Críquete / Cricket: jogado por brasileiros para inglês ver!

http://jornaldacidade.net/esportes/2019/07/309990/criquete-fique-por-dentro-de-algumas-curiosidades-do-esport.html/Foto: Divulgação

 

Críquete: um jogo tradicional, coletivo e misto!


Por Fernando Garrido 


Como o esporte acontece?    

          As disputas de críquete acontecem entre duas equipes integradas por onze jogadores, cada, em campo de jogo de formato circular ou oval e demarcado por corda ou por cal.

No campo de jogo há três espaços essenciais ao jogo: um retângulo (pitch), um círculo interior (infield) e um círculo exterior (outfield).

            No centro de um círculo, setor onde os arremessos são praticados (pitch), fica o arremessador. Em cada cabeceira do pitch, ficam os wickets, um portão formado por três varetas verticais (stump) e duas horizontais (bails). As duas varetas que ficam na horizontal repousam sobre aquelas que ficam na vertical. O wicket forma um retângulo perpendicular ao pitch.

No críquete, enquanto um time arremessa (bowl), o outro rebate (bat). O objetivo do arremessador (bowler) é fazer a bola atingir o wicket. O objetivo do rebatedor é impedir que a bola toque no wicket e, se possível, rebater a bola o mais longe possível.

             O esporte exige bastão, luvas, bolas e proteção para as pernas. O objetivo do jogo é rebater a bola arremessada pelo atacante, protegendo o wicket.

Quando uma equipe está atacando, utiliza-se de dois jogadores; na defesa, joga com todos os onze. Os pontos são marcados rebatendo a bola. Se um dos defensores agarrar a bola antes que ela toque o chão, o ataque não marca pontos.


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          Enquanto o time do arremessador vai atrás da bola, o rebatedor percorre o comprimento do wicket o maior número de vezes possível. Cada vez que ele chega ao wicket oposto, ele marca um ponto (run).

Se o rebatedor rebater a bola para fora do campo sem que a bola quique dentro do campo, ele marca 6 pontos e não precisa correr. Se a bola for rebatida para fora do campo, mas sair depois de tocar qualquer parte do campo, o rebatedor marca 4 pontos, também sem precisar correr. Dois rebatedores ficam no wicket, um em cada ponta. Quando a bola é rebatida, os dois têm que correr para marcar o ponto.

O objetivo do arremessador é fazer com que os rebatedores não atinjam a bola. Isso pode acontecer de várias formas: quando a bola atingir o wicket; no caso de algum jogador do time que está arremessando agarrar a bola depois de ela ser rebatida e antes de tocar o chão; no caso de a bola tocar o wicket enquanto o rebatedor está correndo para marcar pontos; no caso de o rebatedor tocar a bola com qualquer parte do corpo e o árbitro julgar que a trajetória da bola passaria pelo wicket.

Um rebatedor deve ser substituído por outro integrante do seu time quando não consegue atingir a bola. Quando dez jogadores são substituídos da mesma forma, apesar de cada time contar com 11 jogadores, os times trocam de função (quem estava rebatendo passa a arremessar e vice-versa). Todos os outros nove jogadores do time que está rebatendo ficam fora do campo.


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As partidas podem durar um ou mais innings (dez jogadores sendo queimados), de acordo com o campeonato.

Vence o jogo a equipe que marcar mais pontos durante o número de innings determinado. Como o limite para uma partida não é de tempo, uma só partida de críquete pode levar dias.

           

Quando o esporte apareceu por aqui?

O críquete (em inglês, cricket) teve início no Brasil, nas Regiões Norte e Sul, após meados do século 19. O esporte era jogado por imigrantes de origem britânica que vieram para trabalhar no país construindo ferrovias pela companhia British Railways.

Também participaram efetivamente para o desenvolvimento do críquete no país os imigrantes ingleses e seus descendentes com histórias da prática do esporte espalhadas por diferentes regiões do território brasileiro, todos trabalhadores da companhia de gás, bancos, hospitais, telégrafo e outras fábricas em geral.

https://esporte.ig.com.br/maisesportes/2019-12-17/cricket-no-brasil-revolucao-pode-ser-potencial-fonte-de-medalhas-olimpicas.html. Foto: Divulgação

Segundo conta Vitor Andrade de Melo, naquela época surgiram os clubes Excelsior Cricket Club e (ECC) o Pernambuco Cricket, em Recife (PE), sendo muito provavelmente realizados jogos entre eles. Disputas já ocorriam também entre equipes do Rio de Janeiro e de São Paulo, intensificando-se no transcorrer do século 19.

