Girocóptero / Giroplano / Autogiro / Gyrocopter/Autogyro: esse é da pá-virada! (versão atualizada)
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Figura 1. Fonte: http://www.altaircoelho.com.br/avioesac04.php?cd=01 |
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Girocóptero / Giroplano / Autogiro/ Gyrocopter / Autogyro: esse Pai do Helicóptero é o cara! (versão atualizada)
Por
Fernando Garrido
Quando
o esporte apareceu por aqui?
Os primeiros girocópteros desenvolvidos no Brasil
foram projetados e construídos por Altair Coelho, engenheiro, entusiasta e
inventor gaúcho que pilotou a própria aeronave em 1964.
Também conhecidos como autogiros ou giroplanos, foram-lhes
construídos quatro protótipos: os AC-1, 2, 3 e 4. O AC-4 Andorinha, em voo
desde 1964, teve sua homologação efetivada em 1972.
Paralelamente, na década de 1960, ainda se
importavam kits de autogiro fabricados pela Bensen Aircraft Corporation, o que
também contribuiu para impulsionar a prática do esporte no país.
Mas a simplicidade, a estabilidade e a segurança
de voo do AC-4 Andorinha levariam a aeronave a conquistar o mercado brasileiro
na década de 1980. E, assim, a produção em série do modelo AC-4 virou realidade
quando Altair cedeu o projeto aos amigos Montalva e seu filho José Carlos em
1984.
A partir daí, um elenco de fatores colaborou para
o crescimento do girocóptero na década de 1980:
· A grande adesão
de praticantes às modalidades de esportes aéreos, em especial de aeronaves
esportivas leves, como o girocóptero.
· A extinção
da Associação Brasileira de Autogiro (ABA), criada em 20 de janeiro 1982 para
dirigir, organizar e controlar o esporte, e a criação, em 1987, da Associação
Brasileira de Ultraleves (Abul), entidade máxima do aerodesporto leve no país.
Renomeada para Associação Brasileira de Pilotos de Aviação Leve, passava a
congregar os praticantes das aeronaves esportivas leves, reconhecidas como
ultraleves.
· O
reconhecimento e a autorização da Abul pelo Departamento de Aviação Civil (DAC)
– atual Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e órgão oficial do governo
federal – para atuar na projeção, promoção, divulgação e coordenação das
atividades do voo em aeronaves esportivas leves, além de defender os interesses
dos filiados e responder sobre questões de segurança e regulamentação de voo.
· A elaboração
de normas esportivas sob responsabilidade compartilhada da Abul e da Anac para
aeronaves esportivas leves.
· A criação
de empresas aeronáuticas nacionais de produção de aeronaves esportivas leves,
em especial de girocópteros.
· O
crescimento da produção e da oferta de novos modelos de aeronaves esportivas
leves de fabricação nacional, além das importadas e artesanais.
· A
expansão do mercado consumidor interno e das exportações de aeronaves
esportivas leves, gerando empregos e renda para o país.
· A
exigência de formação de pilotos habilitados nos Centros de Instrução de
Aviação (Ciacs), autorizados a oferecer o curso de piloto aerodesportivo, ou em
associações aerodesportivas credenciadas pela Anac. Os Ciacs e as associações
credenciadas também realizam exames de proficiência (cheque).
· A
evolução tecnológica do girocóptero, com melhoria de desempenho, estabilidade e
segurança de voo, tanto em modelos de um ou dois lugares quanto nos de concepção
aberta, semiaberta ou totalmente carenada (todo fechado).
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Figura 3. Fonte: https://alquimiadoesporte.blogspot.com/2020/09/girocoptero-esse-e-da-pa-virada.html |
Com base na difusão dos esportes de aeronaves
leves para fins de formação de pilotos e instrutores, turismo, competição e
lazer, a Abul criou os Encontros Nacionais de Ultraleves (ENUs) em 2001. O objetivo
era mobilizar o setor do aerodesporto leve, favorecer a integração social dos pilotos
e promover a transmissão de conhecimentos para o cumprimento de regras e
regulamentos oficiais.
Os praticantes de girocóptero também se dispuseram
a mostrar o desempenho do equipamento e a promover encontros de nacionais e
regionais exclusivos, embora organizados de forma esporádica desde 2007 como
atividade de lazer.
Matérias sobre girocópteros começaram a aparecer
nas redes sociais, em especial no YouTube e no Facebook, desde a última década
do século 20. Elas compreendem demonstrações de equipamento, instruções de voo
(com manobras, decolagem e aterrisagem), eventos e confraternizações com
churrasco.
Os eventos ocorrem principalmente em municípios do
eixo Minas Gerais-São Paulo. As cidades oferecem infraestrutura para a
realização de esportes aéreos, especialmente de girocóptero, com pistas de
pouso, logística, escolas de formação de pilotos e instrutores e empresas do
setor aeronáutico. Destacam-se as cidades de Leme (2007/2011/2013/2014/2019),
Mogi Mirim (2008), Atibaia (2012) e Taubaté (2012), em São Paulo, e São
Sebastião do Paraíso (2016/2017), em Minas Gerais.
