Os esportes criados no Brasil: Manbol inovação, criatividade, autonomia e estratégia! (versão atualizada)
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Figura 1. Fonte: https://cidadeverde.com/noticias/388560/piaui-e-o-primeiro-estado-do-nordeste-a-receber-o-manbol |
Por Fernando Garrido
Manbol: rapidez de raciocínio, percepção espacial e sem contato físico!
Quando o esporte apareceu por aqui?
O Manbol foi criado em 2004, por Rui Hildebrando, em Parauapebas, Pará, e desenvolveu-se na capital do estado até aprimorar-se no Rio de Janeiro.
O esporte surgiu de uma brincadeira que Rui e seu irmão já praticavam em 1992: a de jogar um para o outro a manga, fruta bastante apreciada no norte do país.
Mais de uma década depois, sua popularidade entre crianças e jovens resultou em um desenvolvimento inevitável. Era a hora de testar equipamentos, aplicar regras, selecionar fundamentos técnicos e definir tanto o campo de jogo quanto a altura da rede.
A movimentação incessante, a utilização simultânea de duas bolas, os fundamentos técnicos e as regras simples forjaram o DNA do Manbol. Desde então, a atividade já era conhecida por esse nome.
Dois instrumentos fundamentais para o seu desenvolvimento surgiam em Belém: a Confederação Brasileira de Manbol (CBM), em 16 de junho 2004, e a primeira escola de Manbol, um ano depois.
Idealizada por Rui, a divulgação do Manbol foi programada para se intensificar a partir de 2005, no Rio de Janeiro. A cidade funcionaria como uma vitrine, com expressivo potencial de atrair visibilidade para o Manbol no Brasil e no mundo.
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Figura 2. Fonte: https://www.manbol.com.br/esporte-facil-de-ser-praticado-manbol-ganha-adeptos-no-rio-e-em-sao-paulo/ |
A Praia do Flamengo, no Rio, foi o local escolhido para a realização das demonstrações e do aprimoramento técnico do Manbol. Um grupo de praticantes passou a se reunir na rede do Rui para disputar regularmente as partidas aos finais de semana, consolidando o lugar como um ponto de encontro de apreciadores na cidade.
Uma base de apoio na areia, localizada em frente ao prédio nº 200 da praia, criava condições para difundir o Manbol. As contribuições iam desde a promoção de jogos, torneios e aulas grátis para todas as idades até a implantação de uma comunidade digital.
Palestras e oficinas com demonstrações de Manbol começavam a ser realizadas em cursos de graduação em Educação Física. Da programação do Manbol também constava a realização de eventos esportivos, o que ajudava a aumentar a visibilidade do esporte no país.
Inicialmente praticado somente sob caráter individual, o Manbol começou a ser aperfeiçoado em testes práticos nas areias do Rio, em 2005. Nessa direção, apareciam novas formações em caráter coletivo e regras que buscavam a movimentação rápida e a imprevisibilidade constante nas disputas com duas bolas. A essa altura, o Manbol era reconhecido oficialmente como esporte pelo Ministério dos Esportes.
Sob o caráter coletivo, o Manbol demonstrava ser atraente e empolgante, conforme fora observado em um evento sobre esportes realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no segundo semestre de 2005.
Nessa ocasião, o Manbol despertou um grande interesse do gerente de projetos da Prefeitura de Nova Iguaçu, Denílson Albino, empenhado em oferecer novos esportes como formação educacional no município. O baixo custo dos equipamentos e a movimentação incessante nas partidas foram determinantes para a Secretaria de Esportes implantar a atividade nas escolas públicas da cidade. Para isso, foram adquiridos pares de bolas e kits educacionais, bem como capacitadas algumas dezenas de professores.
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Figura 3. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/397831833660717 |
No Rio, a professora de Educação Física Adriana Mathias, também interessada no Manbol, juntava-se a um grupo em formação para difundir o esporte pelo município ainda no final de 2005.
A essa altura, um conjunto de elementos começava a alinhar-se para promover o Manbol no país.
O estreitamento da relação entre o Manbol e os meios de comunicação tradicionais favorecia a disseminação do esporte no Brasil. A entrevista de Rui, Adriana e Rodrigo Nascimento, veiculada no programa Hoje em Dia, da TV Record, em 2006, criava novas expectativas de divulgação na mídia eletrônica.
