Shuffleboard: coordenação, cooperação, integração e inclusão! (versão atualizada)
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Figura 1. Fonte: https://rccnews.com.br/2024/05/16/campeonato-de-shuffleboard-envolve-alunos-da-eja-e-estimula-raciocinio-matematico/ |
Por Fernando Garrido
Shuffleboard: concentração, precisão e estratégia! (versão atualizada)
Quando
o esporte apareceu por aqui?
O shuffleboard chegou ao Brasil em 1996, em Guaratinguetá
(SP). A cidade recebeu a primeira quadra do esporte, construída em um
condomínio fechado.
Foi Michael Robert Zellner, norte-americano
radicado no país, quem trouxe o shuffleboard para cá e o apresentou aos novos
amigos.
Com a importação de quadras portáteis de lona e
equipamentos, o jogo passou a ser difundido em praças e clubes e ganhou maior
visibilidade.
Um dos componentes determinantes para desenvolver
o shuffleboard no país foi a criação da Associação Brasileira de Shuffleboard
(ABS), em 1 de novembro de 1996, em Niterói (RJ).
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Figura 2. Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=880408437463492&set=pcb.880408467463489&locale=pt_BR |
A fundação da ABS e o seu reconhecimento pela
Federação Internacional de Shuffleboard (ISA) repercutiu na formação da
primeira representação brasileira a participar do Campeonato Mundial de
Shuffleboard. Na competição, realizada em 1997, em Hendersonville, na Carolina
do Norte (EUA), a equipe do Brasil se tornou campeã.
Em 1998, em Goderich, Ontário (Canadá), repetiu-se
o feito do ano anterior. Dois anos depois, em Hemet, na Califórnia (EUA), o
Brasil tornou-se tricampeão mundial na categoria masculina. Na categoria
feminina, o país conquistava o campeonato pela primeira vez.
A partir de 2002, o Brasil começou a disputar a
Divisão A, chegando a obter a terceira colocação no Mundial realizado em Mesa,
no Arizona (EUA), em 2004.
As competições mundiais de shuffleboard disputadas
por equipes brasileiras começaram a ser organizadas no país neste século. O
Brasil sediou o Mundial em três ocasiões. Os Mundiais de 2002 e 2005 foram
realizados por equipes e o de 2017, na categoria individual.
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Figura 3. Fonte: https://shuffleboard.co.uk/photo-gallery.htm |
Com a criação da ABS, o país participou de
quase todas as edições do campeonato. Em 2007, conquistou a terceira colocação
por equipes, em Midland (Canadá). Em 2011, em Dieppe, também no Canadá,
foi a vez do terceiro lugar na categoria individual. Em 2016, obteve a
medalha de prata em Orlando (EUA).
A primeira quadra exclusiva de shuffleboard – construída em 2009 na AABB (clube de Niterói) – estimulava o crescimento do esporte como atividade de lazer, formação e melhoria de desempenho técnico e profissional de atletas para disputas de padrão internacional.
Em 2021, o esporte foi promovido como ferramenta
de inclusão social no CIEP Nova Geração, no Fonseca, em Niterói. Na presença de
crianças, jovens, idosos e pessoas com deficiências, o evento demonstrou a
capacidade do jogo em agregar participantes de forma mista e misturada.
Em 30 de maio de 2024, a quadra da AABB foi
reinaugurada. Os atletas ganharam um novo espaço para se preparar para os
Mundiais de outubro de 2024, no Texas (EUA), na categoria por equipes, e de
2025, na Alemanha, na categoria individual.
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Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/gamesfromafar.co.uk/ |
Pouco antes, entre 16 de maio e 6 de junho de 2024,
o shuffleboard assistiu a uma iniciativa pioneira empreendida pela prefeitura
de Maringá (PR). O esporte e a disciplina de matemática estiveram juntos como ferramenta
educacional e social em um evento que contou com a presença de 250 alunos de
idades entre 19 e 90 anos.
O Campeonato Interescolar de Shuffleboard,
organizado no âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal de
ensino, demostrou como teoria e prática podem se alinhar no ensino da
matemática para criar conexões que estimulem aspectos como inovação, autonomia,
convivência, percepção espacial, coordenação motora e aumento do raciocínio
matemático lógico.
O shuffleboard pode ser encontrado em ambientes
fechados e abertos, como cafés, bares, pubs, pousadas, hotéis-fazenda,
residências, condomínios e em eventos em geral, praticado de forma mista e
misturada.
