Roundnet / Rede Redonda/Spikeball: esse não vai deixar você ficar parado!






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Roundnet/Rede Redonda/Spikeball: com esse você não vai parar no tempo!



Por Fernando Garrido


Quando o esporte apareceu por aqui?


Um dos primeiros momentos do roundnet no país data de 2016, e figuram, entre um conjunto de iniciativas para implantá-lo, as ações do brasileiro Lucas Fernandes.


Conhecido também por spikeball roundnet nos Estados Unidos (EUA), país onde Lucas cursou faculdade e conheceu o esporte, o roundnet logo chamou a atenção do estudante com sua envolvente dinâmica. Nas temporadas de férias e vindas ao Brasil, ele trazia seus equipamentos e praticava o jogo com os amigos.

O que se sabe sobre a origem do roundnet é que ele foi inventado como brinquedo por Jeff Knurek, em 1989, nos EUA, mas, em pouco tempo, acabou caindo no esquecimento e desaparecendo quase por completo, sem sequer ter sido patenteado.

No início de 2000, um roundnet comprado por Chris Ruder – fundador e CEO da empresa Spikeball, criada em 2007 – foi levado como diversão para a praia de Brighton Beach (EUA).  O jogo logo instigou enorme interesse nos banhistas, que queriam saber onde poderiam comprar o equipamento.

Impactado pela curiosidade dos banhistas, Chris decidiu comprar os direitos do equipamento, situação concretizada com a contribuição de parentes e amigos de infância. Assim, ressurgia o roundnet, que se espalhou e popularizou entre 2008 e 2013, nos EUA, com o nome spikeball roundnet.

A partir daí, várias iniciativas contribuíram para divulgar o jogo. Entre elas estavam a sua oferta nas aulas de educação física; o patrocínio a equipes universitárias e a grupos de jovens esportistas de frisbee e ultimate; a organização de clubes em universidades e a criação da Associação Americana de Spikeball Roundnet (SRA). Outras incluíram a elaboração de aplicativo personalizado; a presença do jogo nas redes sociais; a criação de embaixadores do esporte e a organização de ligas e eventos regionais e nacionais.

Uma das estratégias da empresa Spikeball para difundir o roundnet no exterior foi promover a aparição do esporte no programa Skark Tank, da ABC, em maio de 2015. E coube a Chris Ruder apresentá-lo ao público e a investidores.

Somente um investidor se interessou pelo empreendimento, que acabou não se concretizando. Contudo, bastou a exposição do esporte à audiência de alguns milhões de telespectadores para render-lhe visibilidade e impulsionar os negócios. A iniciativa demonstrou, acima de tudo, o valor comercial da relação esporte-meios de comunicação.


Fonte: https://www.imparcial.com.br/noticias/spikeball-agita-criancada-em-prudente,31846

No Brasil, a difusão do spikeball contou também com o alinhamento de uma série de elementos, em grande parte reproduzidos à semelhança do desenvolvimento de outros esportes.

Ao completar seus estudos nos EUA e retornar ao Brasil em 2016, Lucas estabeleceu as condições necessárias para se relacionar com a Spikeball, a fim de trazer o esporte para cá. De imediato, descobriu-se a existência de um programa para embaixadores da empresa, que ainda não tinha representantes por aqui.


Naquele mesmo ano, entre 15 e 17 julho, uma das mais importantes instituições de caráter profissional e social do país, o SESC Taubaté (SP), oferecia vivência em novos esportes por meio do projeto Outros Esportes. As atividades eram abertas à comunidade de forma integral e gratuita, e o spikeball roundnet fazia parte delas.


A visibilidade do esporte ampliava-se nas mídias digitais. Em 14 de janeiro de 2017, criou-se uma página no Facebook: a Spikeball Roundnet Brasil, que oferece um conjunto de informações e produtos sobre o esporte.


A confirmação de Lucas como embaixador da Spikeball no Brasil ocorreu antes do final de 2017. O fato imprimiu fôlego à representação oficial da marca, que visava difundir o esporte no Brasil e ensinar as pessoas a jogar.


O jogo ganhava áreas públicas como parques, praças e praias pelo país, e, entre algumas das principais referências, encontrava-se a Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo.


As primeiras competições do roundnet no país foram organizadas sob a perspectiva do esporte-rendimento. Elas incluíam eventos – como torneios e campeonatos – em iniciativas meticulosamente planejadas a partir de 2018 para alcançar os resultados esperados e impulsionar a institucionalização do esporte.

