Kendô: dos antigos guerreiros aos samurais modernos!


(Japan House/Divulgação)
"Kendô: o caminho do guerreiro e a espada de bambu"


Como é o esporte?
            É uma arte marcial da cultura nipônica, cujo significado é “caminho da espada ou do sabre”.
            No confronto, é manejada uma espada de bambu. Para proteger o praticante, são utilizadas uma máscara de ferro para a cabeça e uma armadura para o tórax e o quadril. Há, ainda, luvas para os punhos, roupões e saias-calças.
A prática do kendô como esporte leva os indivíduos ao aperfeiçoamento físico e espiritual, sendo de grande valor como formação educacional, de lazer e de competição-rendimento.
A luta de kendô ocorre em uma área pré-estabelecida e dura cinco minutos.
Golpes técnicos são desferidos na cabeça, nos punhos e no tórax do adversário, pontuando-se essas ações quando são atingidas. A harmonia entre o corpo, o espírito e a espada, observada durante a luta pelos juízes, determina ou não essa pontuação.
No esporte, não há a distinção de faixas para diferenciar a graduação dos praticantes.
Os fundamentos técnicos estão apoiados sobre bases, deslocamentos e ações de ataque, defesa e esquiva ao empunhar a espada.

Quando o esporte apareceu por aqui?
            A história do kendô no Brasil teve início com a chegada dos imigrantes japoneses em 1908, no navio Kasato Maru.
            A primeira associação brasileira para a prática de judô e kendô – a Hakoku Ju-Ken Do Ren-Mei surgiu em 1933. Nessa época, destacavam-se os mestres Kikuchi, Murakami e Kobayashi.
            O kendô foi ensinado regularmente nas escolas da colônia japonesa por Tamaki Sensei, em Marília (SP), em 1938, e por Kasai Sensei, em Bauru e Suzano (SP), em 1945, na região do Alto Tietê.
            Nessa região, no pós-Guerra foi realizado o primeiro campeonato de kendô, em 11 de fevereiro de 1946, organizado por Yoshisuke Oura, de Suzano, Takeo Sato e outros.

(Foto: Divulgação)

O aumento no número de praticantes e a formação de associações de kendô favoreceu a difusão do esporte. A primeira a surgir foi a associação Hakkoku Chûô-sen Jûkendô Renmei (“Associação Brasileira de Judô e Kendô da Linha Central do Brasil”), que organizou seu primeiro torneio já em 1947 (Kobayashi, 2008).
        Depois da 2ª Guerra Mundial, o kendô começou a ser praticado de forma mais organizada. Surgia a Associação Brasileira de Kendô (Zen Haku Kendô Ren-Mei) em 1959.
Um ano antes, porém, o kendô realizava seu primeiro campeonato brasileiro. O período foi marcado pelo aparecimento de grande número de praticantes e mestres.
Em 1967, o 3º Campeonato Internacional de Confraternização do Kendô, em Tóquio (Japão), o Brasil esteve representado pelos kenshis Senji Sugino e Akinori Kojima.
No 1º Campeonato Mundial de Kendô, no Budokan realizado em abril de 1970, em Tóquio e Osaka (Japão), a equipe brasileira estava integrada pelos kenshis: Tomitoshi Toita, (fundador do Seibukan), Frederico Fujihara, Mitsuo Kimura, (fundador do Shinbukan), Yoshikata Kiyohara, (fundador do Kôbukan) , Kosho Higashi, Ichirô Ôrui, Isao Murakami, F. Yamaasa, Satoshi Nagahashi e M. Takizawa. Essa equipe brasileira ficou em terceiro lugar.
            Na década de 1970, Chicara Fukuhara Sensei viajou para o Japão, de onde trouxe novos ensinamentos e orientações.
A família Kishikawa tem um dos trabalhos mais relevantes para o desenvolvimento do kendô no Brasil. Um dos seus membros, o sensei Jorge Kishikawa, obteve o terceiro lugar no Campeonato Mundial de Kendô de Tóquio, em 1977.
            Em 1981, o kendô se organizava com a criação da Federação Paulista de Kendô (FPK), entidade que se constituía como órgão máximo do esporte no país.
A vinda da Universidade Kokushikan do Japão e a abertura de filiais no Brasil, além da chegada de grandes mestres espadachins que estabeleceram residência e começaram a ensinar a arte favoreceu a difusão do esporte no país. A partir daí surgiriam inúmeros espadachins brasileiros de renome brasileiros (Kobayashi, 2008)



                                                          (Foto: Divulgação)
            O 5º Campeonato Mundial de Kendô foi realizado em São Paulo, em 1982 mostrou o resultado do desenvolvimento do esporte no Brasil com o segundo lugar obtido pelo atleta Eiji Sugino, brasileiro. 
            Em 1998, foi criada a Confederação Brasileira de Kendô (CBK).
            No 14° Campeonato Mundial de Kendô, realizado em São Paulo em 2009 a delegação brasileira obteve o terceiro lugar por equipes no masculino e no feminino, além do feminino individual, com a atleta Eliete Takashima.
              O kendô ingressou no rol de esportes disputados nos 1º  Jogos Mundiais de Combate (World Combat Games) iniciados em Pequim, China, em 2010.
           No Campeonato Mundial, que ocorreu na Itália, em 2012, o Brasil conseguiu o 3° lugar por equipe feminino e o 4° lugar por equipe masculino.
            Um dos locais preferidos para a realização de eventos oficiais, campeonatos e exames de graduação da Federação Paulista de Kendô (FPK) e da CBK é a Associação Cultural e Esportiva Piratininga (Acep), em São Paulo.


