Tchoukball: jogo coletivo, sem contato físico e misto! (versão atualizada)

 

Figura 1. Fonte: http://jornalismojunior.com.br/tchouckball-um-esporte-pacifico-e-para-todos/Tentativa de arremesso durante o Campeonato Brasileiro de Tchoukball de 2019 [Imagem: ABTB] -

Tchoukball: um promotor da cultura de paz, praticado independentemente de habilidade, porte físico e idade!



Por Fernando Garrido

 

Como o esporte é jogado?

            O tchoukball é um “esporte derivado de outros esportes” (TUBINO et al., 2007).

É jogado entre duas equipes com sete jogadores em cada, em uma quadra de 40 metros de comprimento por 20 metros de largura, e pode ocorrer em diferentes superfícies (quadra, grama, areia, asfalto, terra batida e piscina).

O jogo não requer nenhum equipamento fixo, mas são utilizados uma bola e dois quadros (semelhantes a trampolins e inclinados a 55 graus), cada um posicionado de cada lado da quadra.

            Até a finalização do arremesso no quadro, é permitida a cada equipe a realização de três passes e somente pode segurar a bola por um máximo de três segundos. Durante o ataque, a equipe adversária não pode interceptar a bola ou atrapalhar o adversário.

Os defensores devem acompanhar o ataque adversário e podem “apenas” se antecipar ao arremesso, preparando-se para agarrar a bola rebatida do quadro. Se, depois do rebote, a bola cair na quadra antes que o adversário a agarre, o ponto é a favor; caso contrário, o jogo continua e o papel das duas equipes se alterna.

Uma equipe pode marcar pontos ao ser atacada quando o jogador erra a bola no quadro e manda para fora no arremesso, e ainda invade a zona interditada durante o arremesso. Também quando a bola ao retornar do quadro cai dentro da zona interditada e toca no jogador na volta, entre algumas das opções.

O tchoukball também pode ser realizado com uma quantidade variável de praticantes de cada lado, além de disputado de forma mista e por faixas etárias. 

Na prática, não há um lado para cada equipe; o campo de jogo é compartilhado por todos.

Entre os objetivos principais do jogo estão:

Fazer a bola rebater em um dos quadros e na volta tocar no chão da quadra fora da zona proibida, consignando-se o ponto. 

Recuperar a posse de bola antes que ela caia no chão. O que a equipe atacada deve buscar é atuar em movimentação constante e acompanhar as jogadas de deslocamentos e passes da equipe adversária até o seu arremesso final no quadro remissivo. Na condição de bem posicionada a frente da zona proibida deve apanhar o rebote, recuperar a posse de bola, evitando o ponto do adversário por tocar o chão e buscar o contra ataque.

 Vence a partida quem tiver a maior pontuação ao final da partida.

Figura 2. Fonte: http://www.metodista.br/rronline/noticias/esportes/2010/04/tchoukball-conquista-adeptos-e-campeonato-panamericano-no-brasil Foto: Divulgação


Quando o esporte apareceu por aqui?

            O tchoukball chegou ao Brasil no segundo semestre de 1978. Foi trazido por um grupo de professores recém-formados da primeira turma do curso de Licenciatura Plena em Educação Física, da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro.

Com o objetivo de participar do International Course on Teaching Sports (Curso Internacional sobre o Ensino de Esportes), os professores estiveram presentes na Universidade de Graz, na Áustria. Nessa ocasião, John Andrews, incentivador e divulgador do esporte, apresentou-lhes as regras, a técnica e as disputas entre equipes mistas.

No retorno ao Brasil, muitos professores se dispuseram a implantar o esporte em escolas particulares e públicas municipais e estaduais. No evento em Graz havia também professores do Rio Grande do Sul.

Um dos participantes das aulas ministradas pelo professor Andrews, e criador do blog e autor do texto, saiu de Graz entusiasmado com o jogo e certo da importância de sua difusão pelo mundo, em razão da dinâmica, da adaptabilidade a novos ambientes, do fato de não envolver confronto e também de poder ser jogado como treinamos por equipes mistas.

            Como presidente da Federação Internacional de Educação Física (Fiep), John Andrews esteve, em 1987, em Canavieiras, Florianópolis (SC), onde propôs a difusão do esporte no Brasil e na América Latina, pois as características educativas do jogo seriam de grande valia nas escolas. O professor Nelson Schavalla, que ajudou o professor na arbitragem do tchoukball, passava a atuar como colaborador na divulgação do esporte.