As disputas do shuffleboard podem ocorrer ainda em
escolas e universidades (salas de aula, pátios e quadras), clubes sociais e
especializados, arenas esportivas cobertas e climatizadas, além de transportes
públicos e privados por aplicativos.
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Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=676283864542618&set=pcb.676283957875942&locale=pt_BR |
O país tem como um dos principais nomes do esporte
o atleta Bernar Borges. Seus resultados expressivos e inúmeras participações em
campeonatos mundiais renderam-lhe reconhecimento mundial pela ISA. Bernar foi vice-campeão
mundial em 2016 e obteve o terceiro lugar em 2007, 2011 e 2014, além de ter
sido diversas vezes campeão brasileiro. Em homenagem às suas contribuições, o
atleta foi imortalizado no Hall da Fama da ISA.
O shuffleboard cresce pelo país, especialmente nos
estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Por sinal,
o esporte pode ser encontrado em mesas exclusivas em duas cidades: Florianópolis
(SC), na cervejaria Beer and Pork, inaugurada em dezembro de 2017, e em
Curitiba (PR), no Clube Curitibano (PR), com mesa introduzida em setembro de
2024. Oferecidos como lazer aos clientes e associados, os discos são lançados com
as mãos e deslizam sobre a mesa até uma área de pontuação.
O shuffleboard também pode ser encontrado em
livrarias, lojas de conveniência, hotéis fazenda, residências, além de praças e
parques.
A difusão do shuffleboard na sociedade brasileira ocorre
sob as vertentes do lazer, da formação educacional e social e do rendimento.
Como
é o esporte?
Segundo Tubino et al. (2007), o
shuffleboard é considerado um “esporte intelectivo”.
O shuffleboard é praticado por dois jogadores ou
em duplas, utilizando-se um bastão (ou taco) em cuja extremidade se encontra
uma forquilha. Nesse local é encaixado um disco que, em seguida, é empurrado,
deslizando sobre uma pista em forma de pirâmide numerada.
O jogador deve marcar mais pontos que seu
oponente, quer lançando seus discos dentro de uma pirâmide com zonas de
pontuação, quer retirando os do adversário com o auxílio dos seus naquela
região.
No jogo, são distribuídos quatro discos a cada um
dos jogadores. A cor de cada jogador – amarela ou preta – é previamente
estabelecida por acordo ou sorteio, sendo fixa durante a primeira metade das
rodadas e trocada na segunda metade, quando os jogadores também trocam de lado.
Os tacos medem 2 metros de comprimento e têm
forquilhas nas extremidades para empurrar os discos até a zona de pontuação do
outro lado da pista.
Figura 7. Fonte: https://clubecuritibano.com.br/post/conheca-o-shuffleboard-novo-esporte-praticado-no-clube-curitibano |
Para pontuar, é necessário que o disco esteja
totalmente parado dentro da zona de pontos (10, 8, 7 ou -10), sem estar em cima
de qualquer linha. Os pontos são obtidos conforme a área de pontuação e somados
a cada rodada até o término da última. Uma rodada (ou “janela”) é concluída
depois que os oito discos são lançados. Depois de 4, 8, 12 ou 16 rodadas
(partida oficial), a disputa termina.
Na modalidade duplas, os parceiros jogam em
lados opostos (cabeceira contrária) da quadra, com a mesma cor dos discos.
Os discos de 15 centímetros de diâmetro são
geralmente confeccionados em fibra de carbono ou de alumínio.
A pista (quadra) oficial mede 18 metros de
comprimento por 2 metros de largura. Ela é feita de polipropileno, um
termoplástico de alta resistência e pode ser montada e desmontada em qualquer
piso liso e nivelado.
Um quadro-placar, colocado na cabeceira da pista,
serve para a marcação dos pontos a cada rodada.
Vence a disputa quem fizer o maior número de
pontos ao final do jogo.
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Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/shttps://www.facebook.com/shuffleboardbrasil/?locale=pt_BRhuffleboardbrasil/?locale=pt_BR |
Vamos
contar algo mais para você!
No Brasil, o esporte é dirigido pela
Associação Brasileira de Shuffleboard (ABS).
A Associação Internacional de Shuffleboard (ISA) é a entidade dirigente do esporte no mundo.
O shuffleboard surgiu na Inglaterra, no século 15,
nas grandes mesas de mansões e castelos. Nessa época, o objetivo do jogo era lançar
moedas o mais próximo da borda das mesas a fim de que deslizassem sem cair no
chão.
