Luta de braço, Braço de Ferro e Queda de Braço: força, resistência e estratégia! //Arm wrestling: strength, resistance and strategy!


Figura 1. Fonte: https://www.assiscity.com/regiao/escola-estadual-de-platina-realiza-ii-campeonato-de-luta-de-braco-51493.html


Por Fernando Garrido

 

Luta de Braço, Braço de Ferro e Queda de Braço: foco, determinação e inclusão social!



Quando o esporte apareceu por aqui?

A luta de braço apareceu no Brasil por iniciativa do jornal Gazeta Esportiva, de São Paulo (SP), com a organização do primeiro campeonato estadual do esporte em 1949.

Segundo o jornal Tribuna do Norte, um dos primeiros campeões paulistas de luta de braço na categoria mosca foi Raul Fraga Moreira.

A grande visibilidade que o esporte conquistou levou a Gazeta a promover competições populares de 1950 até meados dos anos 1960. Por essa época, apareciam bracistas de destaque, ídolos do esporte lembrados até hoje. No seleto grupo, encontravam-se Sérgio, Celso e Célio Capeli, Nivaldo Félix Cerqueira, Hugues Jorge, Miro Olaves, João Dimasio, Jorge Zeleniquea, Silvio Fiuza, Nelson Costa de Araújo, Francisco Borges, Renato Corio, entre outros.

No cenário mundial, a fundação da Federação Internacional de Luta de Braço (WAF), em 1967, por iniciativa de Bob O’Learny, influenciava a estruturação da gestão administrativa e organizacional do esporte com o surgimento de entidades de direção em âmbito nacional.

Sob esse contexto, a luta de braço, reconhecida como esporte pelo antigo Conselho Nacional de Desportos (CND), passava a ser desenvolvida pela Confederação Brasileira de Culturismo (CBC) em 1976. Isso favorecia o estabelecimento de regras e a organização de competições nacionais.

Sob regras diferentes das adotadas pela WAF, a orientação da luta de braço pela CBC (presidida por Laércio Martinez) impediu o reconhecimento imediato do esporte e, consequentemente, a filiação da confederação àquela entidade. A situação, contudo, só mudou em 1977, quando a CBC adotou as regras universais da WAF.

O próximo passo da CBC foi a realização do primeiro campeonato brasileiro do esporte em 1978 e a formação de representações brasileiras para participar de eventos mundiais.

Os primeiros campeonatos brasileiros de luta de braço entre os anos de 1978 e 1986 tiveram as marcantes presenças de atletas do Distrito Federal e dos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.

O 1º Campeonato Mundial de Luta de Braço, promovido em 1979 pela WAF, em Alberta (Canadá), contou com a estreia brasileira no exterior. Na ocasião, os resultados expressivos dos brasileiros ganharam grande repercussão mundial.

As conquistas dos atletas brasileiros nos primeiros eventos mundiais (1979-1980) acabaram favorecendo a organização do 3º Campeonato Mundial no Brasil. A competição foi realizada em Brasília (DF), em 1981, ocasião em que o país se sagrou campeão. As mulheres apareceram em peso para participar do evento e conquistaram quase o mesmo número de medalhas que os homens: 15 contra 17.

Na sequência das conquistas, nasceu, em 1987, a Federação Paulista de Luta de Braço (FPLB), primeira entidade brasileira de direção estadual do esporte. A iniciativa partiu dos bracistas Nivaldo Cerqueira, Lazaro Washington de Oliveira, Humberto Panzetti e Paulo Rogério de Oliveira Sabioni.


Figura 2. Fonte: https://cblbh.com.br/a-luta-de-braco-e-cultura-indigena/

Única entidade oficial exclusiva da modalidade, a FPLB passou a organizar os eventos estaduais e nacionais de 1987 até 1994, o que impulsionou a divulgação do esporte no país.