(Foto: Divulgação)
          O Campeonato Brasileiro de Kendô (adultos e graduados) em sua 37ª edição foi realizado em setembro de 2019, no Ginásio Pedro Dell’Antonia, no município de Santo André (SP).                           
                O kendô pode ser encontrado em associações desportivas, clubes e academias em São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Amazonas, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Bahia,  Santa Catarina, Paraná,  Rio Grande do Sul e Distrito Federal.


Os benefícios do esporte?
  • O kendô é um esporte da corrente das “ artes marciais e lutas” (TUBINO et al., 2007);
  • Atua em favor do ambiente harmônico; 
  • Melhora a condição física, cardiorrespiratória, mental, emocional, e espiritual, além de combater a ansiedade, estresse e depressão;
  • Desenvolve a compreensão, paciência, perseverança, concentração, determinação, respeito mutuo, serenidade, disciplina e a sociabilidade;
  • Atua na aquisição de um estilo de vida ativo, promoção da saúde e qualidade de vida;
  • Exige foco no objetivo desejado, rapidez na capacidade de execução de movimentos, estado de alerta (prontidão), força de vontade, autoconhecimento, autocontrole e autoconfiança, estratégia e capacidade de improvisação;
  • Melhora a coordenação, agilidade, velocidade, ritmo, equilíbrio, flexibilidade, e descontração;
  • Favorece a aquisição de de valores, virtudes e atitudes aplicáveis na vida em sociedade visando o autocontrole dos indivíduos relacionados à coragem, honra, lealdade, compaixão, justiça e respeito.

Onde encontrar o esporte?
  • O esporte tem sido oferecido por Associações e Institutos Culturais e Esportivos de origem japonesa, clubes tradicionais, e academias credenciadas pela CBK e de federações filiadas; 
  • As competições são divulgadas em calendários organizadas por entidades esportivas credenciadas;
  • O esporte oferece opções de assistir, participar, e, até mesmo, competir, seja como opção de lazer (estilo de vida e saúde), formação ( iniciação esportiva, instrução educacional, social e profissional) e alto rendimento (treino regular com fins de competição);
  • as associações e institutos de cultura japonesa difundem os ensinamentos das artes marciais tradicionais samurais (artes da espada). A filosofia do Bushido transmite valores éticos, morais e sociais, comportamentos da cultura japonesa;
  • no esporte há exame de graduação, com exame prático, teórico e de kata.
Vou contar algo mais pra você!
  • no esporte há competições por categorias e seminários de instrutor, e confraternização;
  • a pontuação do golpe somente é válida quando a espada de bambu é usada no ângulo correto de corte.
  • o treino do kendô deve ocorrer em ambiente silencioso, com movimentos precisos;
  • o guerreiro samurai é único e famoso por seguir o seu código de honra e conduta, o Bushido;
  • as artes marciais ajudam as pessoas na superação de obstáculos cotidianos, e a ter disciplina;
  • o sistema de faixas adotado é igual ao das outras artes marciais japonesas.

Organização no Brasil
            O kendô, embora seja promovido por associações, comunidades nipo-brasileiras e clubes, está sob a responsabilidade da Confederação Brasileira de Kendô (CBK).

Organização Internacional
             O Kendô é dirigido e organizado mundialmente pela Federação Internacional de Kendô (IKF).

Referências Bibliográficas
BERG, O. Comunicação pessoal. Rio de Janeiro, 1992/1993.
Confederação Brasileira de Kendô (CBK). Últimas Notícias. Disponível em: http://cbkendo.com.br/Acesso em: 17 abr 2020.
COSTA, L. P da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.
ENCICLOPEDIA Salvat de Los Deportes. Barcelona: Salvat, Vol. 8, 2195-2200, 1976.
FAILLIOT, P & FAILLIOT, P. Dicosport 92 – Le dicionnaire des sports. Paris: OPS. 1992.
Kobayashi, L. Kendô no Brasil – panorama da pesquisa e um breve histórico (Parte 2 de 2), 2008. Disponível em: https://cenb.org.br/articles/display/153. Acesso em: 15 abr 2020.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007. 
VELTE, H. Dicionário Ilustrado de Budô. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1981.





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