Tambor / Três Tambores/Barrel Racing: sincronia de conjunto, foco em excelência e melhoria de desempenho!



Figura 1. Fonte: https://www.canalrural.com.br/sites-e-especiais/etapa-campenato-nacional-tres-tambores-jaguariuna-56370//Fonte: ANTT/Divulgação


Por Fernando Garrido

 

Tambor / Três Tambores/Barrel Racing: velocidade, coordenação e agilidade!

 

Quando o esporte apareceu por aqui?

Os três tambores surgiram nos Estados Unidos da América (EUA) e chegaram ao Brasil no início da década de 1970, com a vinda do cavalo quarto de milha. A modalidade passou a ser disputada como uma das provas de rodeio.

A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Quarto de Milha (ABQM), criada em 15 de agosto de 1969, deu início aos primeiros campeonatos do esporte, realizados nas cidades de Presidente Prudente e Bauru, em São Paulo, e arredores. As competições de três tambores ocorriam juntamente com as modalidades de seis balizas e cinco tambores.

Em 2003, nascia, sob a orientação de atletas amazonas, a Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT), primeira organização administrativa de cunho nacional do país.

Um ano depois, a ANTT promoveu o 1º Campeonato Brasileiro de Tambor. Desde então, esses eventos têm sido disputados em etapas pelo país. A modalidade também foi adotada em competições disputadas por diversas associações nacionais de raças equinas.

Em 2007, intensificaram-se as parcerias no esporte com o surgimento da Associação Brasileira de Treinadores de Tambor e Baliza (ABTB). Criada pelo treinador Abelardo Peixoto, a associação passava a contribuir para a implantação de novas ações voltadas ao desenvolvimento do esporte no Brasil.

Figura 2. Fonte: https://paranavai.portaldacidade.com/noticias/cidade/prova-dos-tres-tambores-da-expoparanavai-comeca-nesta-sexta-feira-13-0431//Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa Expo Paranavaí


A ABTB colaborava na adoção da profissionalização do esporte, na melhoria do treinamento dos animais, na adequação da infraestrutura de arenas (seguras, cobertas e confortáveis) e no irrestrito cumprimento de regras e regulamentos das competições.

Também de iniciativa da ABTB, surgia, em 2010, um dos grandes eventos de três tambores e seis balizas – a Copa São Paulo. A primeira edição ocorreu no Haras Raphaela, em Tietê (SP). O objetivo era despertar o interesse de competidores em âmbito regional e aumentar a visibilidade do esporte com a promoção anual de um campeão estadual. A expressiva quantidade de competidores, animais e estados participantes levou o evento a ser reconhecido, a partir de 2012, como Copa Brasil ABTB de Tambor e Baliza.

Sem dúvida, a evolução do esporte equestre rural no Brasil liga-se a uma série de iniciativas, atores e agências sociais, como o protagonismo e o pioneirismo das amazonas.

Na estruturação da gestão do esporte, por exemplo, surgiram entidades como a ABQM, a ABTB, a ANTT, a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), a Associação Nacional de Cavalos de Tambor do Brasil (NBHA Brazil) e as associações brasileiras de criadores de raças equinas.

Mais competições de três tambores passaram a ser oferecidas em eventos independentes e de rodeio promovidos por fazendas, haras, feiras, congressos, clínicas, cursos, exposições agropecuárias e parques esportivos no país.

Aulas de iniciação esportiva, treinamentos regulares e competições internas hoje fazem parte da rotina de organizações sociais de apoio integral ao esporte equestre, como haras, clubes hípicos e centros equestres, seja no lazer ou na formação de atletas para competição. Os locais também contam com uma adequada infraestrutura de hospedagem, alimentação, tratamento veterinário, pessoal especializado no trato com os animais e áreas de treinamento.

A própria criação da NBHA Brazil, em 2007, estabeleceu um novo marco para o desenvolvimento do esporte com novas ações implementadas pelo país. Filiada à Associação Mundial de Cavalos de Tambor (WBHA), que está sediada nos EUA, a entidade apoia principalmente a realização de eventos de três tambores e acompanha os competidores nos estados. Também participa da organização de campeonatos brasileiros homologados pela CBH, oferece cursos e treinamentos aos atletas e classifica conjuntos para provas internacionais, como o Pan-Americano, o Mundialito e o Campeonato Mundial de Três Tambores. As melhores duplas de cavaleiros e amazonas são credenciadas por categorias de idade para participar de eventos internacionais realizados pela NBHA ou WBHA.

