Pebolim/Totó/Foosball/Futbolín/Table Foottball: cooperação, poder de decisão e sociabilidade!
Pebolim/Totó/Foosball/Table Football: imaginação, coordenação motora, tempo de reação, criatividade!
Quando o esporte apareceu por aqui?
A origem do jogo de pebolim é reivindicada por diversas versões no mundo. Duas das hipóteses mais aceitas estão representadas por eventos ocorridos na Espanha e na Alemanha, embora ambas sejam consideradas imprecisas.
Uma das versões credita ao espanhol Alexandre de Fisterra a criação do jogo durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Alexandre, ferido na guerra e enquanto esteve no hospital, teve a ideia de criar o jogo para ajudar na recuperação das crianças feridas e impossibilitadas de praticar futebol. Segundo relatos, o jogo foi patenteado em 1937, mas não se pôde comprová-lo pela perda de documentos.
A outra versão destaca a criação do jogo pelo alemão Broto Wachter, com mesa e componentes em madeira comercializados desde 1930.
Brincadeira de crianças, jovens e adultos, o jogo de pebolim esteve restrito, até os anos 1950, às classes média e alta, em função do seu elevado custo.
Um complexo cenário em transformação, com a instalação de uma moderna sociedade desenvolvimentista, impulsionou a criação e a expansão de produtos de alta tecnologia em diversas áreas e setores, entre eles, o de brinquedos. O aumento da renda e do crédito favoreceu a ampliaçã0 do consumo.
A produção de novos brinquedos em escala industrial e a expansão da sua oferta ampliaram a oportunidade de adquirir o pebolim para momentos de lazer.
O pebolim espalhou-se, a moda pegou, e cresceu a oferta de disputas entre jogadores nacionais e estrangeiros a partir da década de 1950. As disputas sob o sentido competitivo se tornaram um poderoso estímulo para a criação das primeiras federações nacionais pelo mundo.
Ainda na década de 1950, o jogo de pebolim chegou ao Brasil com os imigrantes espanhóis, em São Paulo. No Rio de Janeiro, chamado de tok tok, teve o nome abreviado sugestivamente para totó.
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Figura 2. Fonte: https://web.facebook.com/photo?fbid=523378926460041&set=pcb.523381653126435 |
Entre a década 1950 e o início deste século, o pebolim popularizou-se expressivamente no país devido ao alinhamento de um conjunto de fatores, entre eles:
· a grande adesão de praticantes, atraídos pelo jogo como opção de lazer e de competições informais;
· a diversidade de nomes existentes no país, como Fla-Flu, no Rio Grande do Sul; pacau, em Santa Catarina; totó, no Nordeste e Rio de Janeiro, e pebolim, em São Paulo;
· a variedade de regras no país decorrentes da informalidade das disputas;
· as frequentes conversas entre participantes, durante o jogo, sobre desempenho motor e técnico no controle das manoplas, o que levava a constantes trocas de posição nos setores de defesa e ataque, bem como discussões sobre validação de lances e gols. Marcantes também eram as irreverentes gozações das duplas femininas nas vitórias sobre as masculinas;
· a grande variedade de mesas nacionais e importadas comercializadas por empresas credenciadas. A maior oferta de mesas de fabricação nacional diminuía custos e favorecia sua aquisição;
· a automatização das mesas, que favoreceu a difusão do jogo com a comercialização de serviços de entretenimento apoiados na venda de fichas e moedas;
· o aluguel de mesas de pebolim para estabelecimentos comerciais e diversos eventos temporários;
· a instalação de mesas em diversos locais, como: casas de jogos de salão, bares, parques de diversão, empresas, centros de lazer, escolas, hotéis-fazenda, shoppings, resorts, pousadas, condomínios, academias, organizações não governamentais (ONGs), casas de campo, residências e clubes exclusivos ou não;
· a constante movimentação da bola, do início ao fim do jogo, por todos os lados do campo até o momento do gol. O jogo transcorre sob tensão emocional e prazer, estabelece relações sociais, promove renovação emocional e realimenta a vontade de praticá-lo.
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Figura 3. Fonte: http://www.febrape.com.br/ |
Um dos elementos fundamentais para a difusão do pebolim como esporte de competição-desempenho no mundo foi a criação da Federação Internacional de Pebolim (ITSF), em Oberwart (Áustria), em 16 de agosto de 2002. A iniciativa partiu de federações nacionais já existentes, promotoras de eventos nacionais e internacionais.
A gestão da ITSF desempenhou papel fundamental ao estabelecer um conjunto de ações de organização, divulgação e promoção do esporte sob caráter profissional e nas formas de competição de desempenho, formação educacional e social e lazer.
