bridge Clube do Rio de Janeiro (BCRJ), em 1955, foram dois fatores determinantes para o crescimento nacional do esporte a partir da década de 1950.

Figura 2. Fonte: https://www.bridge.esp.br/

Essa difusão também se intensificou com a publicação dos primeiros livros periódicos sobre o esporte a partir da década de 1970.

As informações sobre o bridge passaram a se espalhar na sociedade brasileira com a circulação da Revista Brasileira de Bridge e a publicação de livros como Os Mistérios do Leilão, de Ernesto D’Orsi.

A presença de jogadores de bridge em eventos no exterior bem como os primeiros resultados expressivos internacionais apareceram também naquela década e geraram visibilidade para o esporte no país.

Em 1976, o Brasil obtinha o título mundial na 5ª Olimpíada de Equipes, em Monte Carlo (Mônaco). Nessa ocasião, foram campeões Gabriel Chagas, Pedro Paulo Assumpção, Gabino Cintra, Christiano Fonseca, Marcelo Castello Branco e Sergio Barbosa.

Em 1989, em Perth (Austrália), o Brasil vencia a 30ª Taça da Bermuda e tornava-se campeão mundial por equipes. Um dos grandes eventos internacionais do esporte e uma das maiores competições mundiais, a Taça da Bermuda foi realizada no Brasil diversas vezes. Participaram da edição de 2009, em São Paulo, 60 equipes de todos os continentes, divididas em três categorias: livre, feminina e sênior. O evento também foi realizado no país em 1969, 1973, 1978 e 1985.

Figura 3. Fonte: https://www.bridge.esp.br/wp/classificatoria-do-juvenil/#bwg21/902

Em 2001, a dupla Gabriel Chagas e Diego Brenner (EUA-BRA) venceu o Transnacional realizado em Paris e alcançou o terceiro lugar na Olimpíada do esporte realizada em Montreal (Canadá), em 2002.

Nas competições sul-americanas, que integram os torneios classificatórios para o Mundial, o país já obteve cerca de 40 títulos. As conquistas de primeiro lugar também se tornaram regulares, aparecendo nos Campeonatos Mundiais de Duplas de 1978 e de 1990, no de Equipes de 1989 e no Mundial Aberto Transnacional de 2001.

Para melhorar os desempenhos técnico, tático e estratégico e aumentar a competitividade do Brasil nos eventos internacionais deste século, as duplas passaram a ser mescladas de jogadores mais jovens e mais velhos. O modelo implantado trouxe resultados imediatos, como a conquista do primeiro lugar pela dupla Beto Brum e Beto Barbosa no Campeonato Sul-Americano de Juniores de 2004.

Outro fator determinante para a popularização dos esportes intelectivos na sociedade brasileira, em especial do bridge, foi o aparecimento e o desenvolvimento das novas tecnologias de mídias digitais e virtuais, que impulsionaram a disseminação da informação entre os séculos 20 e este.

Essas mídias influenciaram decisivamente na disseminação dos esportes intelectivos na sociedade brasileira com a chegada das redes sociais, dos smartphones, dos aplicativos e das transmissões ao vivo dos jogos na internet, principalmente dos Campeonatos Mundiais.

Esse contexto trouxe novas oportunidades para a Federação Mundial de Bridge (WBF) organizar campeonatos mundiais on-line, anualmente disputados em etapas classificatórias por regiões geográficas. Além disso, contribuiu para despertar uma prática orientada ao lazer, à competição-rendimento e à formação educacional e social.

Figura 4. Fonte: https://www.bridge.esp.br/wp/campeonato-brasileiro-de-duplas-2022/#bwg13/591

A oferta de jogos intelectivos em torneios e campeonatos on-line criou novas oportunidades para que apreciadores e praticantes pudessem interagir em eventos de todos os níveis organizacionais, independentemente de distância e lugar, e, até mesmo, como atividade de lazer.

A prática regular dos jogos de bridge pode ser encontrada em locais como hotéis-fazenda, livrarias, cafés, residências, empresas, clubes especializados, resorts, pubs e, mais recentemente, em bares exclusivos e ambientes modelados aos jogos de salão.

 

O bridge na formação educacional e social!

Os esportes intelectivos podem ser praticados na forma tradicional ou on-line. Eles são disputados como competição de desempenho, lazer ou formação educacional e social.

O bridge tem sido praticado regularmente em projetos sociais, escolas e universidades públicas e privadas. Destaca-se, com outras modalidades intelectivas adotadas, em disputas interclasse, interescolares, municipais, regionais e nacionais.

Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/confsudbridge/?locale=pt_BR

É incontestável a maior oferta desses esportes como formação educacional para a sociedade brasileira neste século. Eles ajudam a criar novas oportunidades a fim de que os indivíduos conheçam e se relacionem com os mais variados temas e disciplinas, como história, religião, educação física, matemática, geografia e arte.

Esses tipos de esporte também têm sido objeto de elaboração de pesquisas e trabalhos científicos, onde se constata a importância de sua utilização como conteúdo essencial curricular e extracurricular e ferramenta metodológica do processo ensino-aprendizagem.

Eles despertam novos interesses e maior envolvimento dos alunos por meio de um ambiente inovador, desafiador, criativo e crítico em favor da aquisição de novas competências com aprimoramento de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA).

Enfim, credita-se aos esportes intelectivos, em especial ao bridge, a criação de novos estímulos à atuação dos alunos, com a mediação do professor para uma aprendizagem mais criativa e lúdica.

 

Figura 6..Fonte: https://www.bridgesaopaulo.com.br/wp/torneio-de-natal-2024/#bwg24/628

Como o esporte acontece?

O bridge é um jogo de cartas disputado por duas duplas ou equipes de quatro jogadores. Os jogadores parceiros sentam-se, um de frente para o outro, à mesa.

No jogo, são distribuídas 52 cartas (um baralho) entre os quatro jogadores, sendo 13 para cada um (“mão”). As cartas de espadas valem mais na hierarquia dos naipes. As cartas de copas pertencem aos chamados “naipes ricos”, e as de ouros e paus, aos “pobres”. O ás é a maior carta, e o dois, a menor.

Em cada rodada, há duas fases: o leilão e o carteio. O leilão é uma disputa em que são definidos o naipe do “trunfo” (ou não) e o chamado “contrato”, que é o número de “vazas” a serem cumpridas (entre 7 e 13). Vaza é o conjunto de quatro cartas, uma de cada jogador. Ganha a vaza quem lançar a carta mais alta do primeiro naipe jogado na rodada. As 13 cartas distribuídas na rodada representam 13 possíveis vazas a serem conquistadas.

            Na segunda fase do jogo, a dupla ganhadora do leilão “carteia” o jogo e busca cumprir o contrato. No carteio, embaralha as cartas o jogador que tirou a maior delas. O jogador da direita corta o jogo, e o da esquerda recebe a primeira carta até todas serem distribuídas. Depois de realizado o carteio pelo “carteador” ou “dador”, cada jogador separa as suas cartas por naipe e as ordena. O jogo se realiza pelo sentido horário.

O objetivo do jogo é realizar o maior número possível de vazas. O cumprimento ou não do contrato acarreta prêmios e multas, determinando o resultado. Se o contrato for cumprido, a dupla recebe pontos proporcionais ao número de vazas que prometeu; se for inferior, perde pontos. O papel da dupla adversária é fazer o possível para impedir que o contrato seja cumprido.


Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/bridgecluberio/photos

 

Vamos contar algo mais para você!

            O bridge é dirigido nacionalmente pela Federação Brasileira de Bridge (FBB).

            Internacionalmente, o esporte é dirigido pela Federação Mundial de Bridge (WBF).

A popularização dos esportes intelectivos ou da mente acabou levando as federações internacionais de xadrez, bridge, damas e go a criar a International Mind Sports Association (IMSA) em 19 de abril de 2005. A entidade é membro da Associação Geral das Federações Esportivas Internacionais (GAISF).

Três anos depois, surgiram os Jogos Mundiais de Esportes Mentais (JMEM), organizados pela IMSA no modelo dos Jogos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional (COI). A primeira edição dos JMEM ocorreu de 3 a 18 de outubro, em Pequim (China), após os Jogos Olímpicos de Verão de 2008. A IMSA é uma entidade global focada no reconhecimento dos esportes mentais pelo COI. 

Este século trouxe a expansão das modalidades abrigadas pela IMSA, refletindo a importância dos esportes intelectivos disputados na forma tradicional ou on-line na sociedade mundial. Entre os novos esportes acolhidos pela IMSA, estão o Xiangqi (2015), o MahJong (2017), o Jogos de Cartas (2018), os eSports (2022) e o Poker (2024).

 

Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=841343147781927&set=pb.100057187492196.-2207520000&locale=pt_BR

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Figura 9. Fonte: http://youth.worldbridge.org/


























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