Quimbol: um esporte coletivo e de raquete! (versão atualizada)
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Figura 1. Fonte: https://www.facebook.com/quimbolpaginaoficial/?locale=pt_BR |
“Um esporte
de identidade nacional, misto e misturado!”
Por Fernando Garrido
Quando o
esporte apareceu por aqui?
Foi Joaquim Bueno de Camargo quem criou o quimbol,
na cidade de Piracicaba (SP). O jogo começou a ser idealizado por ele em 1947, no
Pontal do Paranapanema (SP), região em que ficou conhecido como "Jogo do
Quim.”
Em 1996, Quim foi morar em Piracicaba, onde um
amigo o presenteou com uma bola de tênis. A iniciativa lhe serviu de estímulo
para continuar a formular as regras do esporte e criar os modelos de bola e
raquete. Dois anos depois, ele se juntou a um grupo de amigos e deu início à
prática do jogo numa quadra de voleibol.
A apresentação do quimbol ao então secretário
municipal de Esportes e Lazer de Piracicaba, Rubens Braga, em 2000, acabou
repercutindo na inclusão do esporte como matéria da grade curricular de
educação física, da prefeitura, e na sociedade piracicabana.
Uma nova realidade de incentivo ao quimbol como prática de lazer,
atividade educacional e competição de desempenho começava a ser construída. Ações
de parceria,
apoio e patrocínio estimulavam o seu crescimento a partir de Piracicaba. Uma
das primeiras celebradas foi o apoio da Universidade Metodista de Piracicaba
(Unimep) para divulgar o esporte e promover seu desenvolvimento científico.
Não demorou, e o quimbol ganhou visibilidade
internacional. Em 2001, o esporte foi levado por Wagner Weil Moreira, professor
da Unimep, ao 1º Simpósio Científico Cultural en Educación Física y Deportes –
Brasil/Cuba, realizado em Cuba. Desde então, o esporte tem sido praticado lá,
na Universidad de Camagüey, e coordenado pelo professor Henrique de Laosa.
A apresentação do quimbol na 1ª Conferência
Nacional de Esportes, realizada em Brasília (DF), em 2004, aumentava, de forma
exponencial, a visibilidade e a divulgação do esporte no Brasil. Nesse momento,
ele ganhava destaque, por unanimidade, como esporte de identidade cultural e
nacional e o reconhecimento de único esporte coletivo do mundo jogado com
raquete.
Em janeiro e fevereiro de 2006, o quimbol era
incluído na programação do Sesc Verão, sob o tema
“Tempo, Movimento e Qualidade de Vida,” pela primeira
vez, em Piracicaba.
Em julho do mesmo ano, o esporte estreava como
modalidade extra nos 50º Jogos Regionais de Piracicaba. O evento, que é
promovido anualmente pela Secretaria da Juventude, Esportes e Lazer do Estado
de São Paulo e organizado em parceria com instituições das comunidades locais, potencializou
a popularização do esporte para todo Brasil.
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Figura 2. Fonte: https://www.facebook.com/quimbolpaginaoficial/?locale=pt_BR |
Outra parceria de destaque foi a formada pelo
Sesc, a Secretaria de Esporte, Lazer e Atividades Motoras (Selam) de Piracicaba
e a Associação dos Funcionários Públicos Municipais de Piracicaba (AFPMP). O objetivo
foi a realização do 1º Torneio Aberto de Quimbol “Joaquim Bueno de Camargo –
Quim”, nos dias 26 e 27 de agosto de 2006. O evento foi promovido nas
categorias juvenil (até 18 anos) e livre, com três jogadores por
equipe, e as partidas, executadas por tempo.
A necessidade de transmitir conhecimentos sobre o
quimbol aos professores da rede estadual de ensino de Piracicaba se tornava uma
realidade para a Selam. A meta era otimizar o processo ensino-aprendizagem
(formação continuada) por meio do esporte, na cidade.
Também partiu da Selam o primeiro curso de
atualização em quimbol, um dos componentes-chave para a sua popularização. O
curso foi realizado e orientado pelo então coordenador técnico da modalidade e diretor da Secretaria, João Francisco Rodrigues de Godoy – o “Johnny”, em novembro
de 2006.
Outro momento marcante para o quimbol foi a sua inclusão
na programação do Dia do Desafio, de 2007. O evento, de cunho gratuito e mundial,
é promovido pelo Sesc e suas unidades e ocorre anualmente na última
quarta-feira de maio. Além disso, ele recebe apoio da Federação Pan-Americana
de Esportes para Todos (Fedapet) e do Programa Piracicaba Saudável.
As parcerias para oferecer o quimbol consolidavam-se, como a estabelecida entre o clube Cristóvão Colombo e a Selam. Em 30 de setembro de
2007, foi realizada uma aula demonstrativa em Piracicaba, aberta à participação
dos moradores, que seria oferecida em caráter contínuo pelo clube aos seus associados.