Figura 3. Foto: https://www.ovale.com.br/esportes/rei-dos-tres-tambores-se-instala-em-taubate-1.87815//Divulgação


A indústria do esporte equestre cresce com a oferta de produtos e serviços e gera renda, trabalho e impostos nos meios urbano e rural. Fomenta as atividades de criação e treinamento de cavalos para o esporte e a exportação, além de contribuir para a visão essencial sobre bem-estar animal.

Outro fator de destaque é a criação de parcerias entre o esporte equestre e empresas públicas e privadas. Além de estimular o turismo na cidade e, principalmente, no campo, elas ampliaram a organização e o patrocínio de eventos e criaram condições para a distribuição de altos valores em prêmios aos vencedores.

Os eventos internacionais de tambor deste século também ajudaram a empreender uma nova dinâmica ao esporte equestre no campo. Um dos primeiros foi o Mundialito de Três Tambores, realizado na Festa do Peão de Barretos em 2011. Na ocasião, o Brasil obteve com Rafaela Laturraghe e Ronildo Morais o terceiro lugar.

O ranking e os recordes mundiais, dois elementos de estímulo, ganharam mais evidência com a modalidade. Nas competições nacionais entre 2013 e 2022, foram batidos seis recordes mundiais por atletas estrangeiros e brasileiros.

Em 16 de junho de 2014, foi implantada a Super Semana do Tambor NBHA Brazil. Em formato de feira, o evento representou um novo modelo de promover a equinocultura ao integrar diversos tipos de empreendimento, como competições (nacionais e internacionais), clínicas técnicas, entretenimentos e comércios western. O evento foi realizado no haras Raphaela, em Tietê (SP).

O reconhecimento da modalidade de três tambores pela CBH, em 2015, levou à constituição de uma diretoria específica voltada para a importância da formação de cavalos para competição.

O esporte expandiu-se em todo o território brasileiro, em especial na Região Norte-Nordeste, apoiado pelas organizações ANTT, NBHA Brazil e as associações brasileiras de criadores de raças equinas.

Novas tecnologias foram adotadas, como o equipamento Split Timing, que permite medir, ao longo de todo o percurso (retas e voltas), o desempenho do conjunto animal-atleta por meio de sete parciais separadas por telemetria.

Figura 4. Foto: https://portalmorada.com.br/esporte/esportes/63723/araraquarense-e-vice-campea-de-tres-tambores//Ana Carolina Cardozo foi vice-campeã em sua categoria. Foto: Divulgação

Como se pode ver, os três tambores crescem no país em um círculo virtuoso de elementos. Gestão especializada, profissionalização, formação de atletas, patrocínios e premiações, capacitação de treinadores e pessoal de apoio, aumento do número de arenas e competições e a preocupação com o bem-estar animal são apenas alguns deles.


Como é o esporte?

Seguindo-se a classificação de Tubino et al. (2007), pode-se dizer que os três tambores são uma modalidade da corrente esportes com animais.

O cenário oficial da competição é montado em formato de triângulo, por três tambores de 200 litros vazios, distantes 30 metros entre si.

O competidor deve contornar os três tambores com giros de 360 graus em menor tempo possível. O primeiro tambor deve ser contornado da esquerda para a direita, e os dois últimos, no sentido contrário. O percurso termina com um galope até a linha de chegada. O atleta pode escolher o lado em que vai iniciar a prova.

Uma das valências físicas fundamentais da prova é a velocidade empreendida pelo conjunto atleta-animal. Para isso, é essencial escolher bem a raça do cavalo. Uma das mais utilizadas é a quarto de milha.

Outra exigência é a vestimenta do competidor. Devem-se usar, obrigatoriamente, implementos como chapéu, calça, camisa de manga longa (com punhos abotoados) e bota ou botina.

A competição exige também a pesagem do competidor (cavaleiro/amazonas) junto com a sela e a manta freio devem ter pelo menos 65 kg.

Uma das penalidades de maior importância no esporte é a derrubada do tambor, o que determina 5 segundos de acréscimo no seu tempo final. Dois tambores derrubados levam à desclassificação.

A passagem do focinho do cavalo pelas linhas de partida e de chegada determina o acionamento e o travamento do cronômetro, configurando-se o início e o final da prova.

Vence a final quem obtiver o menor tempo.


Vamos contar algo mais pra você!

A Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) é a entidade esportiva máxima do esporte no país.

A Associação Nacional de Três Tambores (ANTT) é a entidade de caráter nacional que atua na divulgação, organização e valorização da modalidade e de suas competições. Busca viabilizar parcerias e defender os interesses do esporte e associados.

A Federação Equestre Internacional (FEI) é a entidade esportiva internacional máxima do esporte.

A modalidade de três tambores está presente no maior evento country do país, a Festa do Peão de Barretos, além da Expo Londrina, da Expobel e outras.

Existem quatro pontos de extrema relevância na modalidade. O primeiro é a avaliação feita no cavalo após a competição, com desclassificação do atleta se constatados ferimentos por chicotes e esporas.

O segundo é a presença marcante e pioneira da participação feminina, somando-se à dos cavaleiros e à de todas as idades.

O terceiro componente é a busca por novos recordes mundiais nas competições realizadas no país, um componente de maior valor a partir da segunda década deste século.

O último elemento, crítico para o sucesso do esporte, são as entidades brasileiras criadoras das raças equinas, que estimulam a pratica dos três tambores e a formação de atletas do esporte equestre em geral. Elas atuam em torneios, competições, leilões, melhoria de raças e exportação de animais. Além disso, promovem festas independentes do esporte em haras, parques de exposição e clubes e centros hípicos, produzindo mais visibilidade para o tambor no país.


Referências Bibliográficas

ABQM. Home/Esportes. Disponível em: https://www.abqm.com.br.Acesso em 15 jun 2018.

ABTB. Quem Somos. Disponível em: http://abtbtreinadores.com.br/associacao/Acesso em: 25 abr 2022.

ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores. Home. Disponível em: antt.org.br/. Acesso em: 15 jun 2018.

CAVALUS. NBHA trabalha pela expansão dos Três Tambores no Brasil. Disponível em: https://cavalus.com.br/assessoria/abtb/tres-tambores-nbha-expansao-no-pais/Acesso em: 25 abr 2022.

_______. Split Timing: sistema de alta tecnologia contribui no desempenho nas provas de Três Tambores. Disponível em: https://cavalus.com.br/geral/split-timing-sistema-de-alta-tecnologia-que-contribuiu-no-desempenho-nas-provas-de-tres-tambores/Acesso em: 06 maio 2022.

CBH Confederação Brasileira de Hipismo. Home. Disponível em: http://www.cbh.org.br. Acesso em: 15 jun 2018.

COSTA, L. P. da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro, Shape, 2004.

HARASRAPHAELA. O Recinto. Disponível em: http://harasraphaela.com.br/o-recinto/Acesso em: 25 abr 2022.

MIRANDA, Daniela. Esportes Equestres têm grande impacto na cultura e na economia do país. Disponível em: https://www.fazu.br/02/esportes-equestres-tem-grande-impacto-na-cultura-e-na-economia-do-pais/ Acesso em: 05 maio de 2022.

Porforadaspistas. Final Do Campeonato Brasileiro de Três Tambores ANTT em ... Disponível em: www.porforadaspistas.com.br/final-do-campeonato-brasileiro-de-tres-tambores-antt-e.... Acesso em: 15 jun 2018.

Portalagropecuário. A prova de Três Tambores envolve habilidade, força e velocidade ... Disponível em: www.portalagropecuario.com.br › Cavalos. Acesso em: 07 jan 2018.

Rodeowest. Conheça a origem e as regras da prova dos Três Tambores | Blog ... Disponível em: https://blog.rodeowest.com.br/curiosidades-rodeio/origem-regras-prova-tres-tambores/. Acesso em 07 jan 2018.

Revista Horse. As novas manobras do Tambor. Disponível em:https://www.revistahorse.com.br/imprensa/as-novas-manobras-do-tambor/20200610-162151-m708. Acesso em: 15 maio 2022.

_______. Voando pelos tambores: a genética do futuro. Disponível em:https://www.revistahorse.com.br/imprensa/voando-pelos-tambores-a-genetica-do-futuro/20200211-161804-p323. Acesso em: 15 maio 2022.

TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário Enciclopédico Tubino do Esporte. Senac: São Paulo. 2007.




Leia mais:
Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo - Cepea
https://www.cepea.esalq.usp.br/en/documentos/texto/estudo-do-complexo-do-agronegocio-do-cavalo-resumo-coletanea-estudos-gleba.aspx

















































 
















 


Comentários