A evolução do jogo ganhava nova etapa de ajuste de regras por meio de testes de avaliação na areia. Em questão, a necessidade de alterar a altura da rede (de 1,30 metro para 1,65 metro) e o tempo máximo de posse de bola (de 4 segundos para 2 segundos), além de o jogo somente se definir com a queda da segunda bola no chão, concluindo a pontuação da jogada.
O Manbol ganhava movimentação incessante, empolgante e imprevisível, exercendo poderosa sensação combinada de tensão, excitação e prazer nos praticantes e expectadores.
Intensificava-se, nesse momento, por meio do grupo de trabalho Manbol Rio, a divulgação do esporte e suas mudanças em palestras e oficinas no meio acadêmico.
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Figura 4. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/399579943485906 |
Entre as tarefas prioritárias do grupo estava a realização de palestras, demonstrações práticas, torneios e capacitação de estudantes e professores, com demanda crescente por instituições de ensino superior.
As oportunidades de demonstração do Manbol cresciam integradas às programações de grandes eventos, como a Ação Global Sesi e o Dia do Desafio Sesc.
Palestras e oficinas com informações sobre o Manbol espalhavam-se em ações organizadas, como as realizadas na Faculdade Mercúrio e na Feira Literária de Nova Iguaçu, aumentando a adesão de praticantes.
Em 25 de setembro de 2006, realizava-se o primeiro torneio carioca de Manbol, na Praia do Flamengo.
A primeira entidade esportiva de prática do Manbol no país, a Associação de Manbol do Rio de Janeiro (AMRJ), surgia no mês seguinte, estabelecendo um marco divisor no desenvolvimento do esporte.
A atuação do grupo Manbol Rio mostrava êxito na criação da AMRJ. A função principal da associação era desenvolver a prática do Manbol por meio de iniciação esportiva, treinamento regular, formação de atletas e equipes por faixa etária, organização de eventos esportivos e participação de atletas neles.
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Figura 5. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/608842442559654 |
Em repercussão aos fatos, no final de 2006 foi organizado o primeiro torneio amador de Manbol do Rio, com a participação de 12 praticantes, o que abriu perspectivas para novos eventos.
A chegada dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 trouxe Rui de volta à cidade, acompanhado de cinco atletas. Na programação do Manbol, a realização de minitorneios na Praça das Medalhas, o que levou o criador do esporte à Praia de Copacabana. Instalações temporárias com estandes na areia eram utilizadas para a realização de apresentações culturais das regiões do país. O Manbol, um esporte brasileiro típico da região amazônica, apareceu para uma grande quantidade de cariocas e turistas.
A segunda década deste século reservou destaque à participação do Manbol no 2º Fórum Nacional dos Secretários e Gestores Estaduais de Juventude Esporte e Lazer, realizado em Palmas (TO), em 25 de maio de 2012. Na presença do ministro do Esporte Aldo Rebelo e dos secretários estaduais, o Manbol foi apresentado por Rui Hildebrando, também presidente da Confederação Brasileira de Manbol (CBM).
Um dos elementos críticos para o sucesso da relação Manbol-mídias sociais digitais começou a ser construído em 2006. As mídias sociais digitais expandiram a visibilidade do Manbol ao disponibilizar informações ao público em geral. Entre as primeiras aparições estavam:
o site da AMRJ, que entrava no ar em 24 de setembro de 2006, com informações e curiosidades sobre o esporte;
uma reportagem no site da Secretaria Especial de Esportes do Ministério da Cidadania, sob o título Esporte fácil de ser praticado, Manbol ganha adeptos no Rio e em São Paulo, em 5 de setembro de 2011;
um vídeo no Youtube, com o nome Novo Esporte Manbol – Apresentação, em 15 de janeiro de 2012.
Integrado à internet e às redes sociais, o Manbol ganhou as páginas da CBM, no Facebook, em 4 de dezembro de 2012. Um ano depois, chegou às páginas das Federações do Pará e de São Paulo e, em 2018, do Rio de Janeiro. Hoje, está presente em sites e blogues de apreciadores e artigos científicos.
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Figura 6. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/456497627794137 |
As parcerias, valiosas para disseminar o esporte, tornavam-se realidade. Uma das mais significativas ocorreu com o Sesc, instituição de reconhecido caráter social e recreativo no país. A prática do Manbol ganhava a oportunidade de aparecer em âmbito nacional.
Uma das primeiras colaborações se deu entre a CBM e o Sesc Anamindeua, em Belém (PA), em setembro de 2014. Outra, realizada entre o Sesc Santo André e a Federação Paulista de Manbol, resultou na organização do 1º Festival de Manbol do Estado de São Paulo, em 25 de novembro de 2018.