Uma das competições pioneiras oficiais foi o Spikeball Day Campinas. O evento foi realizado em 24 de fevereiro de 2018, na Lagoa do Taquaral, na grama.

A programação dos eventos esportivos intensificava-se principalmente na cidade de São Paulo e arredores. E um desses eventos foi o 1º Torneio Roundnet, realizado também em Campinas, em 26 de agosto de 2018, na areia.

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A partir de 2019, um novo conjunto de fatores impulsionou o spikeball roundnet no mundo e no Brasil, como a oficialização do 1º Campeonato Mundial, que ocorreria em 2020 na Bélgica, mas foi adiado para 2022 em razão da pandemia do Covid-19. Outras medidas incluíram a criação de associações regionais e da Federação Internacional, bem como de mais competições em todos os âmbitos. Também foram organizadas as federações nacionais – como a Associação Brasileira de Roundnet (ABR) – e equipes em escolas e clubes.

O 1º Torneio Spikeval, primeira competição de roundnet em época de carnaval, estampava, sugestivamente, em seu nome, o grande momento cultural do país. O evento foi organizado em 17 de fevereiro de 2019, na Praça da Paz, no Parque Ibirapuera, e envolveu disputas na grama. Uma nova edição, o 2º Torneio Spikeval, ocorreu em 16 de fevereiro do ano seguinte.

No ambiente escolar, em 24 de março de 2019, foi realizado um Torneio de Spikeball na Graded - Escola Americana de São Paulo, com disputas na grama entre 20 duplas.

Internacionalmente, as competições de que o Brasil vem participando têm constituído um dos fatores de maior potencial de divulgação para o esporte nos meios de comunicação, especialmente nas mídias sociais. Os eventos envolvem atletas, dirigentes, autoridades, empresas e o público, atraindo cada vez mais praticantes e negócios para o esporte.

Um desses eventos foi o 1º Torneio Sul-Americano, realizado em Santiago (Chile), em 5 de abril de 2019. Na ocasião, estiveram presentes três duplas brasileiras – mista e profissional – em disputas na areia.

Outro evento foi 1º Torneio Internacional de Roundnet, disputado em Lima (Peru), em 16 de novembro daquele ano. Na ocasião, participaram duas duplas brasileiras. A participação de atletas de diversos países, como Brasil, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, México e Peru ilustra bem o crescimento do esporte no cenário mundial.

Fonte: https://www.facebook.com/SESCIpiranga/photos/a.997828210323513/1043848302388170/?type=3

Eventos de maior expressão também começaram a ocorrer no país e a trazer inovações. O 1º Campeonato Regional Roundnet Brasil, realizado em 14 de julho de 2019 trouxe como novidade a implantação de um ranking nacional pela ABR a partir do somatório de resultados obtidos em eventos locais, regionais e nacionais. Em 27 de outubro do mesmo ano, foi realizada a segunda edição do campeonato, que abrigou disputas nas areias do Sampa Beach Sports (SP).

Novos detalhes, como a abrangência regional dos eventos e a sua realização em etapas, passaram a chamar a atenção de prefeituras interessadas na organização de eventos locais. E, com esse viés, foi organizado, em 26 de fevereiro de 2021, o 1º Campeonato Regional de Roundnet – Etapa São Paulo (Torneio de Spikeball Roundnet/Parque do Ibirapuera).

Um dos exemplos de boas práticas no esporte está nas ações oferecidas pelo Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). Entre as modalidades oferecidas no curso regular de Modalidades Esportivas Alternativas, do Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte (Prodhe), encontra-se o spikeball. A iniciativa demonstra o compromisso de oferecer às comunidades e aos cidadãos mais oportunidades de práticas sociais que potencializem mudanças de hábito. 

No mapa de spikeball roundnet do Brasil, em 2021, estão estados como Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

Fonte: https://www.facebook.com/spikeball.bra/photos/a.370251413443380/1147030375765476

A expansão do roundnet nas redes sociais não tem deixado qualquer dúvida quanto ao poder que o jogo tem de envolver as pessoas e às suas possibilidades como nova prática esportiva nas esferas do lazer, da formação educacional e do rendimento.

 

Como é o jogo?

O roundnet é um “esporte derivado de outros esportes” (TUBINO et al., 2007), por misturar o voleibol, o futebol, o lacrosse e o trampolim.