A essa altura, a luta de braço e o cinema estreitavam uma parceria harmoniosa com o lançamento do filme Falcão – Campeão dos Campeões, de 1987. Interpretada por Sylvester Stallone e contada por John Brzenk, lenda do esporte mundial, a história mistura ficção e realidade. No papel do caminhoneiro introvertido Falcão, Stallone viaja pelos Estados Unidos da América (EUA) para participar do Campeonato Mundial de Braço de Ferro (Over the Top), enquanto luta para reconquistar a confiança do filho. Compõe o visual do protagonista seu boné, símbolo de determinação e superação de desafios. Os irmãos Roger e Rogério Pareja, de São Vicente (SP), e campeões mundiais por quatro vezes cada, foram convidados a participar das cenas de competição. O longa-metragem acabou se transformando em inspiração e referência para os praticantes da luta de braço no Brasil, como o atleta Paulo Morbio, um dos ídolos do esporte por aqui.

Em 1994, fundava-se, em Indaiatuba (SP), a Confederação Brasileira de Luta de Braço (CBLB). A missão foi realizada pelo mesmo grupo que criou a FPLB.

Em 1998, a CBLB assumia o desenvolvimento da luta greco-romana. Dois anos depois, a confederação criava o primeiro Centro de Treinamento (CT) de Luta de Braço, naquela cidade, para formar os futuros bracistas do esporte.

Em 2002, a CBLB assume o desenvolvimento do halterofilismo paralímpico, transformando-se em Confederação Brasileira de Luta de Braço e Halterofilismo (CBLBH).

Os resultados alcançados pelos bracistas brasileiros em campeonatos mundiais durante o século 20 e o início deste impulsionaram o aparecimento de grandes nomes do esporte no país, tanto na categoria masculina (1981 e 1995) quanto na feminina (1981, 1995, 2000 e 2002, esse último ano por equipes).

A presença de ídolos no esporte – como os atletas Humberto Panzetti, duas vezes vice-campeão mundial, e Maria Aparecida Colins Jorge (“Paquita”), vice-campeã mundial – configurava sua valorização nos cenários brasileiro e mundial.

Figura 3. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=443214728769321&set=pcb.443215998769194

A luta de braço brasileira ganhava destaque no ranking mundial, estampada em posições significativas. Segundo publicação de 2003 do Conselho Federal de Educação Física (Confef), o Brasil chegou a ocupar o primeiro lugar no feminino; o segundo, nos juniores; o terceiro, no masculino; o quarto, no máster; e a conquistar o tetracampeonato para pessoas portadoras de deficiência.

A participação do Brasil somava 41 títulos mundiais (categoria adulto e no braço direito) ao final de todos os 24 Campeonatos Mundiais de Luta de Braço realizados entre 1979 e 2003.

Um conjunto de ações proporcionou a formação de um novo cenário para luta de braço no Brasil a partir deste século, fomentando o esporte no país. A regularização dos instrutores da luta de braço mediante parceria entre a CBLBH e o Confef, a partir de 2000, é um exemplo. Segundo a Confef, os instrutores atuantes nos CTs, clubes e academias do país passavam a receber curso de capacitação pela CBLB e orientação sobre a necessidade de se graduarem em educação física.

Os resultados alcançados pelos atletas brasileiros nos campeonatos mundiais repercutiam na mídia internacional, despertando a atenção dos organizadores do evento Arnold Classic International Armwrestling Challenge, (Arnold Sports Festival), criado por Jim Lorimer e Arnold Schwarzenegger e realizado nos EUA desde 1989. Isso possibilitou que eles participassem de desafios e competições a convite naquele país desde 2002.

A luta de braço no Brasil institucionalizava-se sob direção, organização, controle e divulgação da CBLBH e 23 federações, sustentando-se sobre gestão profissional, níveis hierárquicos de subordinação, responsabilidades compartilhadas e maior profissionalismo na implantação de iniciativas. Organizavam-se, assim, diversas competições nacionais e criava-se um calendário de competições integrado por eventos estaduais e nacionais a partir dos quais se selecionavam atletas para competições internacionais.

Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2524170857690239&set=t.100063607785417&type=3&locale=pt_BR

A preparação dos atletas também melhorava, bem como aumentava a presença de representantes do esporte em entrevistas na mídia tradicional e de ídolos em demonstrações, desafios, competições, palestras em escolas e projetos sociais. O esporte também contava com a presença marcante de pessoas com deficiência.

A criação de CTs para a modalidade foi um dos elementos estruturantes para desenvolver o esporte. Instalados em cerca de uma dezena de cidades pelo país, eles passavam a oferecer orientação profissional especializada em treinos regulares, bem como equipamentos adequados. Isso contribuía tanto para a preparação quanto para o estímulo de novos praticantes. Além disso, a entrada franqueada ao público nesses locais proporcionava mais conhecimento aos interessados em assistir aos treinos e aderir à prática do esporte. Os CTs se tornaram locais de iniciação esportiva, treinos regulares, intercâmbios, competições e formação regular de atletas.

 A quantidade de novos praticantes e atletas federados batia recordes de crescimento nos eventos, demandando oferta contínua de orientação profissional e de treinos voltados para a renovação de atletas nas diversas categorias. Era evidente também a contribuição dos diferentes agentes envolvidos diretamente com a prática do esporte, como escolas, clubes, associações esportivas, projetos sociais, CTs e academias.

Da mesma forma, crescia a oferta de novos torneios e campeonatos estaduais, regionais e nacionais por instituições de prática regular. Na esfera internacional, destacavam-se os Campeonatos Pan-Americanos, Sul-Americanos, Norte-Americanos, o Arnold Classic e os Jogos Mundiais de Combate (World Combat Games).  Esses fatores geraram maior divulgação e visibilidade ao esporte, impulsionando a adesão de novos praticantes (por exemplo, de indígenas e pessoas com deficiência) como formação educacional e social (escolas e projetos sociais), lazer (estilo de vida ativo e qualidade de vida) e competição de rendimento.

Em 2009, o cinema e o esporte voltam a se encontrar no documentário Puxando John (Pulling John). A ficção, de 75 minutos de duração, espalhou-se nas redes sociais. Ela é contada e protagonizada por John Brzenk, que venceu todos os duelos travados no esporte ao redor do mundo por 25 anos. Em idade avançada, ele decide abandonar a luta e se aposentar, mas nunca havia sido derrotado. Então, ele cria três personagens para tentar vencê-lo: Travis Bagent, norte-americano da Virgínia; o russo Alexey Voevoda e o japonês Yoshi. Eles somente poderiam vir a ser considerados os melhores do mundo ao enfrentar John, o que acontece no final. John Brzenk se tornou uma lenda entre os grandes nomes da luta de braço mundial e possui seguidores no Brasil.

A oferta de competições internacionais de luta de braço no Brasil crescia a partir da segunda década deste século. Em 2012, o esporte iniciava um novo capítulo com a organização do 34º Campeonato Mundial de Luta de Braço. O evento, que foi realizado em São Vicente pela CBLBH, contou com o apoio da prefeitura e de órgãos municipais, além da participação de e cerca de 50 países e mais de 900 atletas.

Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=1613565052538797&set=g.151538254918947&locale=pt_BR

O ano seguinte marcou a vinda do grande evento multiesportivo internacional, exclusivo dos esportes de força ao país - The Arnold Sports Festival, que ficou conhecido como Arnold Classic Brasil por aqui. Com a presença de milhares de atletas (de elite a amadores) e de algumas dezenas de modalidades esportivas (incluindo as olímpicas e paralímpicas), ele promove desafios nacionais e internacionais, campeonatos, palestras, worshops, além de feiras de produtos, serviços e negócios. Na abertura do Arnold Classic Brasil, no Rio de Janeiro, a programação apresentou um desafio entre as musas do braço de ferro Sarah Backman, sueca, e a multicampeã mundial brasileira Gabriela Vasconcelos, que venceu a disputa. Daí em diante, a luta de braço brasileira ganhava um aliado de peso para divulgá-la no país.