Os primeiros clubes de críquete do Brasil sofreram influência da língua inglesa em seus nomes, como o Britânico CC, o Artisan Amateurs CC, o Rio British CC, o Anglo-Brazilian CC e o British and American Club.

As instalações dos jogos eram improvisadas em espaços abertos, com os primeiros clubes também servindo para a prática do futebol. O Rio Cricket and Football Club (RCAA), considerado o primeiro clube de críquete no país, foi criado em 1872 por George Cox, e o Clube Atlético de São Paulo (SPAC) surgiu em 1888.

A criação de parques a partir de 1860 por determinação de D. Pedro II promoveu o desenvolvimento de vários esportes, entre eles o tênis, o boliche, o handebol e o críquete.

 A essa altura, muitos esportes ainda eram praticados nos campos ao ar livre, em gramados ou na terra, na cidade do Rio de Janeiro. Um dos locais preferidos e mais frequentados da cidade – uma área gramada localizada na Rua Paysandu, no bairro das Laranjeiras (RJ), em frente à casa da princesa Isabel – surgia como o primeiro campo em condições adequadas à prática do jogo de críquete no país e de tantos outros esportes. A princesa e seu pai tornaram-se espectadores frequentes e por muitas vezes eram convidados para agraciar com troféus os vencedores.

https://esporte.ig.com.br/maisesportes/2019-12-17/cricket-no-brasil-revolucao-pode-ser-potencial-fonte-de-medalhas-olimpicas.html/ Divulgação/Jogadoras de cricket do Brasil

Grupos de ingleses também praticavam o esporte em praças públicas. As reuniões ocorriam em espaços abertos e livres no Rio de Janeiro, como no Campo de Santana (Praça da República), no Campo de São Cristóvão e na Rua General Polidoro, entre outros locais.

O crescimento do críquete ocorreu entre o final do século 19 e o início do 20. Em São Paulo, o esporte era praticado junto com outros de origem inglesa em clubes como o SPAC e o Santos Athletic Club (SAC), fundado em 1899. Também era encontrado no Clube Internacional de Cricket (CIC) e no Club de Cricket Victoria, ambos fundados, em 1899 em Salvador (BA), e no British Country Club, de 1920, em Recife.

Foram criadas equipes de críquete nas proximidades da mina de Morro Velho, em Belo Horizonte (MG), de propriedade britânica, em 1887, e na fábrica Anglo Frigorífico, em Barretos, São Paulo, em 1913, onde o críquete foi jogado até meados de 1990. O esporte também foi jogado na Fazenda dos Ingleses, em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo, entre 1927 e na Segunda Guerra Mundial.

Os primeiros jogos internacionais de críquete aconteceram entre o Brasil e a Argentina e tiveram início na década de 1880, apoiados informalmente pela Brasil Cricket Association (BCA), entidade máxima do esporte.

A fundação da BCA em 1922 favoreceu a organização e o desenvolvimento do esporte no país e teve RA Brooking como seu primeiro presidente. Entre seus clubes fundadores encontravam-se: o Rio Cricket, o Pernambuco Athletic Club (PAC), o SAC, o SPAC e o Paysandu Cricket Club (PCC). A decisão contribuía não somente para a realização de jogos nos clubes, mas também para a organização de competições interestaduais e internacionais.

Os primeiros jogos interestaduais de críquete foram disputados entre clubes dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro em 1878 e estenderam-se com regularidade até 1995.

A efetiva difusão do críquete começou a ter grande impulso com ações estabelecidas pelo HSBC Bank voltadas a promover o seu desenvolvimento no país na passagem entre os séculos XX e XXI.

https://esporte.ig.com.br/maisesportes/2019-12-17/cricket-no-brasil-revolucao-pode-ser-potencial-fonte-de-medalhas-olimpicas.html/Foto: Divulgação/Jogadores de cricket do Brasil

Contribuíram na sucessão de fatos esportivos, a construção de um campo do esporte, em Curitiba (PR), em 1999, e a recriação da Associação Brasileira de Cricket (ABC), órgão nacional de direção e organização do esporte, em 2001. Este último fato estabeleceu uma repercussão imediata, pois determinou o reconhecimento da ABC pela Internacional Cricket Council (ICC) em 2003.

Os vários clubes do esporte, espalhados por várias localidades do Brasil como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e o Distrito Federal, logo se filiaram à ABC. A oferta da prática do críquete ampliava-se em cidades como Manaus (AM) e Vitória (ES).

