Túnel de Vento/Paraquedismo Indoor/indoor skydiving: aventura, adrenalina, segurança e liberdade!
Figura 1. Fonte: http://www.achabrasilia.com/ifly/Divulgação |
Túnel de Vento/Paraquedismo Indoor/indoor skydiving: um voo irresistível!
Por Fernando Garrido
Quando o esporte apareceu por aqui?
Pode-se
dizer que os primeiros passos do túnel do vento no Brasil se confundem com os
filmes Zona Mortal (Drop Zone, 1994) e Instinto
Radical (Cutaway, 2000), que conferiram visibilidade ao esporte e
estimularam sua prática no país.
A partir da segunda década deste
século, um conjunto de ações, bem como o aumento da influência exercida pela
relação mídia-esporte, ajudou a desenvolver o esporte por aqui.
Um dos primeiros
elementos condicionantes foi a importação de um simulador de queda livre ainda
em 2000. O equipamento, contudo, só começou a ser utilizado depois de cinco
anos por razões que não serão tratadas aqui.
O simulador foi instalado em 2005 no
Centro Nacional de Paraquedismo Azul do Vento, em Boituva (SP), uma das
organizações não governamentais mais tradicionais do paraquedismo no país.
A aquisição do simulador de queda livre favoreceu a implantação do paraquedismo em ambiente fechado. Também possibilitou a transformação das rotinas de treinamentos esportivos diários. E ainda potencializou a melhoria do desempenho, dos níveis de competição e do alcance de novos recordes. O simulador tornou-se poderosa ferramenta no desenvolvimento do paraquedismo em geral quanto à formação educacional, ao lazer e à competição-rendimento.
Nesses aspectos, o simulador tornava-se um elemento-chave a ser adquirido pelo Batalhão de Apoio às Operações Especiais (B Ap Op Esp), localizado em Goiânia (GO). O B Ap Op Esp tomava a decisão de importar um equipamento de origem americana, modelo fixo, fabricado pela empresa SkyVenture (atual iFly) e colocado em operação em 2008.
Uma nova dinâmica de trabalho garantiu a utilização do simulador de queda livre em apoio ao adestramento, uma ferramenta inovadora de manutenção dos níveis de prontidão dos saltadores livres do Comando de Operações Especiais (COpEsp) e de Organizações Militares (OM) subordinadas pelo B Ap Op Esp.
Também ampliou as possibilidades de treinamento das equipes desportivas do Exército Brasileiro (EB), da Marinha do Brasil (MB) e da Força Aérea Brasileira (FAB). As iniciativas estendiam-se às tropas de operações especiais das demais Forças Armadas, incluindo as estrangeiras, e de formação de novos saltadores livres, por intermédio dos instrutores do Curso de Salto Livre do Centro de Instrução Paraquedista General Penha Brasil (CI Pqdt GPB), na Vila Militar, no Rio de Janeiro.
Figura 2. Fonte: http://www.cde.eb.mil.br/ultimas-noticias/278-equipe-do-exercito-no-campeonato-de-paraquedismo-indoor |
A aquisição do simulador garantiu que as condições da queda livre fossem reproduzidas fielmente desde o momento do abandono da aeronave em voo. Reduzia consideravelmente os riscos inerentes à queda livre no salto. Diminuía ainda os custos de formação e adestramento, de horas-voo (por não precisar utilizar aeronaves) e das limitações impostas pelas condições de tempo nublado e chuvoso.
Entre os benefícios da utilização do equipamento estavam a melhoria da performance técnico-profissional e o aumento da segurança em ambientes fechados, controlados e confiáveis. O simulador permitia ampliar o número de repetições e correções dos movimentos em queda livre e de novas figuras de manobra a céu aberto.
O simulador também passava a ser utilizado durante as rotinas de treinamentos esportivos regulares nos meios militar e civil e na preparação de militares no cumprimento de missões constitucionais, o que conferiu nova realidade para o esporte em geral.
A importação desses equipamentos esportivos com tecnologia de ponta criava novas perspectivas de atendimento às necessidades do paraquedismo e de suas modalidades para atletas civis e militares e atividades profissionais militares.
Um dos principais desdobramentos dessa importação foi a atenção despertada nas empresas privadas para a fabricação nacional de simuladores de vento vertical.
A criação, a fabricação e a utilização de moderna tecnologia de ponta no desenvolvimento do simulador de túnel de vento tornavam-se viáveis com a parceria entre instituições distintas.
Formalizou-se uma relação entre a Dynamis – empresa privada de soluções e produtos e agregadora de pesquisa, desenvolvimento e inovações tecnológicas em construção civil e aeronáutica – e instituições de fomento a pesquisa científica, desenvolvimento e inovações tecnológicas (PD&I), como a Fapesp, o CNPq e a Finep. A parceria garantiu a fabricação de equipamento de ponta para o esporte e possibilitou a geração de conhecimento ao meio empresarial.
