Heptatlo Anfíbio/Amphibious Heptathlon: um treino funcional em 7 diferentes provas esportivas!



Heptatlo Anfíbio/Amphibious Heptathlon: uma formação militar em 7 esportes!

 


Por Fernando Garrido, SO (FN) Alexandre N. Silva e SG (EG) Valber Ribeiro

 


Como o esporte acontece?

O heptatlo anfíbio é uma modalidade da corrente “esporte militar” (TUBINO et al., 2007).

Os esportes de caráter militar proporcionam simulações de situações reais e têm estado presentes como práticas físicas e disputas esportivas na sociedade brasileira ao longo de dois séculos.

Nesses tipos de esporte, há grandes campeões brasileiros de âmbito mundial e resultados expressivos com pódios, medalhas e recordes em eventos internacionais.

Os esportes têm como característica movimentação constante e rápida. Utilizam-se de diversas capacidades físicas, envolvem o emprego do próprio peso corporal, abrangem grandes grupos musculares e exigem maior complexidade de movimentos técnicos.

Considerados como treinamento funcional, eles oferecem aos praticantes resultados rápidos de performance.

A competição de heptatlo anfíbio é realizada em 3 dias consecutivos, e por equipes. Elas são integradas por seis militares de carreira, sendo um reserva.

Há provas sequenciais, que são realizadas em ordem pré-determinada, nas modalidades de remo, natação, corrida e pista de obstáculos e em “contrarrelógio”.

São realizadas sete provas esportivas, conforme descritas a seguir:

1ºdia: Prova de Orientação

2ºdia: Prova Sequencial (Remo de Combate, Natação Utilitária, Corrida e Pista de Obstáculos)

3ºdia: Tiro de Fuzil M-16 A2 e Lançamento de Granada


Orientação – 1ª prova

 É realizada em área neutra e desconhecida pelos participantes. Consta de um percurso de 3 a 5 quilômetros realizado em equipe, com o auxílio de uma carta militar para orientação, e obedece às mesmas regras estabelecidas nos campeonatos das Forças Armadas (FA).

 A largada é realizada com intervalos de 20 minutos, alternando-se as equipes, por Força.

 

A prova de orientação obedecerá à seguinte pontuação:

Primeira colocada               20 pontos

Segunda colocada                17 pontos

Terceira colocada                13 pontos

Quarta colocada                  10 pontos

Quinta colocada                  8 pontos

Sexta colocada                     5 pontos



 

 Remo – 2ª prova

É realizado com largada e chegada no mesmo local. Há, como demarcação do percurso, uma boia para os atletas contornarem.

No Ponto Inicial (PI), a ser balizado por meio de painel, cada equipe tem 10 minutos para preparar e inspecionar a embarcação, sendo obrigatório o uso de coletes salva-vidas amarrados ou afivelados.

O Ponto de Desembarque (PDbq) é localizado ao lado do PI. Ao chegarem ao PDbq, as equipes deverão deixar suas embarcações exatamente ao lado do painel e seguirão correndo para a piscina.



 

Natação Utilitária – 3ª prova

É realizada com uniforme camuflado completo, incluindo o coturno.

Ao chegarem à piscina, as equipes deverão nadar a distância de 100 metros em qualquer estilo.

Em seguida, deslocam-se correndo para a pista de obstáculos.



  

Corrida – 4ª prova

Nessa prova, os cinco integrantes da equipe correm juntos uma distância balizada de 2.600 metros, até a entrada da pista de obstáculos. Não é permitido utilizar caminho que não seja o balizado.




 

Pista de Obstáculos – 5ª prova

 Nessa etapa, os obstáculos são transpostos individualmente, na seguinte ordem: muro de assalto, cachimbo, passeio do macaco, rede de transbordo e rampa.

  Os tempos de chegada das equipes são cronometrados quando o último integrante da equipe tocar o solo, após o último obstáculo da pista.

  Caso algum atleta da equipe não consiga transpor qualquer obstáculo ou o faça intencionalmente, a equipe será desclassificada. O julgamento é feito pelo diretor da prova e o júri técnico (composto por 1 membro de cada equipe).




 

Tiro – 6ª prova

 É realizado na banqueta de 200 metros do estande de fuzil da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), no Batalhão de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador (BFNIG), utilizando-se o fuzil M-16A2, contra alvos semelhantes aos utilizados nos cursos de tiro. 

  A munição fica a cargo de cada equipe.

  São executados cinco tiros de ensaio antes de iniciar a primeira série de tiros, no intervalo máximo de 7 minutos, sendo 30 disparos realizados no mesmo alvo.

 Cada integrante da equipe executa três séries de dez disparos, sendo cada série em uma das seguintes posições: deitado, sentado e em pé. Para cada posição, o atirador terá direito a 3 minutos para a execução de cada série e 3 minutos para a troca de posição.

 As organizações militares deverão tomar as providências para que o armamento e a munição a serem utilizados por suas respectivas equipes estejam prontos nos boxes da linha de tiro, antes da chegada da equipe. 




