Quimbol: um brasileirinho coletivo, misto e de raquete



“Um esporte de identidade cultural nacional e misto”


 Por Fernando Garrido


Como é o jogo?
O quimbol engloba regras e fundamentos oriundos do voleibol, basquetebol, tênis e futebol.
É jogado por quatro pessoas de cada lado de uma quadra de vôlei com rede especial, usando-se raquetes e bola semelhantes às do tênis. O quimbol também pode ser praticado nas praias.
Na quadra de voleibol, utiliza-se o poste de fixação da rede como limitação de jogo aéreo. Uma rede divide a quadra, com altura de 2,30 metros para homens e de 2,10 metros para mulheres.
O jogo transcorre em quatro tempos de dez minutos cronometrados, com os participantes golpeando uma bola pequena com raquetes de madeira emborrachada. É também possível disputá-lo em sets de 15 ou 25 pontos.
A finalidade é colocar a bolinha, de borracha macia, dentro da quadra adversária, mas fora do alcance do adversário.
Na recepção do jogo, podem-se usar a raquete, o solo (quatro vezes durante o set como recurso alternativo), assim como partes do corpo, com exceção das mãos e dos braços.
Em caso de empate, realiza-se um quinto tempo (melhor de cinco pontos) sem troca de lados, iniciado pela equipe que marcou o último ponto.
O jogo pode ser praticado como brincadeira nas escolas por todas as faixas etárias da grade escolar.
(Foto:Divulgação)

Os fundamentos são basicamente sacar, receber, executar o levantamento e efetuar o ataque na quadra adversária.
O término do jogo ocorre ao final do quarto tempo com vitória da equipe que obteve maior número de pontos.

Quando o jogo começou por aqui?
Foi Joaquim Bueno de Camargo quem criou o quimbol na cidade de Piracicaba (SP). O jogo começou a ser idealizado por Quim no Pontal de Paranapanema, ainda em 1947.
Quim foi morar em Piracicaba (SP) em 1996, onde um amigo o presenteou com uma bola de tênis, fato que lhe trouxe um novo estímulo para continuar a formular as regras do esporte, a criar a bola e o modelo de raquete e, em seguida, juntar-se a um grupo de amigos e dar início à prática do jogo.
A apresentação do quimbol ao então secretário municipal de Esportes e Lazer da cidade, Rubens Braga, em 2000, repercutiu na sua inclusão como matéria da grade curricular de educação física da prefeitura. O esporte também jogado no Ginásio Municipal Valdemar Blatskauskas.
Um conjunto de fatores contribuiria de forma efetiva para a difusão do quimbol em Piracicaba, entre eles o apoio da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) ao desenvolvimento científico e à divulgação do esporte.
O quimbol ganhava âmbito internacional ao aparecer no 1º Simpósio Científico Cultural en Educación Física y Deportes – Brasil/Cuba, realizado em 2001, em Cuba, e levado por Wagner Weil Moreira, professor da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Desde então, o esporte tem sido praticado em Cuba, na Universidad de Camagüey, e coordenado pelo professor Henrique de Laosa.


(Foto: Divulgação)

O quimbol aumentou sua visibilidade ao ser apresentado na 1ª Conferência Nacional de Esportes, realizada em Brasília (DF), em 2004. Nesse momento, ele ganhava destaque, por unanimidade, como esporte de identidade cultural e nacional e o reconhecimento de único esporte de caráter coletivo jogado com raquete do mundo.
Em 2008, nos Jogos Abertos do Interior (JAI), em Piracicaba, o esporte ingressou como demonstração, o que lhe garantiu mais popularidade.
A maior adesão das pessoas acabou chamando a atenção das cidades do interior de São Paulo para o quimbol, aliada à transmissão do JAI pela ESPN Brasil.
        A difusão quimbol se tornou realidade no estado de São Paulo, fato observado na adoção do esporte pelo Sesc-SP em suas unidades. Em núcleos do Programa Esporte e Lazer da Cidade (Pelc), de São Paulo e do Paraná, foram formados líderes e gestores do esporte e lazer como direito de todos.
O esporte ingressava no rol de atividades oferecidas no Dia do Desafio –evento gratuito promovido pelas diversas unidades do Sesc com o apoio da Federação Pan-Americana de Esportes para Todos (Fedapet) e o Programa Piracicaba Saudável.
Novas perspectivas de desenvolvimento do esporte apareciam com o início do processo de internacionalização do quimbol, o que criava novas possibilidades de envolvimento ao chegar a países como o Chile, Canadá, Estados Unidos, Peru e Dinamarca.
O jogo de quimbol ganhava mais estímulo oferecido na formação em escolas públicas e particulares, sobretudo no ensino fundamental, e repercutia no meio educacional no estado de São Paulo.
O esporte passava a ser mais valorizado como conteúdo nas aulas de educação física e, oferecido no contra turno das escolas de tempo integral, ganhava o viés de responsabilidade social em São Paulo.
A realização de seminários, palestras, clínicas e cursos tem sido uma das ações fundamentais para capacitar estudantes e professores de educação física para a prática do esporte em São Paulo.
O esporte ganhava mais visibilidade e chamou a atenção da mídia televisiva com a sua exibição no programa Balanço Geral, às 12h50, na TVB Campinas – emissora afiliada à Rede Record.
Da reportagem, participaram, no Ginásio de Esportes Garcia, atletas e dirigentes, entre eles, Bernardet Bueno de Camargo, irmã de Quim, e o secretário municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras, João Francisco Rodrigues de Godoy, o Johnny, também coordenador técnico da modalidade. 
Nas edições do Festival Sesc Verão, o quimbol se tornou uma das modalidades regularmente disputadas no ginásio do Sesc-Piracicaba. Esse evento é organizado pela Associação Piracicabana de Quimbol (Apquim), o Sesc-Piracicaba, a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (Selam), a Associação dos Funcionários Públicos Municipais e o Panathlon Club de Piracicaba, todas entidades que promoveram o quimbol no país.
(Foto: Divulgação)