Uma configuração formada por diversos segmentos do
setor, como turismo, eventos esportivos, prefeituras, empresas (produtos e
serviços), além de ações de marketing e de mídia, ajudou a consolidar a
realização dos ENUs. O resultado foi o fortalecimento de uma relação harmoniosa
e recíproca que tornou esse evento um marco divisor para o desenvolvimento da
aviação esportiva leve no Brasil.
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Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/HummingbirdGyro/posts/hummingbird-h2-super-sporttreinamento-ou-lazer-agora-ao-seu-alcance/1102495639771966/?locale=es_LA |
Sob este contexto, o 22º ENU, realizado entre 25 e
28 de julho de 2024 em Araxá (MG), trouxe uma mudança significativa ao ampliar
a oportunidade de participação de pilotos sem filiação pela Abul, além de:
· impactar o
ecossistema do aerodesporto leve ao estreitar relações com setores como turismo
de eventos, hotelaria, gastronomia, comércio local, infraestrutura, marketing,
logística e segurança;
· integrar as cidades organizadoras de eventos aéreos, em especial do aerodesporto leve, fortalecendo a relação entre o turismo de eventos e as cidades de turismo esportivo pela conjugação das datas de competições com as de festividades municipais no calendário de eventos;
· promover
a concorrência, via ENU, entre cidades de grande potencial (com parques
industriais aerodesportivos, escolas de esportes aéreos, aeródromos, pistas em
fazendas, hotéis-fazenda, resorts e logística) para o desenvolvimento dos
esportes aéreos;
· identificar e selecionar pilotos de expressão regional para participar de campeonatos nacionais e disputar vagas para eventos mundiais;
· criar oportunidades
para que os apreciadores conheçam melhor o aerodesporto leve, atraindo mais adeptos;
· congregar
proprietários de aeronaves, pilotos, familiares, empresários da aviação,
representantes de diversos setores profissionais e empresariais formadores de
opinião para discutir o crescimento da aviação esportiva leve brasileira e o
desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país;
· celebrar o
ENU, evento de expressiva relevância, com todos os setores envolvidos, em um cenário
apropriado, como no Aeroporto Romeu Zema–SBAX, em Araxá.
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Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=24268631199403228&set=pcb.24268687059397642&locale=pt_BR |
Os eventos do ENU oferecem uma programação
diversificada, com exposições, simuladores, revoadas, voos de demonstração,
palestras, workshops, sorteios de passeios, distribuição de brindes e concursos
de fotografias aéreas. Os encontros também permitem que empresários apresentem suas
marcas, produtos e serviços e formalizem parcerias e negócios.
Os ENUs são abertos ao público e atraem pessoas,
tanto para as áreas de convivência quanto de voo, por meio de diversos esportes
aéreos e seus designs e cores.
O evento é
marcado por palestras sobre legislação em vigor, saúde do praticante, novas
tecnologias, sustentabilidade, importância do lazer e do turismo de eventos,
além do congraçamento de eventos culturais e sociais.
Figura 6. Fonte: https://www.aeroexpo.online/pt/prod/aviomania-aircraft/product-181921-18637.html
Como
é o esporte!
O girocóptero é uma aeronave ultraleve esportiva que
utiliza uma hélice rotativa semelhante à do helicóptero. Por sinal, pode-se
dizer que o girocóptero é o precursor do helicóptero.
O equipamento é de fácil transporte, desmontagem,
manobras e realização de voos sustentados. Ele pode transportar uma ou duas
pessoas.
O girocóptero, reportando-nos a Tubino et al.
(2007. p 251), é um esporte pertencente a corrente esportiva esporte a motor.
Ele vem crescendo como turismo, lazer, competição e atividade de formação de
instrutores e pilotos.
Como competição, o esporte apresenta vários tipos provas.
Elas envolvem deslocamento e chegada em tempo cronometrado (por etapas
cumpridas ou direto a uma determinada posição); largada de um peso sobre um local
indicado; execução de pouso com precisão; e voo, navegação e manobras em
slalom.
Vence a competição o piloto que somar maior
número de pontos nas provas obrigatórias.
A Anac define o equipamento conhecido por giroplanador
(ou girocóptero) como uma aeronave de asas rotativas cujos rotores não
são acionados por motor (exceto, eventualmente, para partida), mas giram pela
ação do ar (vento) quando a aeronave está em movimento. Seu meio de propulsão,
consistindo geralmente de hélices convencionais, independe do sistema do rotor,
o que cria a sustentação para o voo.
O girocóptero é uma aeronave simples, leve,
econômica e muito fácil de guardar.
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Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=1030470449079816&set=pcb.1030470619079799 |
Vamos
contar algo mais para você!