O Manbol foi reconhecido como modalidade esportiva do Pará por meio da Lei Municipal nº 9192, de 28 de janeiro de 2016, e da Lei Estadual n° 8.739, de 14 de agosto de 2018. Na sua origem, a manga, fruta bastante apreciada na gastronomia da Região Norte e utilizada amplamente nos pratos típicos da culinária paraense.
As perspectivas para o Manbol em âmbito mundial cresciam com a fundação da Federação Internacional de Manbol (Fimanbol), uma organização não governamental criada em dezembro de 2018 no país.
O conceito de esporte como poderoso instrumento de relações internacionais e cultura da paz reforçou a importância da divulgação do Manbol no mundo. Seus principais agentes difusores têm sido os meios de comunicação eletrônicos tradicionais, as mídias sociais digitais e instituições não governamentais voltadas para o desenvolvimento humano e social.
Além disso, a internacionalização do Manbol favorece o surgimento de representantes oficiais (embaixadores) do esporte, a capacitação no esporte pelo ensino à distância (EAD) e a realização de eventos acadêmicos e esportivos (workshop e camping). Em parcerias com ONGs, também estimula a realização de encontros do esporte como lazer, saúde, competição-rendimento, formação educacional e social e na forma adaptada.
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Figura 7. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/399579086819325 |
O Manbol estreou em eventos mundiais (competições, feiras, exposições e congressos) em 2019. Sua semente começou a se espalhar pelo continente sul-americano, chegando a países como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai.
Uma nova oportunidade de aumento de visibilidade e divulgação internacional do Manbol surgiu com a ExpoDubai2020, quando ficou em exposição durante seis meses.
Oficialmente a pratica do Manbol apareceu na região nordeste em 2023. O primeiro estado a receber o esporte foi a cidade de Teresina, capital do Piauí (PI) onde foram programadas três grandes ações no esporte. A realização de um Congresso entre 25 e 26 de março de 2023, a implantação da Federação estadual e o ingresso do esporte na rede municipal de ensino.
O Manbol é uma nova realidade de modalidades praticadas ao ar livre, uma das tendências esportivas oferecidas nos principais centros urbanos do país.
Como o jogo acontece?
O Manbol é um esporte pertencente à corrente “esportes derivados de outros esportes”, categorizada por Tubino et al. em 2007.
O jogo pode ser disputado individualmente, em duplas ou por equipes de até 6 jogadores. As partidas oficiais são disputadas em 3 sets de 12 pontos.
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Figura 8. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/404137616363472 |
Nas partidas são utilizadas duas bolas simultaneamente, independentemente das modalidades individual ou coletiva.
O objetivo é tocar o chão da quadra adversária com as bolas e pontuar. Para isso, o praticante deve arremessar a bola abaixo da linha do ombro com apenas uma das mãos.
A disputa ocorre em uma quadra dividida em quatro zonas: de jogo, livre, de saque e a área 2-L, para onde deve ser direcionado o primeiro saque. O segundo saque pode ser realizado em qualquer setor da quadra adversária.
A quadra constitui um retângulo medindo 10 metros x 5 metros, circundado por uma zona livre com, no mínimo, 1,5 metro de largura. O esporte pode ser praticado em diferentes tipos de piso, como saibro, terra, grama, taco, concreto, manta sintética e areia.
A altura da rede é de 1,65 metro, e o tempo máximo de posse da bola é de 2 segundos.
As bolas são ovais e se assemelham às do futebol americano ou rugby. Elas medem 20 centímetros de circunferência e pesam entre 90 e 120 gramas. As duas bolas devem ter duas cores distintas: uma no cento e outra circundando as laterais. Cada bola vale 1 ponto.
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Figura 9. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/ |
O jogo começa com uma das equipes de posse das duas bolas. A primeira bola é então sacada, devendo acertar a área 2-L. Somente quando a bola atingir essa área ou o jogador oposto tocar na bola, é que a segunda bola entra em jogo. Ela pode ser lançada da área de saque para qualquer setor da quadra adversária. Quando a segunda bola é sacada, não se permite mais segurar as duas bolas ao mesmo tempo.
Independentemente do que possa vir a acontecer com a primeira bola no saque, a segunda deve ser obrigatoriamente colocada em jogo logo em seguida.
