Aeromodelismo/Model Airplane: modelos em escala, em competições reais!
Como
é o esporte?
O
aeromodelismo é um hobby e um esporte que reproduz aeronaves reais. As
aeronaves são miniaturas em escala, feitas por modelistas, e especificamente
desenhadas e construídas com a finalidade de sua utilização estática ou
dinâmica.
Há vários
modelos de aeronaves, tais como: planadores, helicópteros, modelos interiores,
modelos de velocidade, modelos de acrobacia, modelos de combate e foguetes.
Eles podem ser controlados de diferentes maneiras.
O
aeromodelo, depois de impulsionado, voa livremente, sem qualquer tipo de
ligação física com o competidor ou seu ajudante: é o voo livre. Uma segunda modalidade de voo é aquela na qual o modelo
é manobrado por um piloto em terra, por meio de cabos diretamente ligados a
ele: é o voo circular (VC). A
terceira modalidade pode ser orientada pelo piloto em terra e por um radiocontrole:
é o voo radiocontrolado (RC).
Os modelos
em escala são réplicas das aeronaves construídas em tamanho normal e podem voar
de acordo com as três formas citadas.
Quanto
à propulsão, as aeronaves podem ser a elástico, a motor a explosão e a turbina.
Os planadores podem ser lançados a elástico ou puxados por cabo, dependendo da
modalidade.
O
aeromodelismo tem competições que envolvem provas relacionadas com a precisão
de pouso, as manobras efetuadas e o próprio ato de voar.
Os locais exclusivos para a prática do aeromodelismo,
incluindo pouso e decolagem, são conhecidos por aeromodelódromos e possuem toda
a infraestrutura necessária ao desenvolvimento do esporte.
A modalidade RC é a mais
desenvolvida no aeromodelismo atual. Nela o condutor, por meio de radiocontrole,
pilota o seu aeromodelo, com motores a explosão elétricos ou movidos a combustão interna, os quais podem atingir velocidades acima de 50% daquelas realizadas em
voo das proporções de um avião real.
Em uma nova oportunidade iremos falar sobre os drones no Brasil.
Quando
o esporte apareceu por aqui?
Os
primeiros planadores apareceram lançados a elástico, no Rio de Janeiro, por
volta de 1932. Eles eram importados, adquiridos em casas comerciais (como a
Sloper) ou feitos a partir de plantas retiradas de revistas estrangeiras.
Em
1935, surgiram os modelos em escala, com hélices propulsionadas a elástico. Os
mais populares eram os das fábricas Cleveland, Scientific e Comet, todas dos
Estados Unidos da América do Norte (EUA).
Em
1936, a publicação, em revistas, de plantas de aviões sem escala e com melhores
performances de voo levou o Rio de Janeiro a buscar também esse tipo de
aeromodelo. Nos primeiros “concursos de voo” de 1938 e 1939, as competições
tenderam mais para essa especialidade. A categoria de modelos Wakefield (em grande
evidência nos EUA, onde surgiu) era bastante popular no Brasil. Nesses dois
anos, o local escolhido para as primeiras de competições no Rio de Janeiro foi
a Quinta da Boa Vista.
Nesse local,
foram realizadas competições de duas categorias: (a) planadores lançados a
elástico com critério de julgamento, sendo a duração do voo em minutos entre o
lançamento e o pouso, e (b) voo livre, aviões a elástico em escala ou não, com
critério de julgamento para a decolagem e duração do voo em minutos entre
decolagem, pouso e aterragem.
Depois,
surgiram os primeiros motores a explosão para aeromodelos, aparecendo no Brasil
por volta de 1940.
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Foto Divulgação/Prefeitura de Gaspar |
Em
1941, no Campo dos Afonsos (RJ), voou o primeiro planador, modelo alemão
modificado para receber propulsão mecânica. Tratava-se de um avião com 2,10
metros de asa, construído pelo cadete J. E. Magalhães Motta.
A
primeira competição de aeromodelismo em São Paulo foi realizada no Campo de
Marte, em 19 de julho de 1942. Nesse evento, foram realizadas provas nas
modalidades planadores, aviões com motor de elástico e com motor de explosão.