No Brasil, o girocóptero é dirigido pela
Associação Brasileira de Pilotos de Aeronaves Leves (Abul).
Mundialmente, o esporte é gerido pela Federação
Aeronáutica Internacional (FAI).
Na 2ª Guerra Mundial, os girocópteros foram
utilizados como arma estratégica de observação por alemães e japoneses. As
Forças Aliadas também se utilizaram do girocóptero durante o confronto bélico em
missões semelhantes, entre elas com ingleses e americanos. A aeronave também
serviu de Correio aos norte-americanos durante e depois do conflito mundial,
segundo TUBINO et al. (2007, p. 251).
As Forças Armadas e Auxiliares de diversos países
têm utilizado aeronaves do tipo ultraleve (como os girocópteros) em várias
aplicações. Missões de treinamento, reconhecimento, combate a incêndios,
prevenção de grilagem e crimes ambientais, além de controle de fronteiras e
conflitos em áreas urbanas, praias, selvas e biomas como a Caatinga e o Pantanal,
são alguns exemplos.
Os girocópteros são aeronaves de expressivo valor
no atendimento a Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de apoio e
segurança de grandes eventos, como os esportivos.
A aplicação desses tipos de aeronaves se estende
ainda a controle de espaço aéreo, observação de plantações, mapeamentos,
pulverização e controle de áreas de pecuária, salvamentos no mar, além da
produção de fotografias e vídeos de natureza preservada ou agredida.
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Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/autogyrobrasil/?locale=pt_BR |
A Abul busca difundir a atividade aerodesportiva,
além de promover o entrosamento e a troca de experiências entre associados, pilotos
das categorias terrestre e anfíbia de asa fixa, trikes de asa, girocópteros,
paramotores, paratrikes e demais aviadores de todo o país.
As aeronaves esportivas leves não podem ser
utilizadas com fins lucrativos para transporte de pessoas e bens.
A Anac credenciou a Abul como entidade responsável
pela modalidade ultraleves motorizados, que abrange os equipamentos
paramotor, paratrike, trike, girocóptero, autogiro, flyboat, ultraleve com asa
fixa convencional, entre outros.
As atividades dos girocópteros são regidas pelo
regulamento da aviação civil RBAC nº 103. O regulamento, exclusivo para
atividades desportivas, é caracterizado pelo baixo nível de integração ao
sistema de aviação civil. As atividades estão submetidas a uma restrição
operacional básica, garantindo a segurança de terceiros e do sistema de aviação
civil.
A conexão entre eventos esportivos de aeronaves
leves – como o girocóptero – o turismo e o meio ambiente, coloca em destaque as
belezas naturais de diversas cidades do país e fortalece as relações entre os
elementos do setor.
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Figura 9. Fonte: https://www.facebook.com/girocoptero/?locale=pt_BR |
Referências
Bibliográficas
ABGIRO. COMUNIDADE ABGiro. Disponível em: https://abgiro.blogspot.com/p/links.html.
Acesso em: 8 ago. 2024.
ABUL.
Projeto Patrocínio. Disponível em:
https://www.abul.org.br/documentos/142.pdf. Acesso em: 10 ago. 2024.
ADB/AERODESPORTO
BRASIL. Home. Disponível em:
https://aerodesportobrasil.com.br/entidades-credenciadas-rbac-103/Acesso em: 10
ago. 2024.
AEROPORTO
GAÚCHA DO NORTE. Girocóptero. Disponível
em: www.aeroportogauchadonorte.com/girocoptero.html.
Acesso em: 21 mar. 2018.
ANAC. Regulamento
brasileiro da aviação civil. Disponível em:
www.anac.gov.br/participacao.../1-emenda-02-do-rbac-01-anexo-a-resolucao.pdf.
Acesso em: 28 mar. 2018.
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Breve história do autogiro. Disponível
em: https://cavok.pt/2020/04/10/breve-historia-do-autogiro-2/Acesso
em: 4 ago. 2024.
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Dlgirocoptero. Girocóptero,
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ENU. Antes conhecido como Encontro Nacional de Ultraleves (ENU). Disponível em: https://www.enu.abul.org.br/ Acesso em: 5 ago. 2024.
MONTALVA. Girocóptero. Disponível
em: www.montalva.com.br/br/girocoptero.html. Acesso em: 24 set. 2007.
TERRA,
C. Trikes: os ultraleves que evoluíram da asa delta. Revista Frequência
Livre 59. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/slideshow/trike-1/23829477. Acesso em: 7 ago. 2024.
TUBINO,
M. J. G; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário Enciclopédico
Tubino do Esporte. Senac: São Paulo. 2007.
WIXSITE.
Tudo sobre girocópteros (autogiros). Disponível em:
https://ultraleves.wixsite.com/girocopteros/revista voar 10. Acesso em: 8 ago.
2024.
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