Tapembol: criatividade, inovação, autonomia e inclusão! (versão atualizada)

Tema: Esportes Derivados de Outros Esportes

Tema: Esportes Criados no Brasil

Figura 1. Fonte: https://web.facebook.com/tapembol/?_rdc=1&_rdr


Por Fernando Garrido

 

Tapembol: experimentar, interagir, colaborar, decidir e se divertir!

 

Quando o esporte apareceu por aqui?

O tapembol foi criado em 27 de julho de 2007, em Caeté (MG), pelo professor de educação física Marco Aurélio Cândido Rocha.

A brincadeira é conhecida por bobinho e praticada por meio de toques na bola, com a mão aberta, na forma de roda. Sua adaptação para jogo regrado começou nas aulas de educação física e nos torneios realizados no Colégio CEW PROMOVE – o Centro Educacional Washington de Paula e Silva – naquela cidade.

A movimentação constante do jogo, as regras e os fundamentos técnicos simples geravam emoção, prazer e inclusão social. Destacavam-se os deslocamentos sem bola, a ocupação dos espaços e a oportunidade de todos poderem participar das jogadas. O praticante, assim, recebia, passava rapidamente a bola e a arremessava a gol.

O tapembol é um esporte de baixo contato corporal que possibilita a formação de equipes mistas e a participação de todos, independentemente de idade, sexo, capacidade física e habilidade específica refinada.

Em outubro de 2007, durante o 1º Torneio de Tapembol, no CEW, testou-se a movimentação de equipes mistas formadas tanto por meninos e meninas quanto pelos praticantes mais e menos habilidosos.

O tapembol espalhava-se pelas escolas e universidades de Minas Gerais e chegava a outros estados. Esse contexto trouxe seu reconhecimento como “jogo de todos”, um poderoso instrumento para promover mudanças de hábitos e comportamentos.

Outra ação de grande relevância foi estimular professores e colaboradores a oferecer o tapembol nas escolas do Brasil. A organização também buscou aprimorar o esporte com troca de informações entre professores; implantá-lo na formação acadêmica; capacitar profissionais; formar equipes, além de promover torneios e competições.

A divulgação do tapembol nas mídias digitais, em especial no YouTube, no Facebook e no Instagram, foi outro instrumento fundamental para o crescimento do esporte.

Instantaneamente, os vídeos no YouTube expandiram informações e a prática do tapembol, ultrapassando fronteiras invisíveis nos âmbitos nacional e mundial, em 2007. Em contrapartida, estreitaram-se contatos regulares com o professor Marcelo Rocha.

Na mídia eletrônica tradicional, o tapembol somente começou a ser veiculado em programas esportivos e de entretenimento, como os da PUC TV, em outubro de 2014.

            A relação estabelecida com instituições de ensino superior (IES) também foi importante para divulgar o esporte. A importância dessa relação pode ser observada em dois bons momentos: durante o 3º Congresso Internacional Cotidiano Diálogos Sobre Diálogos, na UFF/Niterói (RJ), o que resultou na elaboração de um artigo científico sobre o esporte em 2010, e na implantação do tapembol como disciplina de Estágio na Universo/BH, em 2013.

O crescimento da oferta do tapembol na formação acadêmica ganhava expressividade, chegando a Amapá, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Canadá e Portugal. Na Universo/BH, o tapembol assumia o caráter de atividade regular e semestral e era ministrado com palestras e oficinas por Marco Aurélio.

Da programação do tapembol na formação acadêmica constavam a realização de gincanas, torneios, aulas de recreação, encontros e cursos; a elaboração de trabalhos de conclusão de curso (TCC) e de artigos científicos e a criação de sites e blogues.

Diante do aumento da formação de profissionais de educação física nas IES e da atualização e capacitação de estudantes e profissionais da área com o adequado conhecimento técnico-didático-pedagógico, a expansão da oferta do tapembol tornou-se realidade no país.