Essa iniciativa lança luz sobre a necessidade de parcerias com organizações empresariais, universidades e instituições científicas (CT&I) para a criação e fabricação de equipamentos e materiais esportivos de alta tecnologia nacional em busca da melhoria do desempenho esportivo.
Figura 3. Fonte: https://www.windup.com.br/comparar-ifly-windup/ |
Da
elaboração do projeto até a fabricação do Wind Up transcorreram-se seis anos.
Tratava-se do primeiro simulador de túnel de vento vertical nacional móvel e
desenvolvido por engenheiros brasileiros. O processo iniciou-se em 2006 e, no
final de 2011, o equipamento passou por testes na empresa.
Uma
versão aprimorada do simulador foi instalada em janeiro de 2012 no Centro
Nacional de Paraquedismo (CNP), em Boituva, resultando em melhorias de
desempenho, segundo avaliações concretizadas no final de 2017.
Outro elemento importante para a divulgação do túnel de vento
no país foi o filme
Operação Skyfall, da série 007. Lançado em setembro de 2012, ele contou com cenas
gravadas nas instalações da empresa Dynamis, com sede em Ferraz de
Vasconcelos (SP).
O novo esporte, de ambiente fechado, despertava maior
interesse das mídias tradicionais abertas, diferentemente do que se observava
no paraquedismo tradicional a céu aberto, sem holofotes. Diversas matérias,
fotos e imagens de vídeos também eram produzidas pela televisão fechada, pelas
redes sociais e pelos jornais.
Novas
oportunidades de entretenimento surgiam com o espaço que o esporte ganhava nos
shoppings centers. O primeiro a promover o efetivo acesso da população ao túnel
Wind up foi o Shopping Tamboré, em Barueri (SP), em maio de 2013. Em seguida,
foi a vez dos shoppings da capital paulista.
O
simulador Wind up Free-Fall, uma nova
ferramenta, garantia diversão, atraía pessoas e incentivava mudança de hábitos
e comportamentos.
Essa prática
em shoppings, parques temáticos e clubes-escola de paraquedismo despertava, de
forma natural, o aparecimento de torneios internos entre praticantes.
A prática do túnel de vento também crescia como atividade de lazer e negócio com a investida da poderosa indústria do esporte mundial. Como exemplo, está a iFLY Indoor Skydiving, empresa norte-americana instalada em São Paulo e Brasília, que entrou no mercado consumidor brasileiro no primeiro semestre de 2016.
Em pouco tempo, abriam-se novas perspectivas para o
desenvolvimento do túnel de vento, com os primeiros torneios internos sendo
oferecidos nas instalações daquelas duas cidades.
Como resultado, organizou-se 1ª Copa de Paraquedismo Indoor em São Paulo, com
cerca de 50 participantes em diversas categorias. O evento teve o apoio da
Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq) e ocorreu em 29 de julho de
2016.
De uma parceria firmada entre a iFly e a CBPq, por
meio do Comitê de Paraquedismo Indoor, nasceu um calendário de eventos para o
túnel de vento.
Uma das primeiras competições instituídas foi o 1º
Campeonato Brasileiro de Paraquedismo Indoor, que ocorreu em dezembro de 2017.
As provas envolviam formações em queda livre de dois e quatro paraquedistas
(FQL-2 e FQL-4). O sistema de julgamento foi ao vivo, e o acesso para o
público, livre e gratuito. A plateia distribuía-se ao redor de uma cúpula
transparente.
As primeiras competições internacionais de paraquedismo
indoor abriam-se no mercado brasileiro. O primeiro campeonato latino-americano
foi oferecido junto com o brasileiro nas instalações da iFly em 20 de novembro
de 2021.
Um dos
principais modelos de gestão do esporte implantados no país pode ser encontrado no túnel de vento impulsionado por empresas privadas fabricantes de
equipamentos e materiais esportivos; promotoras de vendas, franquias e locações
e criadoras e executoras de projetos com fins esportivos e de infraestrutura.
Figura 4. Fonte: https://www.windup.com.br/paraquedismo-indoor-com-desconto/ |
Atuam
na prestação de serviços, na organização de eventos esportivos em geral e na
manutenção e operação de equipamentos.
Elas
também oferecem instrutores profissionais para atividades de lazer, eventos
diversos (como escolares e empresariais), aulas básicas de iniciação esportiva
ao paraquedismo tradicional, treinos regulares e competições. Da mesma forma,
ainda se destacam por suas ações de mídia e marketing.
Podem ser observadas ainda a formalização de parcerias entre essas empresas e entidades de diversos setores (em especial esportivas) para utilizar infraestrutura desmontável ou fixa a fim de promover torneios e competições nas esferas educacional, social e de rendimento, em âmbito local, regional, nacional e mundial, conforme padrões regulatórios internacionais.
