Kitesurf / Kiteboard / Flysurf: respeito à natureza, inclusão social e responsabilidade socioambiental!
Fonte: https://www.ceara.gov.br/2019/09/23/ceara-se-destaca-por-potencial-relativo-a-economia-do-mar//recorde mundial, em Cumbuco (CE). |
Kitesurf / Kiteboard / Flysurf: estilo de vida, autonomia e saúde!
Por Fernando Garrido
Quando o esporte apareceu por aqui
O kitesurf chegou ao Brasil em 1996,
com Paulino Ferrari, em Búzios (RJ), e Stefano Rosso, na capital de São Paulo.
Um ano depois, o atleta Maurício de Abreu esteve
na Ilha de Maui (Havaí) para praticar o esporte e competir no 1º Campeonato
Mundial. O evento foi realizado em 1998, nas modalidades wave, slalom e longa
distância. Na ocasião, o atleta alcançou o sexto lugar.
Um verdadeiro show de saltos e
manobras também ocorreu nos céus de Maui, em 1999, com a King of the Air,
competição que conferiu mais visibilidade à prática mundial do kitesurf. No
mesmo ano, foi realizada a 1ª Copa do Mundo na França, com disputas mistas, sem
distinção de sexo.
O modelo de competição em etapas do Circuito
Mundial de Kiteboard – o 1º Kitesurf Pro World Tour, que é disputado desde 2000
– potencializou novos negócios nas localidades escolhidas para os eventos, como
Alemanha, Cabo Verde França, Itália, Havaí e Rio de Janeiro.
O primeiro grande evento
profissional na América do Sul foi justamente a última etapa do Circuito
Mundial, que se tornou conhecida como Rio Kiteboard Pro-2000. A etapa foi
realizada na Barra da Tijuca (RJ), em dezembro, e apresentou, entre as
novidades, a fundação do Rio Kite Clube, a primeira associação do esporte no
Brasil.
O 2º Kite Pro World Tour do Rio de Janeiro ocorreu
em 2001 e estabeleceu significativas mudanças no esporte. Com ele surgiram o
Campeonato Mundial Feminino, a Organização Internacional de Kiteboard (IKO) – entidade
máxima fundada por atletas, e a Associação Brasileira de Kitesurf (ABK).
A ABK, que é subordinada à Confederação Brasileira
de Vela e Motor (CBVM) e filiou-se à Organização Internacional de Kiteboard
(IKO), criou condições para a realização do 1º Desafio Brasileiro de Kitesurf, em Araruama
(RJ). Venceram o evento os atletas Marcelo Cunha e Daniela Monteiro.
Fonte: https://abk.com.br/campeonato-mundial-de-formula-kite-2020/ |
A gestão da ABK favoreceu a implantação de um
conjunto de iniciativas como a fundação de associações esportivas de caráter
municipal e estadual. A elaboração de calendários de eventos anuais formalizava
a organização de competições locais, estaduais, nacionais e mundiais.
O esporte como competição-rendimento estimulou a
formação de atletas e a busca por parcerias entre o kitesurf e as empresas
promotoras e patrocinadoras dos eventos no Espírito Santo e no Rio de Janeiro,
além de contar com a presença da mídia e do marketing.
A oferta de mais competições em âmbito nacional e mundial também
estreitou parcerias, conforme se pôde constatar em 2002, na realização do 2º
Campeonato Brasileiro de Kitesurf – Circuito OI Kite Surf Pro – cuja última
etapa divulgou a Praia do Pepê, na Barra da Tijuca.
Os eventos internacionais profissionais realizados no Brasil,
como o Desafio Mundial PKRA Kami Kite 2002, contribuíram para estimular o
turismo esportivo no país. O evento contou com a participação dos melhores
kitesurfistas do mundo e ajudou a projetar a Lagoa de Araruama.
O Brasil também foi cenário para a
implantação de modelos experimentais de competição com formato de rali, o que
contribuiu para torná-lo um dos principais destinos do esporte no mundo.