A partir de 2014, o Arnold Classic Brasil passou a se chamar Arnold Sports Festival South América. Esse evento, que passou a ser organizado em São Paulo em 2017, engloba também o Campeonato Arnold Classic de Luta de Braço.

Em 2018, a luta de braço apareceu entre os povos indígenas do estado do Ceará. De brincadeira tradicional, foi transformada em esporte dos Jogos Indígenas daquele estado com o apoio do Instituto Asas & Raízes.

Como ferramenta de inclusão em projetos sociais, a utilização da luta de braço tem se revelado eficaz na transformação de crianças e jovens de comunidades vulneráveis. Um dos bons exemplos é o projeto social do jogador futebol Gabriel Jesus. Em 11 de outubro de 2020, o projeto contou com a colaboração de Paulo Morbio, ídolo da luta de braço cuja imagem se tornou um símbolo de promoção de mudanças sociais por meio do esporte.

A presença da luta de braço como formação educacional aparece em redes sociais, em palestras e vídeos com demonstrações entre ídolos e estudantes e em competições em sala de aula. Em novembro de 2015, foi realizado na Escola Estadual Profª Clarisse Pelizone, em Platina (SP), o segundo campeonato escolar entre alunos divididos por peso. A competição teve regras e materiais adaptados, como a mesa. As disputas foram organizadas entre os alunos do 9º ano pelo professor de educação física José Luciano Mendes Sales, na aula de educação física.

A luta de braço orientada sob bases científicas no Brasil contou com o apoio do Laboratório de Crescimento e Desenvolvimento (Labcred), do Centro de Investigação em Pediatria (Ciped), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 30 de agosto de 2017. A elaboração de uma pesquisa de medidas e avaliação de dados coletou a composição corporal de atletas de alto nível, como massa gorda, massa muscular, massa óssea e estimativa da densidade mineral óssea, além de incluir teste de esforço manual com dinamômetro. O objetivo foi estabelecer medidas de referência para a modalidade, algo inédito no país e na elite internacional deste esporte, e comparar dados com outros países, também avaliados no mesmo projeto. Para isso, foram avaliados os campeões mundiais Gabriela Vasconcelos, Tatiana Faria, Vitor Pos, Wagner Bortolatto e Rogério Moreira. Um dos objetivos da Ciência do Esporte é a melhoria do desempenho esportivo.

Figura 6. Fonte: https://www.facebook.com/federacaopaulistadelutadebraco/?locale=pt_BR

As parcerias entre órgãos públicos e entidades privadas são sempre um poderoso elemento para o desenvolvimento do esporte, e não foi diferente com a luta de braço. A organização da exposição Campinas e a Luta de Braço de Ferro, realizada na cidade de Campinas, pioneira nas competições do esporte, contou com a parceria entre a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e a FBLBH, o que favoreceu a inauguração da mostra de cerca de 50 fotografias do arquivo pessoal de competidores da cidade, além dos troféus e medalhas conquistados pelos praticantes. Nessa ocasião, foi realizada uma grande homenagem ao casal campineiro Huges Jorge e Paquita, que obtiveram grandes conquistas no esporte. A exposição foi apresentada no Balneário, portão 7 do Parque Taquaral, entre fevereiro e março de 2018, e aberta ao público.

Na segunda década deste século, o crescimento do esporte também foi potencializado pela oferta de novas competições de luta de braço de caráter nacional e mundial. Em 2022, surgia a Armwrestling Super Show (Luta de Braço Super Show), de cunho nacional, envolvendo disputas entre os 40 melhores bracistas do país. Mundialmente, o esporte ingressava nos 3º Jogos Mundiais de Combate, da SportAccord, em Riad (Arábia Saudita), em 2023, quando ganhou grande destaque a atleta brasileira Chris Souza, medalha de prata.