            A visibilidade do tchoukball aumentava a partir do final da década de 1980, aliada ao crescimento da sua divulgação na Região Sul. A organização de eventos, como o 13º Encontro de Profissionais de Educação Física de Tramandaí (RS) e o 3º Congresso Latino-Americano de Educação Física, Esportes e Recreação, (coordenado pelo professor Jacinto Targa, vice-presidente da Fiep Latino-Americana), contribuiu para a difusão do esporte.

O tchoukball crescia no meio escolar com o trabalho do professor Schavalla, incumbido pelo professor Targa de criar melhores condições para o seu desenvolvimento como formação educacional no sul do país, em especial nas cidades de Foz do Iguaçu (PR), Florianópolis e Tramandaí. O esporte se propagava como ferramenta de valor em favor da cidadania e do combate à violência.

       A partir da década de 1990, ações de divulgação se intensificaram. A visibilidade do esporte aumentava, e ele podia ser encontrado em praças públicas, escolas e clubes, na forma de competições.

Dois anos depois, foi a vez de o esporte receber a colaboração dos professores Océlio Antônio Ferreira e Julio Calegari, em São Paulo.

A oferta de cursos, a formação de monitores e as apresentações do esporte cresciam principalmente em escolas particulares, universidades e unidades do Sesc, que demonstravam as potencialidades do seu desenvolvimento.

O esporte aparecia na areia em Itanhaém, no litoral paulista, no 1º Torneio Paulista de Tchoukball de Praia, em 1993.

Figura 3. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=5172924596078764&set=pcb.5172924759412081

Uma outra competição de quadra, o 1º Torneio Paulista, no Ginásio Pelezão, promovia o esporte em novos tipos de cenários. O evento foi idealizado e patrocinado pela Secretaria de Esporte e Lazer do Estado de São Paulo. Na ocasião, o Liceu de Artes e Ofícios se tornou o campeão entre seis equipes participantes.

         Mais conhecimentos e informações sobre o esporte chegavam pelas mãos dos professores John Andrews, Ghislaine Ouvrad e Nelson Schavalla. Os três juntos promoveram um curso de tchoukball durante o 10º Congresso Mundial da Fiep de Foz do Iguaçu, em 1995.

A essa altura, a Fiep – instituição que assumiu o protagonismo de difundir o esporte em âmbito mundial – atuava para dar mais visão às esferas da formação educacional e social e alto desempenho na América Latina.

Em desdobramento aos fatos, o tchoukball se estruturava, em âmbito nacional, com a criação da Associação Brasileira de Tchoukball (ABTB), em setembro de 1999, por Océlio Antônio Ferreira, Nelson Schavala e Julio Calegari.

Uma sucessão de fatos esportivos repercutia no desenvolvimento do tchoukball no país, entre eles, o reconhecimento da ABTB e sua filiação à FITB em 2000; a introdução do tchoukball em Aracajú (SE) e Curitiba (PR) por Océlio e a fundação da primeira associação esportiva estadual – a Associação Sergipana de Tchoukball (Assertchouk).

As primeiras participações em eventos internacionais também começaram a aparecer em 2000. Foi o caso do 1º Campeonato Mundial de Tchoukball (World Tchoukball Tournament), em Rimini (Itália), onde a seleção brasileira alcançou o quinto lugar entre 20 equipes participantes.

Novas participações seguiam-se em eventos mundiais, como o World Tchoukball Tournament de Loughborough (Inglaterra), em 2002. Na ocasião, o Brasil obteve o sexto lugar, com 8 equipes participantes.

A adaptação do esporte à areia levou uma equipe integrada por atletas suíços, brasileiros e ingleses, denominada Caiçaras, a participar do Torneio Internacional de Beach Tchoukball de Rimini, em 2003.

 O estímulo à organização de competições nacionais de tchoukball se concretizava ainda no início deste século. Aparecia a 1ª Taça Brasil, em Foz do Iguaçu, em 2004.

O evento contou com a presença de seis equipes, sendo três do Paraná, uma de São Paulo, uma do Rio Grande do Norte e uma mista, integrada por atletas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A competição foi vencida pela equipe do professor Nelson Schavalla.

            Em maio de 2005, as seleções paulista e paranaense representaram o Brasil no World Beach Tchoukball Tournament, em Genebra (Suíça), terminando em sétimo e oitavo lugares, respectivamente, entre 12 equipes. 

Em âmbito sul-americano, as seleções de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná participaram de um torneio em Concórdia (Argentina), em outubro de 2006. No masculino, o Paraná ficou em primeiro lugar; São Paulo, em segundo, e o Rio de Janeiro, em quarto. No feminino, o Paraná conquistou o primeiro lugar, e o Rio, o quinto. No mesmo torneio, em maio de 2007, o Brasil foi representado pela equipe Esperanto Tchoukball Clube, a primeira do país.