Durante
o 2º Campeonato Paulista, em 1945, surgiu o primeiro clube do esporte, chamado
de Parafuso. Nessa década, apareceram as primeiras matérias técnicas publicadas
em revistas como Velocidade e Ciência Ilustrada.
Em 1947, surgiu o clube Cai-Cai, em São Paulo, e Morimoto desenhou os modelos Térmica e Pégasus.
Em 1949,
fundava-se, no Rio de Janeiro, uma entidade maior e mais bem organizada para a
prática do aeromodelismo, a atual Associação Carioca de Aeromodelismo (ACA). Dez
anos depois, na mesma cidade, foi fundada a Associação Brasileira de
Aeromodelismo (ABA).
Na década de 1950, o aeromodelismo passava a ser praticado na Base Aérea de Cumbica e no Ibirapuera. Nesse local, foi construída uma pista oficial do esporte graças à liderança de Afonso Mônaco.
Em
1959, Paulo Marques venceu o 1º Campeonato Sul-Americano, na categoria planadores.
No
Rio de Janeiro, a modalidade voo circular controlado (VCC)
ganhava uma
pista ainda existente, projetada por Burle Marx e inaugurada em 25 de agosto de
1963, no Aterro do Flamengo.
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Na década de 1970, com a introdução tecnológica de transmissores, chips e circuitos impressos nos rádios, ocorreu o desenvolvimento do esporte modelismo e, principalmente, dos radiocontroles (RC). Apareceram novos clubes e pistas públicas, como a do Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro.
O
aeromodelismo foi reconhecido como modalidade desportiva no Brasil, sob a
direção da ABA, pela Resolução nº 19/1987, do Conselho Nacional dos Desportos
(CND). A fundamentação do pedido de reconhecimento coube a Walter Nutini, um
dos grandes incentivadores do esporte.
A difusão do esporte crescia acompanhada pelo lançamento de revistas especializadas, como a Modelismo em Notícias e a Sport Modelismo; a criação de pistas em quase todas as capitais do país e a participação e o alcance de resultados expressivos em competições internacionais.
O
aeromodelismo brasileiro alcançou, em 1996, o sexto lugar no Campeonato Mundial
da Suécia. Tal feito se repetiu em 1998, na Ucrânia, na modalidade VCC. Luiz
Eduardo Mei bateu o recorde brasileiro e sul-americano voando a 294 km/h.
A partir de 1999, um programa da SAE Aero Design International
intensificou a elaboração de projetos e competições de aeromodelos no Brasil. Daí em
diante, começaram a participar equipes de estudantes de engenharia das instituições
de ensino superior do Brasil em eventos esportivos realizados no país e no
exterior.
O programa SAE Brasil Aero Design busca a difusão
e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica, envolvendo
os estudantes em competições e no desenvolvimento de projetos aeronáuticos, desde
sua concepção e seu projeto detalhado até a construção e a fase de testes.
As aplicações práticas ocorrem em competições
entre equipes da SAE Brasil Aero Design anuais. Os regulamentos são baseados em
desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica, como otimização
multidisciplinar para o atendimento de requisitos conflitantes e redução de
peso por meio de otimização estrutural, instrumentação e ensaios em voo dos
protótipos.
A
Competição SAE Brasil Aero Design é composta por três categorias distintas: regular, aberta e micro, com
requisitos específicos aplicáveis a cada uma delas. De maneira geral, a categoria
regular possui mais restrições,
enquanto as categorias aberta e micro dão maior liberdade de projeto às
equipes.
As
avaliações e a classificação das equipes são realizadas em duas etapas:
Competição de Projeto e Competição de Voo, em que os projetos são avaliados
comparativamente por engenheiros da indústria aeronáutica, com base na concepção
e no desempenho dos projetos.
Anualmente,
ocorre um evento esportivo na SAE
Aero Design East International que reúne equipes de diversos países. No
evento, realizado nos EUA, as equipes brasileiras têm feito história desde
2000, com oito primeiros lugares nos Campeonatos Mundiais, na classe regular, quatro primeiros lugares na
classe advanced e um primeiro lugar
na classe micro até 2015.