Um grande impacto na luta de braço foi protagonizado pela FPLB ao inovar oferecendo um curso de arbitragem ministrado pelo renomado especialista da WAF no assunto, o norte-americano Luke Pulscher, chefe de arbitragem da Monster Factory. O curso ocorreu durante o 42º Campeonato Paulista de Luta de Braço, em 2023. Nele foram ministradas aulas teóricas de aplicação de regras e uma avaliação prática dos árbitros durante o evento, onde atributos da função, como imparcialidade, bom senso, autoridade, independência e disciplina, foram cobrados.

As parcerias com organizações não governamentais (ONGs), como a ocorrida entre a Fundação Casa de Bauru (SP) e a CBLBH, também impulsionam o esporte, principalmente com a presença de ídolos como Fábio Manfrinato, pentacampeão mundial. Nessa instituição, onde jovens cumprem medidas socioeducativas, Fábio, com deficiência física, realizou uma palestra motivacional em fevereiro de 2024, contando a sua história de vida. Dois meses depois, ele retornava à instituição para promover torneio de luta de braço entre os jovens. 

A oferta da luta de braço na formação educacional e social também tem se intensificado no contexto escolar e universitário. Ainda em 2024, o professor de educação física Eduardo Murad Hatum criou um projeto na Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, em Tapejara (PR), para incentivar crianças a buscar novos horizontes por meio da luta de braço. A prática do esporte ocorreu na mesa escolar.

A visibilidade da luta de braço na mídia eletrônica tradicional tem sido ampliada na mídia eletrônica digital. Demonstrações, matérias jornalísticas, reportagens e entrevistas sobre o esporte têm aparecido em programas de variedades, como o do Ratinho, no SBT, com presença de ídolos. Na mídia digital, a presença do esporte tem se intensificado em sites, blogs, páginas oficiais, assim como no YouTube, Facebook, Instagram e outras redes sociais.

O crescimento de resultados expressivos e pódios brasileiros, especialmente de títulos em competições internacionais entre 2002 e 2024, tem levado cada vez mais ao surgimento de ídolos da luta de braço brasileira, fomentando engajamento, parcerias e negócios.

 


Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=2377094989062232&set=a.344335675671517&locale=pt_BR

As principais competições de luta de braço no Brasil!


·       Campeonatos Estaduais de Luta de Braço

Os atletas mais bem colocados nos Campeonatos Estaduais são convocados para integrar as seleções dos estados no Campeonato Brasileiro de Seleções de Luta de Braço.

·       Copa Norte e Nordeste de Luta de Braço

Os atletas mais bem colocados garantem vaga para os principais eventos internacionais do esporte, como os Campeonatos Mundiais, Sul-Americanos, Pan-Americanos e o Campeonato Arnold Classic Brasil.

·       Copa Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Luta de Braço

            Os atletas primeiros colocados garantem vaga para os principais eventos internacionais do esporte, como os Campeonatos Mundiais, Sul-Americanos, Pan-Americanos e o Campeonato Arnold Classic Brasil.

·       Campeonato Brasileiro Interclubes de Luta de Braço        

                Os atletas primeiros colocados de clubes e associações esportivas são selecionados para participar do Campeonato Arnold Classic de Luta de Braço, um evento do Arnold Sports Festival South América. Esses atletas também podem vir a ser selecionados, por exemplo, para o Campeonato Brasileiro de Seleções e eventos internacionais, como o Pan-Americano.

·       Campeonato Brasileiro de Seleções de Luta de Braço

                Os primeiros colocados são selecionados para participar de eventos internacionais, como o Sul-Americano, o Pan-Americano e o Mundial, além do Campeonato Arnold Classic de Luta de Braço.

·       Campeonato Brasileiro de Estreantes de Luta de Braço

Competição exclusiva para os iniciantes ganharem maturidade competitiva, além de servir à descoberta de novos talentos nas diversas categorias do esporte. Os novos atletas são selecionados para participar dos eventos nacionais.