Utilizado por soldados como entretenimento durante
a preparação para as guerras, o jogo chegou a ser proibido por levá-los a se
esquecer dos treinamentos exigidos. Nos pubs e tabernas, porém, o esporte
sobreviveu como poderoso instrumento de diversão para os clientes.
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Figura 9. Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=1817328748490989&set=pcb.1817328838490980&locale=pt_BR |
A chegada do esporte aos navios transatlânticos dos meados do século 19 proporcionou ao jogo adaptações com tacos e pastilhas de madeira para ser praticado nos decks durante as longas viagens de turismo.
A partir da década de 1930, a popularidade do
esporte cresce, em grande parte, atrelada aos aposentados norte-americanos.
No século 21, contudo, foi a vez de os jovens se encarregarem de impulsionar as disputas como lazer em bares e pubs dos EUA e da Europa.
O shuffleboard é um esporte intelectivo adaptável a novas realidades. Pode admitir renovação de equipamentos e materiais, assim como variação na quantidade de jogadores e nos espaços de jogo. A atividade pode ser praticada de forma mista e misturada e incluir pessoas com deficiências. Também pode aceitar puxadores adaptados para empurrar a pastilha de plástico, mais pastilhas por jogador e quadras demarcadas em chão liso.
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Figura 10. Fonte: https://www.facebook.com/shuffleboardbrasil/?locale=pt_BR |
Essa categoria de esporte fortalece o
desenvolvimento de atitudes e princípios de natureza competitiva, cooperativa e
inclusiva. Além disso, favorece a melhoria de competências como
concentração, precisão, estratégia, tomada de decisão e raciocínio.
Sua adaptabilidade, aliada à capacidade de
estimular o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor, torna-o
uma ferramenta de valor na formação educacional e social – quer como atividade
curricular, quer extracurricular – no lazer (diversão, saúde, estilo de vida) e
no desempenho.
Essa vertente esportiva costuma compor a lista de
atividades oferecidas em gincanas, jogos internos, abertos e escolares.
O shuffleboard pode ser praticado em diferentes
locais, como em chão liso, quadra pintada ou riscada e tapete sintético. Além
disso, pode ser jogado com as mãos em mesas de madeira.
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Figura 11. Fonte: https://www.deolhonailha.com.br/florianopolis/noticias/nova-cervejaria-em-floripa-inaugura-mesa-de-jogos-inspirada-nos-bares-de-las-vegas/ |
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE SHUFFLEBOARD. Regras e equipamentos. Disponível
em: shuffleboardbrasil.com.br/o-jogo/regras/. Acesso em: 2 fev. 2018.
Blog
do AXEL GRAEL. Começa em Niterói o Campeonato Mundial de Shuffleboard.
Disponível em:
https://axelgrael.blogspot.com/2017/07/comeca-em-niteroi-o-campeonato-mundial.html.
Acesso em: 14 set. 2024.
CLUBE
CURITIBANO. Conheça o shuffleboard, novo esporte praticado no Clube
Curitibano. Disponível em:
https://clubecuritibano.com.br/post/conheca-o-shuffleboard-novo-esporte-praticado-no-clube-curitibano.
Acesso em: 26 set. 2024.
De
Lima, Murilo. Campeonato de Shuffleboard envolve alunos da EJA e estimula
raciocínio matemático. Disponível em:
https://rccnews.com.br/2024/05/16/campeonato-de-shuffleboard-envolve-alunos-da-eja-e-estimula-raciocinio-matematico/.
Acesso em: 14 set. 2024.
DEOLHONAILHA. Nova
cervejaria em Floripa inaugura mesa de jogos inspirada nos bares de Las Vegas.
Disponível em:
https://www.deolhonailha.com.br/florianopolis/noticias/nova-cervejaria-em-floripa-inaugura-mesa-de-jogos-inspirada-nos-bares-de-las-vegas.
Acesso em: 15 set. 2024.
ISA | International Shuffleboard
Association. Home. Disponível em: https://world-shuffleboard.org/
Acesso em: 15 set. 2024.
O
FLUMINENSE. Niterói receberá Mundial de Shuffleboard no fim deste mês. Disponível
em:
http://www.ofluminense.com.br/pt-br/esportes/niter%C3%B3i-receber%C3%A1-mundial-de-shuffleboard-no-fim-deste-m%C3%AAs.
Acesso em: 2 fev. 2018.
SHUFFLEBORGES. O Jogo. Disponível em: https://www.shuffleborges.com/o-jogo/ Acesso em: 14 set. 2024.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.
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