A atuação da ITSF formalizou um conjunto de elementos que favoreceram o desenvolvimento do pebolim mundialmente, entre eles:
· a adoção de regras e regulamentos oficiais, de caráter universal, com o objetivo de promover disputas mundiais;
· o acompanhamento criterioso de especificações com a validação de mesas oficiais do jogo;
· a criação de Campeonatos Mundiais e de Copas do Mundo. A primeira edição da Copa do Mundo ocorreu em novembro de 2004, em Saint Vincent (Itália);
· a implantação do programa Inclusão, Solidariedade & Prática, que criou oportunidades para crianças de todo o mundo jogarem o pebolim. A iniciativa não só distribui cem mesas de pebolim para escolas, em colaboração com os membros filiados da federação, como também busca parcerias com organizações governamentais e não governamentais pelo mundo;
· a divulgação de valores do pebolim transmitidos às crianças nas escolas, entre eles, competição, esforço, formação de caráter, bem-estar, fair play e sociabilidade;
· o incentivo às federações nacionais para buscarem o reconhecimento do pebolim como esporte.
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Figura 4. Fonte: https://web.facebook.com/photo/?fbid=557199553072588&set=pb.100063476445135.-2207520000. |
Em 7 de março de 2007, criou-se a Associação Brasileira de Pebolim (ABP), logo filiada à ITSF. A ABP foi organizada no modelo de gestão esportiva sustentado em ligas e associações municipais e estaduais, além de clubes integrados por jogadores.
No mesmo ano, começou a participação do Brasil na Copa do Mundo de Pebolim, integrada pelos atletas Clayton Fonseca (SP) e Rogério Gonçalves (ES). Desde então, a atuação de representações brasileiras tem sido frequente em eventos internacionais da ITSF.
O 1º Campeonato Brasileiro de Pebolim ocorreu em 2008, com disputas em mesas profissionais, nas categorias individual e duplas. Também surgiam os primeiros campeonatos estaduais, em São Paulo (2008) e no Espirito Santo (2009).
A criação da Federação Brasileira de Pebolim (Febrape), em substituição à ABP, em 2011, trouxe a reorganização do modelo de gestão esportiva com foco:
· no estímulo à criação de federações estaduais; uma das primeiras foi a Federação Capixaba de Pebolim;
· na oferta de competições oficiais de pebolim pela Febrape, a partir de 2011, o que beneficiou a inclusão das categorias júnior, adulto, sênior, duplas e feminina.
Uma das iniciativas de grande significado no esporte foi a instituição do Clube Brasileiro de Pebolim (CBP), em 8 de outubro de 2021.
O CBP foi estruturado para promover, organizar, coordenar e executar eventos esportivos e competições (campeonatos e torneios). A CBP atua junto a:
· autoridades administrativas, políticas e judiciárias, nos interesses individuais ou coletivos de sua categoria esportiva;
· empresas privadas, Ministério do Esporte, Secretarias Estaduais e Municipais de Esportes, Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou qualquer outro órgão das administrações municipal, estadual ou federal, além de organismos internacionais.
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Figura 5. Fonte: https://mestresdopebolim.com.br/2020/01/30/onde-jogar-pebolim/ |
Como é jogado?
O pebolim é jogado por meio de passes e chutes a gol realizados por bonecos presos a barras de metal movimentadas com manoplas no campo de jogo.
O início do jogo é definido por sorteio. Quem vence escolhe a posse de bola ou o lado do campo de jogo.
A seguir, a bola é colocada, com a mão, diante do boneco central da barra de meio-campo do time que escolheu iniciar a partida ou lançada pelo buraco lateral da mesa. A movimentação inicial da bola deve ocorrer entre toques (passes) de dois bonecos.
A disputa pode ser individual ou em duplas, nas categorias masculina, feminina, mista e por faixas etárias. No caso de um contra um, cada jogador fica de um lado da mesa controlando as quatro manoplas do seu time. No caso de duplas, um jogador controla duas manoplas, com o goleiro e os zagueiros, e o outro controla as duas outras manoplas com os meio-campistas e atacantes.
As partidas podem ser disputadas por tempo e quantidade de gols marcados. Cada gol marcado exige a saída de bola do boneco central da barra de meio-campo do time que sofreu o gol. A bola deverá ser colocada na defesa do time oposto que causou a saída da bola.
Nos torneios oficiais da Febrape, o jogo é encerrado quando um dos times completa cinco gols primeiro.
No site da Febrape, podem ser encontrados quatro tipos de regras: simples (iniciantes), básicas (disputas locais), oficiais (competições profissionais) e de bar (jogadores amadores).