·       Copa do Brasil de Luta de Braço

Competição organizada por delegações dos estados, com os atletas mais bem estabelecidos em ranking ou selecionados em um dos eventos nacionais para participar do Campeonato Arnold Classic Brasil de Luta de Braço.·       

·       Armwrestling Super Show – Luta de Braço Super Show       

                A mais nova competição da luta de braço no Brasil, conhecida por Armwrestling Super Show (Luta de Braço Super Show), estreou em 2022. No formato de torneio de braço de ferro, a competição ocorre por categorias de peso e envolve 40 grandes duelos e 80 competidores da América Latina. Os vencedores por categoria recebem prêmios em dinheiro, e o geral recebe um cinturão. O evento, que é aberto ao público, é realizado no Unimart Shopping e filmado em vídeo para o canal Arnold Top Roll Arm Wrestling, no YouTube. 


Figura 8. Fonte: https://www.fundesporte.ms.gov.br/representando-mato-grosso-do-sul-chris-souza-e-vice-campea-mundial-de-luta-de-braco/


As competições de Luta de Braço em âmbito internacional!

·       Arnold Sports Festival South América, evento multiesportivo que inclui o Campeonato Arnold Classic de Luta de Braço, além de outras modalidades.

·       Campeonato Sul-Americano de Luta de Braço.

·       Campeonato Pan-Americano de Luta de Braço.

·       Campeonato Mundial de Luta de Braço.

·       Jogos Mundiais de Combate.

 

 
Figura 9. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=1613565409205428&set=g.151538254918947&locale=pt_BR


Uma visão sobre os resultados esportivos da luta de braço no Brasil e no mundo!

·       Os resultados expressivos e o pódio, principalmente em campeonatos nacionais e mundiais, podem levar a uma carreira profissional internacional quando se é convidado para participar de temporada por equipes em competições profissionais promovidas em diversos países, por exemplo, os EUA.

·       As competições nacionais de luta de braço selecionam os atletas mais bem colocados para representar o Brasil em eventos internacionais, entre eles: os Sul-Americanos, Pan-Americanos, Mundiais, Jogos Mundiais e o Arnold Classic.

·       As competições estaduais, por sua vez, selecionam os atletas mais bem colocados ou ranqueados para competições nacionais. Um exemplo são as vagas do Campeonato Brasileiro Seleções de Luta de Braço, onde atletas buscam integrar as equipes do estado a competições nacionais.


Entre algumas dezenas de centenas atletas com grandes feitos nacionais e internacionais, transformaram-se em ídolos da luta de braço, de ontem e hoje...

 Na categoria masculina:

·       Hugues Jorge, campeão mundial por 15 vezes desde 1979. Na última, em 2002, em Alexandria (Egito), ganhou ouro, na categoria máster, com quase 80 anos de idade;

·       Roger e Rogério Pareja (irmãos), cada um deles com quatro títulos mundiais;

·       Wagner Bortolato, tetracampeão mundial e campeão sul-americano, com 26 títulos brasileiros e 13 títulos paulistas;

·     Paulo Morbio, com diversos títulos estaduais, nacionais, um sul-americano e um mundial (2004). Paulo é representante da luta de braço brasileira em competições profissionais pelos EUA desde 2016, com resultados expressivos e títulos internacionais.

Na categoria feminina

·       Maria Aparecida Colins Jorge, conhecida como Paquita Jorge, conquistou 15 títulos em campeonatos mundiais desde 1979;

·       Gabriela Vasconcelos, campeã mundial desde 2013, com 34 títulos de campeã mundial, 6 na categoria júnior e 28 na categoria sênior;

·       Chris Souza, vice-campeã mundial nos Jogos Mundiais de Combate em 2023, com dezenas de títulos estaduais, nacionais e internacionais;

·       Tatiane Faria, vice-campeã mundial em 2012 e 2016.

 Na categoria deficientes físicos:

·       Fábio Manfrinato, pentacampeão mundial;

·       Abadia Nascimento, tricampeã mundial.