A
estruturação organizacional nacional do aeromodelismo se consolidou, em
definitivo, com a fundação da Confederação Brasileira de Aeromodelismo (Cobra),
no lugar da ABA, em 2008.
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Foto Uerj/divulgação/https://sagresonline.com.br/espaco-aereo-conheca-as-regras-para-drones-aeromodelos-e-baloes/ |
Em 2016, na competição da SAE Aero Design East, a equipe Aerofeg, da Unesp Guaratinguetá
(SP), foi a primeira colocada da categoria regular no Texas/EUA.
Em 2017, a equipe AeroRio,
coordenada pelo professor Eduardo Costa da Silva, do Departamento de Engenharia
Elétrica, do Centro Técnico
Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), ficou com o primeiro lugar da
competição SAE Brasil Aero Design, na qual disputou a categoria advanced. O evento ocorreu entre 26 e 29 de outubro, em São José dos Campos (SP),
e reuniu mais de mil alunos de 76 universidades nacionais e estrangeiras. Com o
resultado, a equipe carioca sagrou-se tricampeã na classe advanced, pois já havia vencido em 2012 e 2013.
As participações de equipes brasileiras em Campeonatos Mundiais da Federação Aeronáutica Internacional (FAI) têm ocorrido de forma frequente no esporte. Em Perth (Austrália), em 2016, o Brasil participou com Luís Fernando Pinheiro, na categoria F2B (acrobacia).
No aeromodelismo,
têm sido realizadas competições como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro
e participações em competições mundiais. Os Festivais Brasileiros de
Aeromodelismo, criados em 1986, têm sido promovidos regularmente.
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Brasileiros vencem a SAE Aero Design East, no Texas (EUA) - https://www.defesanet.com.br/tecnologia/noticia/21876/Brasileiros-vencem-a-SAE-Aero-Design-East--no-Texas-%28EUA%29/
Há clubes de aeromodelismo espalhados por todo o país. Neles você encontra espaços de convivência social, lojas comerciais de produtos esportivos e alimentação. São espaços de lazer com amplo céu aberto sem interferência ao voo propriamente dito, tipos de pistas variados para a decolagem, aterrisagem e regras de segurança a prática regular.
Organização
no Brasil
A Comissão de Aerodesporto
Brasileira (CAB) é uma entidade que coordena e organiza todos os aspectos
relativos à prática e à gestão das modalidades aerodesportivas no território
brasileiro.
O
aeromodelismo é dirigido nacionalmente pela Confederação Brasileira de
Aeromodelismo (Cobra).
Organização
Internacional
O
aeromodelismo é dirigido internacionalmente pela Federação Aeronáutica
Internacional (FAI).
Referências
Bibliográficas
CENTRO TÉCNICO CIENTÍFICO PUC/RIO. Equipe
AeroRio é tricampeã da SAE Brasil Aero Design na categoria advanced.
Disponível em:
www.ctc.puc-rio.br/equipe-aerorio-e-tricampea-da-sae-brasil-aerodesign-na-categoria-advanced.
Acesso em: 26 mar. 2018.
COBRA – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE AEROMODELISMO. História do Aeromodelismo. Disponível em: https://www.cobra.org.br/historia-do-aeromodelismo. Acesso em: 25 mar. 2018.
COBRA – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE AEROMODELISMO. Notícias. Disponível em: https://www.cobra.org.br. Acesso em: 16 mar. 2018.
COSTA, L. P. da (Org.). Atlas do
esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.
MAGALHAES MOTTA, J. F. Comunicação
pessoal. Rio de Janeiro, 1993.
NUTINI, W. Comunicação pessoal.
Rio de Janeiro, 1993.
SAE BRASIL. Aerodesign.
Disponível em:
portal.saebrasil.org.br/programas-estudantis/sae-brasil-aerodesign. Acesso em:
16 mar. 2018.
TUBINO, M. J. G; GARRIDO, F. A. C.;
TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo:
Senac, 2007.
VIANA, C. Comunicação pessoal.
Rio de Janeiro, 1993.
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