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Figura 6. Fonte: http://www.febrape.com.br/torneio-2020 |
A Febrape utiliza as seguintes regras:
· é considerada bola morta aquela que se encontra fora do alcance de qualquer boneco, devendo ser reposicionada na defesa mais perto do local onde parou;
· no caso de a bola entrar e sair do gol, este é validado, contando 1 ponto apenas;
· o gol de goleiro vale 1 ponto;
· o gol aéreo é permitido, mas proibido em campeonatos oficiais;
· a partida é disputada em melhor de três ou cinco jogos, conforme previamente estabelecido em regulamento adotado em torneio ou campeonato;
· o jogo é vencido pelo time que fizer 5 gols primeiro, podendo ser definido para 5, 7 ou 10 gols, ou conforme previamente estabelecido em regulamento adotado em torneio ou campeonato;
· é proibido bater nas laterais ou atrapalhar o controle de bola do time oponente;
· é permitido girar a barra em 360º graus, desde que o jogador não retire a mão da manopla;
· o tempo de posse de bola não deverá exceder 15 segundos em cada barra, sendo que goleiro e defesa são considerados uma única barra; O tempo de posse no meio de campo é de 10 segundos;
· a mão não deve ser colocada dentro da área de jogo enquanto a bola estiver em movimento;
· as partidas podem ser arbitradas por um juiz ou autoarbitradas;
· é proibido jogar a bola no meio do campo e sair chutando-a aleatoriamente;
· é proibido chutar a gol imediatamente;
· como lazer, devem-se combinar regras quanto a tempo de jogo, total de gols para fechar a partida, gol direto do goleiro, entre outras;
· as mesas possuem versões recreativas, profissionais e de competição. As profissionais e não profissionais diferem quanto a itens como sistema de barras e material de confecção dos bonecos e precisão de chutes e passes. Nas profissionais, os bonecos estão alinhados no sistema 2-5-3, garantindo melhor desempenho de jogo. Nas não profissionais, o alinhamento é no sistema 3-4-3.
· os pés dos bonecos devem estar de 0,5 a 1 centímetro acima do piso do campo;
· o campo não deve ter caimento, e as barras devem estar bem lubrificadas;
· para regras oficiais internacionais adotadas em campeonatos oficiais no Brasil e em outros países, consulte o Livro de Regras Oficiais ITSF.
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Figura 7. Fonte: http://www.febrape.com.br/mesas |
Vamos contar algo mais pra você!
O pebolim/totó é um esporte da corrente “esportes intelectivos” (TUBINO et al., 2007).
No Brasil, o pebolim é dirigido pela Federação Brasileira de Pebolim (Febrape).
A Federação Internacional de Futebol de Mesa (ITSF) é a entidade máxima do esporte no mundo.
Em 2005, a ITSE editou um livro com diversas variações de regras utilizadas mundialmente.
Referências Bibliográficas
Baby Heróis. Saiba 5 curiosidades sobre a mesa de pebolim. Disponível em: https://babyherois.com.br/curiosidades-sobre-a-mesa-de-pebolim/. Acesso em: 30 out 2022.
Bilhar Bola de Prata. Origem do pebolim. Disponível em: http://www.bilharboladeprata.com.br/origem-do-pebolim/Acesso em: 30 out 2022.
Brasil de Fato. A invenção do Pebolim. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2017/02/16/fatos-curiosos-or-a-invencao-do-pebolim. Acesso em: 30 out 2022.
CBP. Clube Brasileiro de Pebolim. Estatuto. Disponível em: https://cbp.esp.br/wp-content/uploads/2021/11/Estatuto_Social_do_Clube_Brasileiro_de_Pebolim_v.9-Registrado.pdf. Acesso em: 02 nov 2022.
___. Regras - Clube Brasileiro de Pebolim. Disponível em: https://cbp.esp.br › regras. Acesso em: 28 out 2022.
Escola Técnica Simonsen. Brinquedos históricos – Pebolim, Totó. Disponível em: https://escolatecnicasimonsen.wordpress.com/2011/08/22/brinquedos-historicos-%E2%80%93-pebolim-toto/. Acesso em: 27 out 2022.
Febrape. Curiosidades. Disponível em: http://www.febrape.com.br/curiosidades. Acesso em: 29 out 2022.
GOMES, E. de S. Pebolim, Totó, Fla-Flu ou Pacau? Um breve histórico do campo esportivo no Brasil. Disponível em: ludopedio.org.br/arquibancada/pebolim-toto-fla-flu-ou-pacau-um-breve-historico-do-campo-esportivo-no-brasil/. Acesso em: 27 out 2022.
ITSF. A HISTÓRIA DO FUTEBOL DE MESA. Disponível em: https://www.tablesoccer.org/page/itsf-history. A HISTÓRIA DO FUTEBOL DE MESA. Acesso em: 29 out 2022.
____. REGRAS DE FUTEBOL DE MESA ITSF REGRAS DE JOGO PADRÃO. Disponível em: https://www.tablesoccer.org/page/members, regras. Acesso em: 29 out 2022.
Mestres do Pebolim. O Pebolim. História do Pebolim. Disponível em: https://mestresdopebolim.com.br/. Acesso em: 08 nov 2022.
Somente Coisas Legais (SCL). Pebolim antigo: o charme das velhas mesas de "totó". Disponível em: http://somentecoisaslegais.com.br/curiosidades/pebolim-antigo-o-charme-das-velhas-mesas-de-toto.Pebolim antigo: o charme das velhas mesas de "totó". Acesso em: 02 nov 2022.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.
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