Em abril do ano seguinte, intensificaram-se
as competições no formato de torneios com a criação do 1° Torneio Comunitário
de Quimbol. As disputas ocorreram nas categorias livre e por equipes,
nos bairros da cidade.
A oferta do esporte ampliava-se com
a fundação da Associação Piracicabana de Quimbol (APQuim), ainda em 2008. As
perspectivas de apoio e parceria a projetos e eventos esportivos, com foco na
responsabilidade social, cresciam com a fundação da APQuim. A primeira
iniciativa foi a organização do 3° Torneio de Quimbol – Joaquim Bueno de
Camargo – Quim, em 17 de agosto. A colaboração do Sesc e de instituições locais
garantiu a realização do evento, direcionado a praticantes de nível mais
avançado – jovens e adultos.
O quimbol também ganhava presença regular em
grandes eventos esportivos. Nos Jogos Abertos do Interior (JAI),
realizados em Piracicaba, em novembro de 2008, o esporte foi exibido como
demonstração, o que lhe trouxe mais popularidade.
Cada vez mais adeptos praticavam o esporte e ampliavam
sua visibilidade, chamando a atenção das cidades do interior de São Paulo. Para
isso, também contribuíram as transmissões dos JAI pela ESPN Brasil.
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Figura 3. Fonte: https://www.facebook.com/QuimbolOficial/?locale=pt_BR |
A chegada do quimbol ao estado de São Paulo conferiu novas forças ao esporte, adotado pelo Sesc-SP e suas unidades. Em núcleos do Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc), de São Paulo e do Paraná, por exemplo, foram formados líderes e gestores para “o esporte e o lazer como direito de todos”.
Implantava-se, assim, um conjunto de ações para
desenvolver o quimbol a partir de São Paulo. Seminários, palestras, clínicas, cursos
de capacitação e atualização de estudantes e professores de educação física
intensificavam-se. Com o apoio das Secretarias de Educação e Esportes, surgiam
projetos, aulas em praças e mais ginásios e centros esportivos.
Paralelamente, ampliavam-se também as expectativas e
ações para desenvolver o quimbol em âmbito internacional. O quimbol chegava a
países como Chile, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos e Peru.
Nas escolas públicas e particulares, sobretudo no
ensino fundamental, a entrada do jogo na formação educacional repercutia
favoravelmente no estado de São Paulo.
O quimbol como conteúdo das aulas de educação
física crescia no contraturno das escolas de tempo integral do estado, ministrado
sob o viés de responsabilidade social.
Agora com mais visibilidade, o esporte também chamava
a atenção da televisão aberta. Em outubro de 2016, ele foi ao ar no programa
Balanço Geral, às 12h50, na TVB Campinas – emissora afiliada à Rede
Record. Da reportagem, participaram, no Ginásio de Esportes Garcia,
atletas e dirigentes, entre eles, Bernardet Bueno de Camargo, irmã de Quim, e Johnny.
O impacto do desenvolvimento do quimbol na
sociedade brasileira também repercutiu na esfera política local. Em 17 de
novembro de 2016, foi aprovado, em sessão da Câmara Municipal de Piracicaba, o
Dia Municipal do Quimbol. A data, comemorada anualmente em 14 de agosto, foi
instituída no Calendário Oficial de Eventos da cidade para homenagear
professores, praticantes, autoridades e entidades que se destacaram em popularizar
o esporte ao longo do ano.
Na terceira década deste século, o quimbol experimenta
um novo ciclo de crescimento com a implantação de novas ações de estímulo nas
áreas da educação e do lazer.
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Figura 4. Fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=798943403788784&set=pcb.798944153788709&locale=pt_BR |
Em 2022, é lançado o projeto educacional
"Esporte e tradição: Quimbol para uma nova geração”, com o propósito de influenciar
e inspirar novos praticantes. Nele, busca-se transmitir a história do esporte e
suas regras, confeccionar materiais artesanalmente e viver experiências de
jogos disputados entre os praticantes mais velhos e os mais novos nas escolas
do município de Piracicaba.
Dois anos depois, aulas gratuitas são oferecidas à
população da cidade em outro projeto. Abertas à participação conjunta de todos
os sexos, idades e habilidades, as aulas ocorrem em centros e ginásios
esportivos. O projeto foca no esporte como lazer (saúde) e direito de todos,
buscando o desenvolvimento humano e social e a oportunidade de mudar hábitos e
comportamentos por um estilo de vida ativo.
Uma deferência cabe, a essa altura, ao irrestrito
apoio de instituições como o Sesc, a Unimep, a APQuim, a Selam, a AFPMP e o
Panathlon Club de Piracicaba, todas fundamentais no papel de popularizar e democratizar
o quimbol
para o desenvolvimento humano e social no país.
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Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/quimbolpaginaoficial/?locale=pt_BR |
Como o
esporte acontece?
O quimbol engloba regras e fundamentos do voleibol,
basquetebol, tênis e futebol.