 

Lançamento de Granada – 7ª prova

Após a realização da prova de tiro, as equipes deslocam-se para a área de lançamento de granada, que constará das seguintes provas:

lançamento de precisão

Trata-se do lançamento de quatro granadas, em um círculo de 2 metros de diâmetro situado a 20 metros de distância, a contar do seu centro até a linha limite de lançamento.

 

lançamento em alcance

Constitui-se de dois lançamentos, sendo considerado apenas o de maior alcance.



 

Pontuação do Lançamento de Granada

Precisão                    5 pontos por lançamento válido (acerto dentro do círculo).

Alcance                      distância do melhor lançamento (em metros e centímetros) convertida em pontos (Exemplo: 42,30 metros = 42,30 pontos).

Total de Pontos        o somatório da pontuação de precisão e alcance.

 

Da Premiação

Individual                 Medalhas: para os primeiro, segundo e terceiro lugares nas provas de tiro de fuzil e lançamento de granadas.

Por Equipe                Medalhas: para os primeiro, segundo e terceiro lugares nas provas de orientação, sequenciais, tiro de fuzil e lançamento de granadas.

Geral                          Troféu: para a Força campeã.

 

 

Quando o esporte apareceu por aqui?

O esporte foi criado em meados dos anos 1980, no Batalhão (BTL) Humaitá, na Divisão Anfíbia (DivAnf), pelo sargento e fuzileiro naval Kaires – um dos atletas militares de grande expressão nacional e internacional e campeão em várias modalidades esportivas pela Marinha do Brasil (MB).

Na elaboração do esporte, foram levadas em consideração características semelhantes às das provas de operações especiais exigidas em todo mundo.

Os militares com maior destaque nas atividades físicas e esportivas dentro de suas organizações militares são colocados em equipes, em situações próximas da realidade de um combate, e realizam diferentes provas esportivas. Vence a equipe que conseguir alcançar a melhor performance física, tática e psicológica.

Inicialmente, o esporte era conhecido por pentatlo anfíbio, onde uma equipe formada por cinco militares fardados de camuflado completo realizava todas as cinco tarefas. Posteriormente, a inclusão de outras duas novas modalidades alterou o seu nome para heptatlo anfíbio.

O objetivo principal do esporte é buscar novos militares atletas para as modalidades pentatlo militar e naval, entre os batalhões de infantaria. O Hep, como é chamado pelos fuzileiros, foi ganhando espaço na DivAnf e, posteriormente, seria praticado por outras organizações militares (OM) do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).

Desde a criação da prova, a equipe representativa da DivAnf tem sido a que mais se destacou, com muitas vitórias consecutivas, seguida das equipes da FFE, da Força de Fuzileiros e do Comando Geral. 

Com a difusão do esporte, nos dias de hoje as competições já podem ser encontradas entre os comandos de força da FFE. Cada comando possui duas equipes de seis militares. São eles: o Comando da Divisão Anfíbia (ComDivAnf), o Comando da Tropa de Reforço (ComTrRef) e o Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE).

Esse esporte tem conseguido revelar uma grande quantidade de atletas para a MB.

Vale destacar o trabalho do sargento Valber Ribeiro, que dedicou seu tempo exclusivamente ao aprimoramento técnico do esporte, criou regras e regulamentos e promoveu nova dinâmica e facilidade de acesso aos treinos e à organização de competições esportivas.

Desde meados de 1980 até 2020 o heptatlo anfíbio não somente contribuiu com a formação de grandes atletas para compor equipes de outros esportes selecionados pelos resultados alcançados. 

O heptatlo anfíbio, também, formou a novas gerações de atletas pelos treinamentos físicos e específicos rotineiros, e suas competições regulares entre os estabelecimentos militares da MB. 

                                        https://www.youtube.com/watch?v=FYhu3l93wOo

O fato é que a presença de militares atletas mais antigos praticando o esporte contribuiu de forma significativa, servindo de referência e espelho para os jovens. Eles estimulavam a participação e melhoria do desempenho físico, além de oferecer a orientação e correção dos fundamentos técnicos das provas, uma atitude recorrente a cada OM que serviram durante a carreira naval. 

Em destaque militares atletas do heptatlo anfíbio que não se furtaram a dar incondicional apoio na preparação de novas gerações. Entre alguns dos nomes estão os de Alex Monteiro, Júlio Cesar, Ricardo, Sílvio, Velasques, Percy, Maurílio, Silva, Renato, Lorenço, Carlos Silva, Dias, Pádua, N Silva, Adriano, Duarte, Ludgero, Marks, Walter, Cardoso, Jacil, Efraim, e Válber.



Referências Bibliográficas

FFE – FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRAHeptatlo Anfíbio. Área Rio. Power point. 2020.

N. SILVA, A. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro, 2020.

OLIVEIRA, F. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro, 2020.

RIBEIRO, V. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro. 2020.

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 Alexandre N. Silva (especialista no esporte) - e-mail: alex.somgospel@gmail.com// tel.cel: 21 988291410

Garrido: alquimiadoesporte.blogspot.com //e-mail: alquimiadoesporte@gmail.com





































 



















































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