O nome spikeball é uma referência à Spikeball, principal empresa de materiais e equipamentos do esporte; enquanto roundnet é o nome propriamente dito do esporte.

 O equipamento do jogo pode ser levado e armado em qualquer lugar. Ele consiste em um minitrampolim (composto de aro, rede e pernas de sustentação para deixar o aro mais elevado em relação ao chão) e uma bomba para encher bolas de 30 centímetros de circunferência.

O esporte é coletivo e jogado por duas equipes com dois integrantes em cada uma delas, podendo também participar mais pessoas. As disputas envolvem as categorias masculina, feminina, mista, amadora e profissional.

Os membros das equipes alinham-se frente a frente, em lados opostos, com o equipamento do jogo ao centro, separando-os.

O saque deve ser executado a 1,80 metro da rede do equipamento e na direção do outro time, alternando, também, a ordem dos jogadores das duas equipes. O receptor pode permanecer em qualquer distância do equipamento.

Após o saque, os deslocamentos dos participantes ocorrem de forma intensa e constante em torno do equipamento. O objetivo do jogo é rebater a bola na rede, dentro do aro, e fazê-la ir ao chão, de maneira que o adversário não consiga defender.

Os jogadores da equipe têm até três toques alternados para mandar a bola de volta à rede.

O jogo é disputado em pontos corridos, que podem pertencer a qualquer uma das equipes: sacadora ou receptora. Se as equipes não concordarem com a marcação do ponto, a disputa deve ser repetida.

Os jogadores podem usar qualquer parte de seu corpo para bater na bola.

O ajuste da rede deve apresentar tensão em todo o perímetro do aro. Uma maneira de testá-lo é lançar a bola a 90cm acima da rede. Se ela quicar entre 30 e 45 centímetros, está perfeita.

A pontuação final é definida no regulamento do evento e pode ser de 11, 15 ou 21 pontos. Os jogos são vencidos por dois pontos de diferença, salvo combinação prévia.

 

A disputa do ponto termina quando...

1)    a bola entra em contato com o solo ou não retorna para a rede dentro de três toques;

2)    o sacador bate na bola fora da rede;

3)    a bola é rebatida diretamente no aro, a qualquer momento, mesmo com um saque;

4)    a bola quica e volta para a rede ou aro;

5)    a bola rola claramente pela rede;

6)    o jogador realiza toques consecutivos.  

 

O esporte é envolvente e agrada a todas as idades, conforme demonstram os vídeos do jogo na internet.

 

O roundnet na formação educacional

As regras do roundnet podem ser adaptadas para o emprego do esporte como lazer, iniciação esportiva e formação educacional. Elas também podem envolver mais praticantes por equipe, observando-se aspectos como faixa etária, habilidade motora e série escolar.

Os equipamentos do jogo favorecem a realização de diversos exercícios educativos. O que vale é a criatividade do professor e do aluno.

O jogo tem a capacidade de desenvolver no indivíduo um conjunto incontável de habilidades físicas, motoras e emocionais, além de valores éticos, morais e sociais, como agilidade, ritmo, equilíbrio, flexibilidade, criatividade, cooperação e comprometimento.

 

Organização no Brasil

A Associação Brasileira de Roundnet (ABR) é a entidade máxima responsável pela direção, organização, divulgação e promoção do roundnet no Brasil.

A ABR é reconhecida oficialmente pela Federação Internacional de Rede Redonda (IRF) e pela Associação de Spikeball Roundnet (SRA).

 

Organização Internacional

A Federação Internacional de Rede Redonda (IRF) é a entidade máxima do esporte no mundo.

A SRA é uma associação norte-americana criada pela empresa Spikeball para dirigir, organizar, promover e divulgar iniciativas sob o nome Spikeball Roundnet.

A SRA oferece serviços e produtos relacionados ao esporte, como formação de ligas, organização de todos os tipos de eventos e capacitação de professores.

 

Referências Bibliográficas

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KWADDLE. Roundnet, o maior esporte que você nunca ouviu falar. Disponível em: https://www.kwaddle.com/resources/roundnet-biggest-sport-you-havent-heard/Acesso em: 16 ago. 2021.

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SPIKEBALL. Spikeball on Shark Tank. Disponível em: https://spikeball.com/pages/spikeball-on-shark-tank. Acesso em: 21 ago 2021.

TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.

 

 

 














 







































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