É jogado por quatro pessoas de cada lado de uma
quadra de voleibol dividida por uma rede especial. As raquetes e a bola são semelhantes
às do tênis. O quimbol também pode ser praticado nas praias (beach quimbol).
A rede que divide a quadra possui altura de 2,30
metros para homens e 2,10 metros para mulheres. O poste de fixação da rede é
utilizado como limite para o jogo aéreo.
O jogo transcorre em quatro tempos de 10 minutos,
com os participantes golpeando uma bola pequena por meio de raquetes de madeira
emborrachada. É também possível disputá-lo em sets de 15 ou 25 pontos.
A finalidade é colocar a bolinha, de borracha
macia, dentro da quadra adversária, mas fora do alcance do adversário.
Na recepção do jogo, podem-se usar a raquete, o
solo (quatro vezes durante o set como recurso alternativo) e partes do corpo,
com exceção das mãos e dos braços.
Em caso de empate, realiza-se um quinto tempo
(melhor de 5 pontos), sem troca de lados, iniciado pela equipe que marcou o
último ponto.
O jogo pode ser praticado como brincadeira, nas
escolas, por todas as faixas etárias da grade escolar.
Os fundamentos são basicamente: sacar, receber,
executar o levantamento e efetuar o ataque na quadra adversária.
O término do jogo ocorre ao final do quarto tempo,
com vitória da equipe que obtiver maior número de pontos.
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Figura 6. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=603654223402043&set=pcb.603655740068558&locale=pt_BR |
Vamos
contar algo mais pra você!
O quimbol, reportando-nos a Tubino et al.
(2007), é um esporte que pertence a duas correntes esportivas: esportes
derivados de outros esportes (por misturar o vôlei, o tênis
e o futebol) e esportes de identidade cultural (por ser um
esporte genuinamente brasileiro).
Uma característica marcante do jogo é que ele pode ocorrer
em espaços adaptados, incluindo uma sala de aula.
Entre os aspectos que o diferenciam de outros
esportes, desponta o seu caráter coletivo marcado por equipes mistas. Também é
notável a utilização do corpo (com exceção de braços e mãos) para recepcionar a
bola. Depois que ela quica no chão, é possível ajeitá-la, sem que isso conte
como toque (somente o da raquete), o que torna o jogo mais dinâmico.
Vale a pena lembrar dois detalhes elementares nas regras do quimbol.
O último contato da bola para a quadra adversária deve ser executado com a
raquete. O rodízio é feito, no sentido horário, pela equipe que perder o ponto,
tantas vezes quanto isso ocorrer, consecutivamente ou não.
O esporte é coletivo e possibilita a formação de equipes mistas. Além
disso, pode ser jogado de modo misturado (com pessoas de diferentes idades e
habilidades). Esses são alguns elementos que assinalam novas tendências
esportivas em curso na sociedade mundial, especialmente no Brasil, neste
século.
Essas tendências, que se consolidam no cenário brasileiro, também se
observam em diversos outros esportes integrados por ambos os sexos e diferentes
idades e habilidades.
O blog alquimiadoesporte.blogspot.com, em nova oportunidade, trará o
tema em exposição!
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Figura 7. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=2247587221936163&set=pcb.2247590135269205&locale=pt_BR |
O quimbol
traz diversos benefícios à saúde e à qualidade de vida, com melhoria da
condição muscular e cardiorrespiratória.
Trata-se de um esporte coletivo que desenvolve o
trabalho em equipe e promove aspectos como: cooperação, relação interpessoal,
espírito de coesão social (grupo), busca por objetivos comuns e divisão de
responsabilidades. Além disso, fortalece o sentido de confiança e melhora tanto
a comunicação quanto a capacidade de iniciativa e resolução de problemas.
Um conjunto de qualidades físicas pode ser desenvolvido
nos esportes coletivos, em especial no quimbol. Entre elas estão: resistência
muscular aeróbica, anaeróbica e localizada; velocidade; força; coordenação;
agilidade; ritmo; flexibilidade e descontração.
Onde praticar o quimbol!
O esporte pode ser encontrado na formação educacional, nas aulas de
educação física (como iniciação esportiva), em projetos e programas de
responsabilidade social, na iniciação esportiva em clubes, em treinamentos
regulares com fins de competição e na formação profissional.
O jogo também se desenvolve como lazer e competição em associações
comunitárias, praças e parques, além de praias pelo país, principalmente no
estado de São Paulo.
Em processo de esportivização, o quimbol tem-se
desenvolvido com a observância de suas regras e regulamentos, sua divulgação em
escolas e clubes e sua oferta em torneios e campeonatos no país e no exterior.
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Figura 8. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=10216440341627246&set=pcb.10216440343107283&locale=pt_BR |
Referências
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Sesc/Selam promovem Festival Aberto de Quimbol – Piracicaba. Disponível
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em: 07 jun. 2024.
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UNIMEP.
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https://edfisicaunimep2012.webnode.com/news/quimbol/. Acesso em: 18 jun. 2020.
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