A dinâmica da partida se dá com movimentos de ida e vinda das bolas (rally) até a conclusão das duas.
A chamada regra NEUTRAL, que quer dizer neutralidade, ocorre quando:
os acertos das jogadas são iguais, os erros são iguais ou há um acerto e um erro de um mesmo jogador ou equipe. Nessas situações, não se pontua: a bola retorna para quem tinha o seu domínio e o saque é, então, reiniciado.
Nas disputas podem ocorrer dezenas de neutrais, o que pode tornar o jogo bastante exaustivo, mas incrivelmente envolvente.
O arremesso do Manbol é um fundamento extremamente simples. Com ele são realizados o saque e todos os ataques durante o jogo. O arremesso deve ser feito apenas com uma das mãos, sendo sempre executado abaixo a linha do ombro ou paralelamente a ele.
Não são permitidos movimentos de empurrar (como no passe de peito do basquete) ou que partam acima da linha do ombro (como no arremesso do handebol ou na cortada do voleibol).
Para equipes com grandes quantidades de crianças e jovens, é extremamente interessante a adoção de grupos mistos. Também é bem-vinda a adaptação de regras, com redes mais baixas, quadras menores e uma bola de meia maior para facilitar a recepção, se for o caso.
O esporte apresenta elementos inovadores, de curto tempo de reação, deslocamentos constantes, rapidez na execução dos movimentos e sem confronto corporal.
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Figura 10. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/400727333371167 |
O Manbol possui também diferenças significativas quanto a: simplicidade de arremessos, número de bolas, curto tempo de posse de bola, pequeno espaço de jogo, tomada rápida de decisões e movimentação natural.
Vamos contar algo mais pra você!
A Confederação Brasileira de Manbol (CBM) é a entidade máxima do esporte no país.
A Federação Internacional de Manbol (Fimanbol), criada no país, é a entidade máxima do esporte em âmbito mundial.
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Figura 11. Fonte: https://web.facebook.com/ruomanbol/photos/1729977613779459 |
Referências Bibliográficas
Cidade Verde. Esporte: Piauí é o primeiro estado do Nordeste a receber o Manbol. Disponível em: https://cidadeverde.com/noticias/388560/piaui-e-o-primeiro-estado-do-nordeste-a-receber-o-manbol. Acesso em: 03 jun. 2024.
Dol. Conheça o manbol, o esporte papachibé! Disponível em: https://dol.com.br/esporte/esporte-para/noticia-534583-conheca-o-manbol-o-esporte-papachibe.html?d=1. Acesso em: 15 set 2022.
Facebook. Confederação Brasileira De Manbol-Cbm. Disponível em: https://web.facebook.com/ruomanbol/?_rdc=1&_rdr. Acesso em: 12 set 2022.
Manbol. Arbitragem Oficial. Disponível em: https://www.manbol.com.br/wp-content/uploads/2021/09/REGIMENTO-Arbitro-manbol-2021.pdf. Acesso em: 12 set 2022.
Manbol. Home. Disponível em: https://www.manbol.com.br. Acesso em: 12 set 2022.
Manbol. Livro de regras. Disponível em: https://www.manbol.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Manbol-Livro-de-Regras.pdf. Acesso em: 15 set 2022.
Ministério da Cidadania, Secretaria Especial do Esporte. Esporte fácil de ser praticado, manbol ganha adeptos no Rio e em São Paulo. Disponível em: http://arquivo.esporte.gov.br › noticias › 24-lista-notícias. Acesso em: 15 set 2022.
novoesporte. A HISTÓRIA DO MANBOL. Disponível em: http://novoesporte.blogspot.com/2011/03/historia-do-manbol.html. Acesso em: 21 fev 2021.
Portal Carajás. Esporte criado em Parauapebas é será debatido em Brasília. Disponível em: https://carajasojornal.com.br/cidades/parauapebas/item/10216-esporte-criado-em-parauapebas-e-sera-debatido-em-brasilia.html. Acesso em: 12 set 2022.
portaldaindustria. Notícias. Manbol desperta a curiosidade de atletas no SESI Ananindeua. Disponível em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/saude-e-qualidade-de-vida/manbol-desperta-a-curiosidade-de-atletas-no-sesi-ananindeua/ Acesso em: 15 set 2022.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.
Youtube. ISTO É MANBOL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2jGs61Wo0w8. Acesso em 12 set 2022.
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Figura 12. Fonte: http://eduraypat.blogspot.com/p/manbol.html |
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