O primeiro rali de kitesurf com foco em regularidade
foi disputado na Praia do Bessa, em João Pessoa (PB), em 2006. A competição
contribuiu para divulgar as belezas naturais da Região Nordeste e a
participação de grandes atletas de renome mundial no país, como Susi Mai
(Alemanha), Oliver Butsch (Áustria), Clarissa Hempel (Brasil) e Daniel Barret
Leroy (EUA).
As altas performances e os resultados expressivos
garantiram as conquistas de campeonatos mundiais no país e no exterior e
despertaram a atenção internacional para os atletas brasileiros. Entre eles, Bruna
Kajiya, Guilly Brandão - tricampeões mundiais e Carlos Mário "Bebê" e Mikaili Sol – tetracampeões mundiais.
Fonte: https://www.facebook.com/abkoficial/photos/a.736691509704157/2823673754339245 |
O intercâmbio esportivo (treinamento e
competição), outro instrumento de valor no esporte, tem sido favorecido pela
enriquecedora e marcante presença de atletas, equipes e delegações
estrangeiras, conhecedores de condições geográficas e ambientais ideais à
prática do esporte. Essa relação também atua em favor da melhoria de
desempenhos físicos, técnicos e estratégicos e ações direcionadas à consciência
ambiental.
Essas condições geográficas e ambientais
apresentam-se em diversas localidades no país, em especial no Nordeste. Orla
marítima extensa e águas interiores navegáveis em boa temperatura, ventos e
ondas constantes, marés favoráveis, paisagens paradisíacas são elementos de
valor para essa prática esportiva. Promovem intensa e harmoniosa convivência
com o esporte, além de garantirem maior segurança e tempo de permanência para
atletas em treinamento na água.
A relação esporte-meio ambiente favoreceu o
crescimento do turismo esportivo e promoveu maior envolvimento de prefeituras.
Ampliou oportunidades para criar novos empreendimentos (como escolas, estabelecimentos
comerciais de lazer e aluguel de equipamentos) e gerar renda e impostos.
Uma estreita sintonia entre esporte e
responsabilidade social e ambiental também pode ser encontrada em projetos e
programas espalhados pelo país. Nesse sentido, um dos bons exemplos que
utilizam o kitesurf é a ONG Projeto Vivo, criada em 2013.
A oferta de novos eventos de rali no país com foco
em resistência (endurance) também gerou maior visibilidade ao
kitesurf mundial. Em 2014, foi realizada a primeira edição do Red Bull Rally
dos Ventos. A competição teve percurso de 16 quilômetros no Parque Nacional dos
Lençóis Maranhenses, em Santo Amaro (MA), e contou com o apoio de empresas,
prefeitura e mídia.
A segunda edição desse evento somente ocorreu em
2017 e teve um percurso de 65 quilômetros. As tarefas eram combinadas – velejar
na água e cruzar trechos de areia (dunas) com a prancha nos pés ou não – o que
proporcionou grandes desafios para os atletas.
Novas competições de kitesurf se tornavam uma
realidade em âmbito mundial com a criação da Associação Global de Kitesurf
(GBK) no final de 2016. Em 2017, a GKA passava a gerir a organização de
Campeonatos Mundiais e de Copas do Mundo de Kiteboard nas modalidades ondas,
estilo livre sem alças, big ar, estilo livre de ponta dupla
e slider/obstáculo.
Em 2018, criou-se um novo modelo de competição: o Circuito Mundial GKA
Kiteboarding World Tour – “GKA Air Games”. Depois de quatro etapas, o evento
teve como primeiros vencedores os brasileiros Carlos Mário, na categoria
masculina, e Mikaili Sol, na feminina.
Umas das etapas do circuito mundial freestyle, conhecida por Super Kite Brasil, evidenciou a Praia do Cumbuco (CE) em novembro de 2018. O evento também foi vencido por Carlos Mario e Mikaili Sol.