Em
suma, o que se revela em curso sobre o túnel de vento é uma visão ampliada do esporte como produto, serviço, lazer e negócio.
Como
é o esporte?
O túnel de vento também é conhecido
como indoor skydiving, paraquedismo indoor, body flying ou free
fall simulator.
Pode ser considerado um
esporte da corrente “radical, de aventura e natureza”, segundo classificação
proposta por
Tubino et al. (2007).
Seu simulador foi concebido para
facilitar a reprodução e aprimorar as técnicas de voo e de figuras de manobras
dos paraquedistas (militares e atletas) em locais fechados, garantindo-lhes
maior segurança em queda livre.
O equipamento pode ser fixo ou móvel. De alta tecnologia, produz um
fluxo homogêneo de vento
em todas as seções que favorece a sustentação do corpo no ar.
O simulador é integrado por câmara de voo vertical com
paredes de material transparente, sala de espera e setor com mesa de controle.
A presença de arquibancada ao redor permite aos espectadores acompanhar a
evolução das manobras realizadas.
O praticante permanece sustentado por
forte fluxo de ar (produzido por motores elétricos) dentro de uma cápsula
cilíndrica ou de uma câmara de voo circular com diâmetro e altura
variáveis.
O vento é produzido em grande
velocidade por turbinas capazes de manter o corpo flutuando em queda livre. As
velocidades atingem entre 250 e 300 quilômetros por hora.
A sensação é a de um efetivo salto de
paraquedas, devendo o praticante buscar sustentar seu corpo no ar ao permanecer
na posição por maior tempo possível.
A prática do esporte, embora
considerada extremamente segura, exige equipamentos como macacão, capacete,
protetores auditivos e óculos.
Os procedimentos básicos de voo são
realizados antes da atividade, sob a orientação de profissionais capacitados.
Para manter o equilíbrio, deve-se observar a posição de voo, do queixo, dos
braços (erguidos e abertos), das pernas, além do polegar (levantado para cima
em forma de OK).
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Figura 5. http://www.copesp.eb.mil.br/index.php/editoria-b/baoe/442-o-simulador-de-queda-livre-tunel-de-vento-do-b-ap-op-esp-copesp |
As provas realizadas são de:
Paraquedismo
de Formação – envolve movimentações conjuntas por
meio de formações com a barriga voltada para baixo durante o voo;
Formação
Vertical – envolve movimentação vertical das
equipes com a realização de figuras no centro do túnel. Os participantes voam
de cabeça para baixo e para cima em relação à rede. Cada equipe possui dois ou
quatro participantes. Vence a partida a equipe que acumular mais pontos.
Estilo
Livre – é um voo artístico, de caráter
individual, com rotinas de manobras acompanhadas de música. Tem duração de 60
segundos.
Voo
Dinâmico – é um voo artístico de equipes
formadas por dois ou quatro integrantes. Um segue o outro pelo túnel, como uma
corrida contra relógio. Rapidez e precisão determinam o vencedor, e os erros
são computados no tempo final.
O esporte exige rotinas pré-determinadas de várias manobras
completadas e a sua execução dentro dos limites de tempo estabelecidos.
Vamos contar algo mais pra você!
O túnel de
vento é dirigido e organizado pela Confederação Brasileira de Paraquedismo
(CBPq) no país.
Em âmbito mundial, o paraquedismo é
dirigido e organizado pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI).
Os
primeiros simuladores de vento vertical, criados ainda em 1940, foram
utilizados nas tarefas desenvolvidas pela Agência Espacial Norte-Americana
(NASA).
Nas
missões espaciais a partir de 1968, astronautas e equipes de apoio tiveram seus
treinamentos especiais nesses equipamentos.
O
desenvolvimento do equipamento teve grande impulso no Canada em 1978 como
diversão, ainda utilizado com ambiente totalmente aberto em sua parte superior
(sem câmara).
A
tecnologia de câmara de ar fechada somente foi criada e fabricada em 1998, pela
SkyVenture Orlando, uma organização que viria a se tornar iFly Orlando. Embora
isso tenha configurado o esporte como é conhecido hoje no mundo, o equipamento
encontra-se em contínuo processo de modernização.
Também
não se pode deixar de mencionar, ainda que brevemente, a utilização de
simuladores horizontais, que começaram a aparecer no fim do século 19. Eles são
amplamente utilizados em testes aerodinâmicos em diversos setores, como nos
equipamentos e materiais esportivos.
Figura 6. Fonte: http://www.achabrasilia.com/wp-content/uploads/2016/02/ifly-brasilia-e1456071004417.jpg//Divulgação |
Por
fim, no túnel de vento aplica-se uma série de conceitos provenientes das áreas
de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Esse é um forte
ingrediente para instigar os estudantes a conhecer o equipamento.
Referências
Bibliográficas
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