A importância do esporte repercutia na esfera política, o que levou à criação do Dia Municipal do Quimbol, data comemorada em 14 de agosto de cada ano e instituída no calendário oficial de eventos de Piracicaba. É uma data de homenagens a professores, praticantes, autoridades e entidades que se destacaram em ações em favor do quimbol ao longo do ano. 

Vou contar algo mais pra você!
O quimbol, reportando-nos a Tubino et al. (2007), é um esporte que pertence a duas correntes esportivas: esportes derivados de outros esportes (por misturar o vôlei, o tênis e o futebol) e esportes de identidade cultural (por ser um esporte genuinamente brasileiro).
Uma das características marcantes do quimbol é que as disputas podem ocorrer em espaços adaptados para o jogo, incluindo uma sala de aula.
O quimbol também é jogado na areia da praia e recebe o nome de beach quimbol.
O quimbol é mais um dos esportes de origem brasileira e mais um jogo disputado com raquetes.
Entre as características que o diferenciam de outros esportes, despontam a formação de equipes mistas e o seu caráter coletivo. É marcante a utilização do corpo (com exceção de braços e mãos) para recepcionar a bola, possibilitando ajeitá-la depois do quique no chão, sem que isso conte como toque (somente o da raquete), o que torna o jogo mais dinâmico.
Vamos reforçar dois detalhes elementares nas regras do quimbol. O último contato da bola para a quadra adversária deve ser executado com a raquete. O rodízio é feito, no sentido horário, pela equipe que perder o ponto, tantas vezes quanto perder, consecutivas ou não.
O esporte é coletivo e com formação de equipes mistas (de homens e mulheres). Esse é um dos elementos diferenciadores do quimbol, uma das tendências esportivas em curso na sociedade mundial, em especial no Brasil, neste século.
Essa tendência, que se consolida no cenário brasileiro, também se observa em diversos outros esportes integrados por ambos os sexos.
O blog alquimiadoesporte.blogspot.com, em nova oportunidade, trará o tema em exposição!

Os benefícios do esporte!
            O quimbol traz diversos benefícios à saúde e à qualidade de vida, com a melhoria da condição muscular e cardiorrespiratória.
Trata-se de um esporte coletivo que desenvolve o trabalho em equipe e promove a cooperação, a relação interpessoal, o espírito de coesão social (grupo), a busca por objetivos comuns e a divisão de responsabilidades. Além disso, fortalece a confiança e melhora a comunicação, a capacidade de iniciativa e a resolução de problemas, entre outros aspectos. 
Um conjunto de qualidades físicas pode ser observado nos esportes coletivos, em especial no quimbol. Entre elas, estão: velocidade; força; coordenação; agilidade; ritmo; resistência muscular localizada, aeróbica e anaeróbica; flexibilidade e descontração.

Onde praticar o quimbol!
O esporte pode ser encontrado na formação educacional, nas aulas de educação física (como iniciação esportiva), em projetos e programas de responsabilidade social, em treinamentos regulares com fins de competição e na formação profissional.
O jogo também se desenvolve como lazer e competição em clubes, escolas, centros de lazer, associações comunitárias, praças e parques, além de praias, principalmente no estado de São Paulo.
Em processo de esportivização, o quimbol tem se desenvolvido com o acompanhamento de suas regras e seus regulamentos e sua divulgação em escolas, clubes e jogos abertos.

Referências Bibliográficas
BOLLIS, L. Prefeitura do Município de Piracicaba. Do karatê ao quimbol, esporte de Piracicaba é destaque na TV brasileira. Disponível em: http://www.piracicaba.sp.gov.br/imprimir/do+karate+ao+quimbol+esporte+de+piracicaba+e+destaque+na+tv+brasileira.aspx. Acesso em: 18 jun. 2020.
COSTA, L. P. da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.
ESPN. Jogos Abertos do Interior ao vivo na ESPN Brasil. Disponível em:
http://www.espn.com.br/noticia/14246_jogos-abertos-do-interior-ao-vivo-na-espn-brasil. Acesso em: 1 8 jun. 2020.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.
UNIMEP. Educação Física 2012. Quimbol. Disponível em: https://edfisicaunimep2012.webnode.com/news/quimbol/. Acesso em: 18 jun. 2020.


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