Figura 4. Fonte: https://www.univali.br/noticias/Paginas/atletas-da-univali-sao-convocados-para-selecao-brasileira-de-tchoukball-2019.aspx 

A difusão do tchoukball apareceu em âmbito continental com a organização do 1º Campeonato Pan-americano do esporte realizado em 2008. Nesse momento, a seleção brasileira se tornou campeã na categoria masculina.

Em abril de 2009, foi realizado, na Praia de Copacabana (RJ), o Campeonato Brasileiro de Tchoukball de Areia, com presença de oito equipes masculinas e seis femininas. Nessa ocasião o Rio de Janeiro Tchoukball Clube conquistou os títulos nas categorias feminina e Masculina.

No 2º Campeonato Pan-Americano de Tchoukball realizado em São Paulo, em 2010, as seleções brasileiras masculina e feminina alcançaram os primeiros lugares.

Um fato de grande repercussão promoveu maior divulgação para o tchoukball na sociedade brasileira, ainda em 2010: o seu ingresso na grade de ensino da rede estadual de São Paulo.

As primeiras seleções brasileiras das categorias de base do tchoukball começaram a participar de competições mundiais, no Campeonato Mundial da Juventude de Tchoukball, em Traiskirchen (Áustria), em 2011. Os resultados foram: M12 – 4º lugar; M15 – 2º lugar; M18 masculino – 6º lugar e M18 feminino – 4º lugar, de acordo com a ABTB.

Uma nova disputa de Campeonato Pan-Americano do esporte aconteceu em Atlântida (Uruguai), em 2012, com a presença de diversas categorias de base. Foram alcançados os seguintes resultados: M12 – 2º lugar (4 equipes participantes); M15 – 1º lugar (4 equipes participantes); M18 – 1º lugar (4 equipes participantes) e Adulto masculino e Adulto feminino – 1º lugar (6 equipes participantes), segundo a ABTB.

Em agosto de 2017, foi realizado o Campeonato Mundial de Tchoukball de Praia, em Kaohsiung (Taiwan).

        O crescimento das participações de clubes e de seleções do esporte, nas diversas categorias e ambientes do jogo (piscina, quadra, areia e grama) pode ser observada em competições (torneios e campeonatos) locais, regionais, nacionais, sul-americanas, pan-americanas e mundiais.

        O título do 5º Pan-americano de Tchoukball foi obtido pela seleção brasileira, na categoria adulta masculina em disputa final com a seleção do Uruguai por 51 a 42.. Esse evento foi realizado em São Paulo, Brasil, entre 12 e 17 julho de 2022. Os resultados garantiram as participações das seleções brasileiras no Campeonato Mundial de Tchoukball, na República Theca, de 2 a 5 de agosto de 2023, nas categorias Master (M40+), adulta feminina e masculina. A seleção brasileira Master 40+ na primeira participação em mundial obteve o 4º lugar na classificação geral.

Figura 5. Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=924239669367533&set=pcb.924239782700855


Nos objetivos traçados pela ABTb direcionados ao desenvolvimento do tchoukball encontramos a formação de maior quantidade de atletas, técnicos, gestores, árbitros e de professores, todos capacitados a contribuir efetivamente nessa direção.

           

Vamos contar algo mais para você!

          O tchoukball é dirigido e organizado pela Associação Brasileira de Tchoukball (ABTb). Em âmbito internacional o tchoukball é dirigido e organizado pela Federação Internacional de Tchoukball (FITB).

 

Referências Bibliográficas

ABTB – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TCHOUKBALL. Tchoukball no Brasil. Disponível em: http://www.tchoukball.esp.br/page.php?tipo=12. Acesso em: 25 out. 2020.

COSTA, L. P. da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.

ESPERANTO TCHOUKBALL CLUBE. Campeonato Brasileiro de Tchoukball de Areia. Disponível em: http://esperanto-tc.blogspot.com/2009/02/campeonato-brasileiro-de-tchoukball-de.html. Acesso em: 25 out. 2020.

FITB – FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE TCHOUKBALL. World Beach Tchoukball Championships Announced. Disponível em: www.tchoukball.org › fitb-news. Acesso em: 25 out. 2020.

GARRIDO, F. A. C. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro, 1992.

TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.

Universidade Metodista de São Paulo. Rudge Ramos Online. Tchoukball conquista adeptos e campeonato pan-americano no Brasil. Disponível em: http://www.metodista.br/rronline/noticias/esportes/2010/04/tchoukball-conquista-adeptos-e-campeonato-panamericano-no-brasil. Acesso em: 25 out. 2020.

 

 





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