Figura 2. Fonte: https://www.tiktok.com/@tapembol/video/7125429348332555526?is_from_webapp=v1&item_id=7125429348332555526

A prática do tapembol expandia-se – como formação educacional e social, competição e lazer – para escolas, estágios e clubes. Em Minas Gerais, destacaram-se projetos e programas, principalmente em Caeté e região metropolitana de Belo Horizonte.

·       o Programa Minas Olímpica Geração Esporte, que capacitou cerca de 50 profissionais e 150 estagiários em 2014, todos potenciais propagadores do esporte em centenas de cidades mineiras e em outros estados;

·       o ingresso do tapembol no Programa Segundo Tempo, de Betim, em Contagem e Belo Horizonte, em 2015;

·       a Caeté Olímpica, evento criado em 2017 que ofereceu o tapembol entre diversos esportes, abrangendo as seis regiões da cidade (bairro a bairro) e todas as categorias de idade e sexo, como competição de desempenho;

·       o 1º Circuito Mineiro de Tapembol, que foi instituído em 2018 e contou não só com a presença de jogadores de Belo Horizonte, Caeté e Crucilândia, mas também a transmissão da TV Caeté;

·       eventos esportivos como o Programa Esporte em Foco, da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Caeté (que ensina o tapembol uma vez por semana), os Jogos Integrados e os Jogos Escolares.

Outros elementos fundamentais para popularizar o esporte no país incluíram a fabricação das bolas Musa em Caeté (desde a criação da primeira bola) e o reconhecimento do esporte pelos Conselhos Regional e Federal de Educação Física (Cref/Confef).

Uma reportagem especial sobre a origem e os fundamentos do tapembol, publicada na Revista Educação Física (março/2016) pelo Confef, reproduz o seu valor inclusivo do esporte.

O tapembol também ganhou notoriedade no exterior, o que possibilitou dar início ao processo de criação da Federação Internacional de Tapembol (Fitapem) ainda em 2017, “um dos instrumentos reconhecidos como responsáveis, entre diversos outros atores envolvidos, com o desenvolvimento do esporte na sociedade mundial” (TUBINO, 2006, p.117).

Nessa direção, quando a Fitapem estiver em pleno funcionamento ira reforçar o aumento do significado social do tapembol, dado o caráter do esporte em geral como poderoso promotor de relações internacionais e cultura de paz.

A internacionalização do tapembol lança luz sobre o sentido didático-pedagógico do esporte e a necessidade de realizar competições continentais e mundiais, devendo-se sempre observar o cumprimento de regras universais nas disputas.

É de suma importância a realização de intercâmbios em eventos acadêmicos e esportivos (workshops e campings) realizados com clubes, entidades esportivas dirigentes, escolas e universidades do exterior para promover lazer, saúde, formação educacional e social e competições-rendimento. O intercâmbio cultural dos alunos do Colégio Padre Eustáquio, de Belo Horizonte, possibilitou ensinar o esporte, por meio do professor de educação física Luís Didiu, a estudantes do St. Michael Catholic, em Ontário (Canadá), em 2018.

Figura 3. Fonte: https://tapembol.com.br/?p=1550//Canadá 

Na passagem entre a segunda e a terceira década deste século, o tapembol já se encontrava espalhado por todos os estados do Brasil como formação educacional e inclusão social e nas vertentes do lazer e da competição-desempenho. Em âmbito mundial, é praticado em países como Argentina, Canadá, Colômbia, Indonésia, Peru, Portugal, República de Cabo Verde e Suécia.

 

Como é o jogo?

          O tapembol é um esporte pertencente à corrente “esportes derivados de outros esportes”, categorizada por Tubino et al. em 2007.

Trata-se de um esporte coletivo disputado por seis jogadores de cada lado, no qual os praticantes usam a mão aberta para dar alternadamente um ou dois toques na bola, sem segurá-la, e, por fim, marcar o gol.