Figura 10. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=445684218522372&set=g.151538254918947&locale=pt_BR

     

Como o esporte acontece?

A luta de braço é uma modalidade esportiva que coloca dois competidores frente a frente em disputa de força e resistência.

 

As principais regras do esporte!

A luta de braço é disputada em uma mesa oficial de ferro situada entre dois competidores, que podem estar sentados ou em pé.

O tampo da mesa é de madeira e possui um pino de 15 centímetros, no lado de cada competidor, para que ele possa segurá-lo com a sua mão livre durante a luta. A mão livre não pode ser solta.

O cotovelo do braço da luta deve estar dobrado em cima do batente da mesa. A perna correspondente a esse mesmo lado do braço deve estar flexionada por baixo da mesa e posicionada à frente, sobre o travessão, para servir de alavanca na luta. As competições são realizadas com o braço direito ou esquerdo.

Para obter a alavanca e finalizar o confronto, o competidor deve envolver a mão do oponente com a sua ao iniciar a disputa. Os pulsos não podem estar curvados ou dobrados, mas retos e alinhados.

Uma das estratégias da luta é arrastar o cotovelo do braço dobrado sobre a mesa para frente e para trás a fim de abrir a posição de alavanca do braço/antebraço, desmontando-a ao puxar o oponente para si. O lutador deve fazer isso sem perder o contato do cotovelo sobre o batente durante o confronto.

As mãos dos competidores devem estar alinhadas sobre a linha divisória da mesa ao iniciar a disputa, com os polegares unidos e entrelaçados. A falange distal do polegar deve estar à vista.

Os ombros devem estar alinhados paralelamente à mesa. O braço da luta deve estar colado ao corpo (tronco), e o antebraço/braço, em ação.

A ação de deslocamento do antebraço/braço na luta deve ser acompanhada pela movimentação do corpo em deslocamento para os lados – descendo ou subindo o tronco em movimentações laterais à mesa, em busca de alavanca finalizadora do confronto.

Nas competições, os atletas são divididos por categorias de peso, idade e sexo. As disputas com o braço direito ou esquerdo dependem das regras adotadas nos eventos. Também competem portadores de necessidades especiais.

Dois árbitros dirigem o evento e ficam posicionados nas laterais da mesa. O central alinha os polegares, punhos e dedos caso os atletas não consigam fazê-lo em 1 minuto. A seguir, ele dá o sinal de partida. O outro auxilia para que não haja faltas. Nos casos em que os atletas não acertem a pegada, o juiz a realiza, podendo até usar um cinto para amarrar os pulsos.

Em caso de falta, há um descanso de 30 segundos.

A pesagem dos atletas é obrigatória. Ela deve ser feita no dia da competição e terminar uma hora antes do início do evento, conforme estabelecem as regras e regulamentos de cada tipo de competição.

As disputas na escola podem ser realizadas nas mesas da sala de aula, com escolha de braços e na posição sentada.

A luta de braço é um esporte inclusivo, reconhecido pelos Comitês Olímpico Brasileiro (COB) e Internacional (COI). Ela abrange as categorias de idade de 15 até 80 anos.

As regras do esporte promovem a igualdade nas disputas e a segurança na integridade dos movimentos técnicos, sem danos colaterais.

Não há limite de tempo para que a vitória seja obtida por um dos lutadores, podendo as competições, conforme estabelecido em regulamento, ser realizadas em três e cinco rodadas.

Os competidores aplicam técnica e força, além de estratégia com um dos braços, tentando derrubar o oponente e desdobrando o seu braço até tocar a mesa, enquanto o outro competidor tenta resistir à queda.

 

Figura 11. Finte: https://www.facebook.com/federacaopaulistadelutadebraco/?locale=pt_BR//grande evento profissional que acontecerá em Atlanta/USA no dia 25 de setembro de 2019.