            Em Brasília (DF), o esporte difundia-se com a criação do Brasília Cricket Club (BCC) em 2005. Posteriormente, esse clube foi transformado na Associação Brasiliense de Cricket (Abrac), organização cujo objetivo central era promover o críquete no Distrito Federal com a formação de clubes. Em Brasília, foi formada a primeira equipe, exclusivamente integrada por mulheres brasileiras e composta por jogadoras locais. Nesse mesmo ano, foi criado o primeiro torneio internacional regional masculino da ICC.

           A realização de competições ampliou-se de disputas locais e regionais para as nacionais e internacionais. Nessa direção, havia contribuído a formação da primeira seleção brasileira do esporte, adulta e masculina, em 2002, após a filiação da ABC à ICC.

Nos primeiros momentos, a seleção brasileira de críquete foi integrada por jogadores naturalizados, oriundos de países como Índia, Paquistão, Austrália e Inglaterra.

As disputas oficiais da seleção brasileira de críquete iniciaram-se em 2006. Somente em 2009, porém, apareceram os primeiros resultados expressivos, com a conquista do Américas Championship, da série C, um título obtido em vitória sobre o Chile.

Em Brasília, o ICC promovia a presença feminina no esporte ao instituir o primeiro torneio internacional da categoria em 2010.  Posteriormente, seria formada a seleção brasileira de críquete para mulheres, com o primeiro campeonato brasileiro de críquete feminino ocorrendo em 2013. Em Poços de Calda (MG), o ICC implantava um projeto para desenvolver o esporte sob caráter social, o que levou a cidade a se tornar um polo de desenvolvimento do críquete no Brasil.

https://www.cricketbrasil.org/about-us/


            Em 2011, o esporte ganhava projeção nacional e internacional com a implantação de um projeto de popularização do esporte e de geração de oportunidades para mudança de comportamento voltado à juventude brasileira. A ação expandiu-se pelo país, beneficiando várias cidades, entre elas: Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. O esporte difundia-se ainda mais ao penetrar nas escolas públicas de Poços de Caldas, seguidamente das de Brasília, beneficiando um grande número de crianças e de jovens.

Ainda em 2011, o estímulo à propagação do esporte promovia a criação de novos clubes. Assim, apareciam o Carioca Cricket Club, na cidade do Rio de Janeiro, o Minas Gerais Cricket Club, em Belo Horizonte, e o Poços de Caldas Cricket, em Poços de Caldas (MG).

            Os resultados expressivos do críquete brasileiro começaram a aparecer em competições internacionais, em especial em campeonatos sul-americanos e no ICC Américas Championships, principalmente nas categorias mais jovens. No Campeonato Sul-Americano dirigido e organizado pelo BCA em 2016, as disputas realizaram-se na categoria masculina, com treze atletas, e na feminina, com sete. As competições foram disputadas com jogos nos clubes São Fernando Polo e Cricket Club, em Itaguaí (RJ). O evento reuniu seis equipes masculinas (Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, México e Peru) e três femininas (Brasil, Argentina e Peru).

O esporte é encontrado em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Amazonas e no Distrito Federal.

            O desenvolvimento do críquete no país tem concentrado suas ações para a instituição de equipes de base e de projetos sociais; a formação de seleções nacionais femininas e masculinas; a organização de competições regionais, nacionais e internacionais; a presença em eventos internacionais e a aparição do esporte na mídia em geral.

 Uma das tendências esportivas em âmbito mundial no século XXI acontece no cricket?

Um esporte tradicional, de identidade cultural, coletivo disputado por uma grande quantidade de atletas de cada lado, sem que haja o contato físico.

É que países de forte influência britânica, reconhecidos como Commonwealth – Comunidade de Nações) estão incentivando a organização de equipes mistas.

Os jogos tem sido desenvolvidos principalmente na formação escolar, assim como em equipes adultas em países como a Índia, Austrália e Inglaterra.

           

Organização no Brasil

A Associação Brasileira de Cricket (ABC) é a entidade esportiva de direção nacional que dirige e organiza o esporte no país.


Organização Internacional

O Conselho Internacional de Críquete (ICC) é a entidade dirigente mundial do esporte.

 

 Referências Bibliográficas

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GUPTA, P. S. Por que mixed cricket não é a preferência de todos. Disponível em: https://www.firstpost.com/sports/why-mixed-cricket-is-not-everyones-cup-of-tea-6435471.html&prev=search&pto=aue. Acesso em: 03 out 2020.

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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Críquete. Disponível em: www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=213. Acesso em: 5 mar. 2018.

TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do Esporte. São Paulo: Senac, 2007. 

 

 



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