O tapembol é praticado com bola própria, de cor amarela. Ela mede 53 centímetros de diâmetro e pesa 130 gramas para crianças e 160 gramas para adolescentes.

A quadra de jogo é a mesma utilizada para o futsal e o handebol, com medidas máximas de 40 metros de comprimento por 20 metros de largura. A duração total das partidas é de 24 minutos, divididos em dois tempos de 12 minutos.

Um dos elementos essenciais do jogo é o fundamento do toque (tapas), sendo permitidos até dois tapas na condução da bola antes que ela seja passada para outro companheiro. O jogo se desenvolve por passes entre os companheiros da equipe para atingir o gol.

Figura 4. Fonte: https://tapembol.com.br/?p=3274

Cada equipe tem um goleiro, dois laterais, dois defensores e um central.

O goleiro é o único que pode segurar a bola com as duas mãos, mas não pode sair da área. Em contrapartida, todos os outros jogadores podem entrar nela. O goleiro atua lateralmente distribuindo a bola na expansão da área. Ele é o principal defensor da área e articulador de jogadas no ataque.

Os dois jogadores das laterais direita e esquerda devem fazer as cobranças de retorno da bola ao jogo – de faltas, do escanteio (fundo) e das laterais – além de defender esses espaços. Eles colaboram com a defesa e o ataque e na articularão as jogadas.

Os dois defensores se revezam nas passagens pelo meio e podem auxiliar no ataque, sendo que um dos dois deverá permanecer próximo à defesa. Também cobram faltas, vantagens laterais, de fundo e de área.

O central atua como armador, mas primordialmente é finalizador a gol.

Vence a equipe que tiver maior quantidade de gols ao final do tempo de jogo.

Movimentação no jogo

É permitido defender o arremesso da bola com as duas mãos abertas em bloqueio ou domínio.

A saída de bola é do centro da quadra. Um praticante troca passe com o outro no início do jogo, no retorno do intervalo e por ocasião de gol.


Figura 5. Fonte: https://tapembol.com.br/?p=2353

O “momento de espera” é uma pausa estratégica – ação peculiar do jogo – utilizada pela equipe para se recompor, observar o posicionamento da equipe no campo. Nessa situação, podem-se dar mais de três tapas na bola contra o chão sem driblar, andar ou trocar de mãos.

O tapembol traz ainda elementos peculiares de jogo, como as seguintes vantagens:

Vantagem de área – onde a cobrança na área comum de qualquer tipo de falta física, técnica ou gestual. É feita por dois jogadores e somente contra o goleiro, um levanta e o outro finaliza. O rebote é considerado bola em jogo.

Vantagem lateral – onde o jogador, colocando um pé na linha e outro atrás, segura a bola com uma das mãos e, com a outra, coloca a bola em jogo.

Vantagem de fundo – onde o jogador, com um pé posicionado na marca de interseção (fundo/lateral) e outro atrás, arremessa ou toca a bola com uma das mãos para o companheiro melhor posicionado na área.

Situação de falta

A falta é marcada quando o jogador segura, empurra ou atinge o adversário de forma violenta. Uma falta cometida durante o arremesso ao gol pode ser sancionada, com um lance livre.

falta técnica, pela bola, é imediatamente cobrada nas linhas laterais, na direção onde ocorreu. Ela é marcada quando o jogador segura, manipula, chuta, domina ou soca a bola; utiliza as duas mãos (salvo bloqueio); infringe o momento de espera ou aplica três toques.

falta física é imediatamente cobrada no local onde ocorreu.

 

Vamos contar algo mais pra você!

A Liga Brasileira de Tapembol (Libra) é a entidade máxima do esporte no país.

A Federação Internacional de Tapembol (Fitapem) é a entidade máxima mundial do esporte e foi criada no Brasil.

 

Figura 6. Fonte: https://web.facebook.com/tapembol/?_rdc=1&_rdr

Referências Bibliográficas

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