Em maio de
2019, foi realizada no Lago de Garda, norte da Itália, a primeira competição
internacional para selecionar atletas para a Olímpiada de Paris em 2024 – o Pascucci
Formula Kite World Championship. O evento
mostrou um cenário de montanhas recobertas de gelo e a presença de atletas
brasileiros nas disputas das categorias simples e mista.
Fonte: https://www.facebook.com/abkoficial/photos/a.736691509704157/3661407920565820 |
Em termos olímpicos, ocorreram dois grandes fatos
de significativa relevância para o kitesurf mundial em 2020. O primeiro deles
foi a instituição da classe de entrada para fomentar jovens atletas a chegar à
modalidade olímpica Fórmula Kite. O segundo foi a homologação dos equipamentos
para essa modalidade nas Olimpíadas de 2024.
Entre 8 a 14 de outubro de 2021, teve o início no
Brasil um dos maiores eventos do kitesurf mundial – o 1º Rali do Sertões de
Kitesurf de Resistência. A travessia de 500 quilômetros pelas águas entre São
Miguel do Gostoso (RN) e Preá (CE) contemplou cinco etapas. Realizado à maneira
do Rali dos Sertões de Automobilismo, o evento contou com ações sociais e
ambientais. Os kitesurfistas usaram pranchas direcionais e bidirecionais e tiveram
seus tempos validados por GPS individual, com passagens obrigatórias
ratificadas pelos pontos de controle e confirmação dentro do horário de corte time
target.
Nessa competição, foram somados
os tempos de todos os dias de disputa e apresentados resultados parciais
diários. Venceu aquele com o menor tempo acumulado ao final dos cinco dias de
prova.
Aqui estão alguns dos melhores destinos do país recomendados à prática do kitesurf:
- Cumbuco, Preá, Jericoacoara, Canoa Quebrada, Flecheiras, Icapuí, Icaraí de Amontada, Taíba e Lagoa de Cauípe, no Ceará;
- Praia do Meio e Lençóis Maranhenses, no Maranhão;
- Ponta de Campina e Cabedelo, na Paraíba;
- Imbituba e Ibiraquera, em Santa Catarina;
- São Miguel do Gostoso e Península de Galinhos, no Rio Grande do Norte;
- Atalaia e a Praia das Dunas, em Sergipe;
- Barra Grande, no Piaui;
- Ilhabela, Praia Grande e Ubatuba, em São Paulo;
- Araruama e K08, no Rio de Janeiro;
- Osório, no Rio Grande do Sul.
Atualmente, o Brasil é uma potência mundial no
kitesurf.
Como é o esporte?
O kitesurf é um esporte radical, de natureza e
aventura por reunir manobras do surfe, wakeboard, skate e
windsurfe, mas, por essas mesmas caraterísticas, também pode
pertence à corrente “esporte derivado de
outros esportes” (TUBINO et al., 2007).
O esporte promove uma relação harmoniosa entre o
praticante e o meio ambiente. A energia produzida pelo vento atua em favor do
deslize de uma prancha sobre a água controlando-se uma pipa (kite).
O kitesurf exige a utilização de vários
equipamentos para a prática e a segurança do praticante, entre eles: prancha, pipa
(barra de controle e trapézio), colete de flutuação, luvas, sapatilhas,
capacete, cordinhas para prancha, cinto e linhas do praticante à pipa, de voo e
de freio.
Fonte: https://www.facebook.com/abkoficial/photos/a.736691509704157/2912415202131766 |
As pipas (tubulares e foil) e as pranchas podem
ter modelos, formatos e finalidades
diferenciados conforme a modalidade da competição, a fim de atender a
saltos, manobras acrobáticas, deslocamentos em zigue-zague (slalom) e corridas
em velocidade e resistência.