As categorias da luta de braço são definidas por idade, peso e gênero, podendo variar de acordo com o tipo de competição. São as mais comuns:

  • Estreantes
  • Júnior
  • Sênior
  • Máster
  • PCD (pessoas com deficiência)
  • Grand Máster
  • Sênior Grand Máster
  • Super Sênior Grand Máster 

A luta de braço pode ser encontrada como formação educacional e social, lazer e competição de rendimento!

 

As faltas mais usuais!

·      O cotovelo não pode, em momento nenhum, perder o contato com o apoio do batente na mesa.

·      Soltar a mão ou abri-la após o sinal de partida.

·      Largar a mão do pino.

·      Manter o pulso dobrado em posição perdedora por mais de 15 segundos.

·      A mão ser apoiada pelo ombro.

·      Toda falta feita em posição perdedora equivale a uma derrota.

·      Os dois pés sem o contato do chão.

·      Qualquer atitude desleal ao oponente.

·      Cada duas faltas equivalem a uma derrota.

 

A mesa apresenta as seguintes características!

·       Altura da mesa: 103 cm, medido desde o piso até a sua superfície.

·       A tampa mede: 65 x 90 cm.

·       Apoio do cotovelo de combate: é um quadrado acolchoado, confeccionado em material macio, que mede 17 x 17 cm e possui 4 cm de espessura.

·       Duas almofadas de 10cm de altura, uma de cada lado, sobre a mesa, para não deixar dúvida quanto a vitória ou derrota dos competidores. No caso da realização da luta de braço como formação educacional e social, as almofadas podem ser mais altas a fim de oferecer maior segurança no desdobramento do braço.

·       Uma linha horizontal dividindo a mesa em duas partes iguais, com uma linha para orientar o centro da pegada.

 

Figura 12. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=2170072269764506&set=a.344335675671517&locale=pt_BR//Novos talentos renovação sub -15 e sub-18 

Vamos contar algo mais para você!

De brincadeira de crianças e adolescentes em sala de aula, a luta de braço evoluiu para esporte com regras universais.

Pelo tempo que é praticada, a luta de braço é considerada uma modalidade da corrente “esporte tradicional”, segundo TUBINO et al. (2007). Conforme os autores, ela é conhecida no mundo por “queda de braço”, “braço de ferro”, “braço de guerra”, “luta de punho”, “luta indiana” e “jogo de mão”.

            A luta de braço é dirigida pela Confederação Brasileira de Luta de Braço e Halterofilismo (CBLBH).

A luta de braço passou a ser dirigida mundialmente pela Federação Internacional de Luta de Braço (WAF) a partir de 1967.

A luta de braço foi esporte-exibição nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

A origem da luta de braço se perde no tempo, com registros identificados antes da era cristã, em pinturas, esculturas, desenhos e escritos encontrados nas civilizações egípcia, grega e romana.

A luta de braço teve seu crescimento no mundo estabelecido na década de 1980. Nesse sentido, contribuíram a maior oferta de competições internacionais, a chegada do profissionalismo, a premiação em dinheiro e o patrocínio de empresas privadas no Campeonato Mundial de Luta de Braço (World Arm Wrestling Championship).

Na década de 1990, o Mundial ganhou mais visibilidade com a veiculação das transmissões do esporte pelos canais de televisão CBS e NBC, como relatam TUBINO et al., (2007).

A oferta de “desafios entre ídolos” na abertura de grandes eventos de luta de braço se transformou em um dos momentos empolgantes nas disputas do esporte. A realização de “Supertreinos” antecedendo o início das grandes competições, em locais exclusivos, tem atraído cada vez mais adeptos!

Figura 13. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=2431463246958739&set=pcb.2431463426958721&locale=pt_BR//CT Indaiatuba

 

Referências Bibliográficas

ASSISCITY. Escola Estadual de Platina realiza II Campeonato de Luta de Braço. Disponível em: https://www.assiscity.com/regiao/escola-estadual-de-platina-realiza-ii-campeonato-de-luta-de-braco-51493.html. Acesso em: 04 nov. 2024.

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