As categorias do kitesurf compreendem:
- o freestyle ou estilo livre, onde os praticantes realizam manobras clássicas e saltos no ar sustentados por pipa, com rotações em velocidade e pés presos na prancha;
- a regata ou race, onde há disputas de velocidade em grandes distâncias, com saltos realizados em curto espaço de tempo e em pranchas menores;
- o freeride, onde o praticante percorre uma longa distância velejando mais tranquilamente ao sabor do vento. As pranchas também podem apresentar alças ou botas;
- o kitewave, onde o praticante veleja sobre as ondas com manobras de maior precisão em pranchas parecidas com as do surfe;
- o big air, que é uma disputa de saltos com contagem de tempo do atleta fora da água;
- o wakestyle, é o velejo e as manobras do wakeboard, com o manejo de giro da pipa, em substituição a tração no barco, somado a força de pressão oferecida pelo cinto e os braços na barra.
- o TT:R slalom boardercross é uma modalidade de corrida com manobras de zigue-zague em circuito com boias e com saltos sobre “boias-bananas” durante o percurso;
- o Downwind o praticante veleja a favor do vento percorrendo vários quilômetros de praias.
Vamos contar algo mais pra você!
No
Brasil, o kitesurf é dirigido pela Associação Brasileira de Kitesurf
(ABK).
Mundialmente,
o kitesurf é administrado pela Associação Internacional de Kiteboard
(IKA) criada em 2008 e reconhecida como associação de
classe de vela internacional pela Federação Internacional de Vela (ISAF/ World Sailing). A IKA reúne associações nacionais filiadas e atua como um órgão regulador
das competições nas modalidades IKA Formula Kite, IKA Kite Foil, IKA Open, IKA
Twing Tip: Corrida e IKA Twing Tip: freestyle.
A Associação Global de Kitesportes (GKA) é outra entidade máxima esportiva internacional. A atuação da GKA envolve a representação dos interesses da indústria de equipamentos de kitesports e o apoio e promoção dos interesses de todos os pilotos profissionais e recreativos, além da gestão de competições e modalidades, conforme já descrito no texto.
Em 22 se setembro de 2019, quebrou-se o recorde
mundial de kitesurf no ar em velejo na praia. O cenário foi Cumbuco, em Caucaia
(CE), Brasil, durante o evento Winds for Future. Participaram 596 kitesurfistas
amadores e profissionais de diversas idades, do país e do exterior.
As disputas no kitesurf também podem ser
encontradas em competições como a Copa Brasil de Vela, Campeonatos
Sul-Americanos, Jogos Olímpicos da Juventude (2018) e Jogos Panamericanos
(2019).
A Organização Internacional de Kiteboard (IKO) oferece o ensino do kitesurf em diversos países, por meio de cursos para praticantes, instrutores e treinadores. A ABK também promove cursos de formação de instrutores.
A ABK credencia escolas e capacita profissionais pelo
país para ensinar com segurança a prática do esporte orientando aspectos relacionados a montagem, a segurança e a arte de velejar com a
pipa;
A prática de kitesurf como lazer (saúde) de Caio Garrido - Lençóis Maranhenses/2021 |
Observe e cumpra as regras de segurança no
kitesurf – preferência e prioridade. Na montagem, na navegabilidade, nas manobras
e na partida para a água e o retorno à terra firme. É de suma importância atuar
para minimizar as possibilidades de risco de acidentes com as linhas das pipas e
pranchas entre praticantes e banhistas.
O kitesurf é
bastante praticado como atividade de lazer, esporte de rendimento e formação
educacional e social.
Referências
Bibliográficas
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Nossa História. Disponível em: https://abk.com.br/nossa-historia/Acesso
em: 09 out 2021.
Associação
Brasileira de Kitesurf. Notícias. Disponível em:
https://abk.com.br/category/noticias/ Acesso em: 11 out 2021.
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Apresentação. Disponível em:
https://cearakitepro.com.br/apresentacao/Acesso em: 12 nov 2021.
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Acesso em: 13 nov 2021.
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Disponível em:
https://localkiteboarding.com/news/resultados-do-gka-kiteboarding-world-tour-2018-gka-air-games.
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Azul. História do Kitesurf. Disponível em:
https://piscinasnaturaispe.wordpress.com/2012/01/26/historia-do-kitesurf/.
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