Regata Ecológica da Escola Naval/Naval Academy Ecological Regatta: ferramenta de contribuição à missão constitucional da Marinha do Brasil
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(Foto: Divulgação) |
Por Fernando Garrido
É diante de complexo contexto de ocorrência de
grandes e diversificados eventos, que alcançaram dimensões globais nas duas
últimas décadas do século XX, impactado pela necessidade de discussões em nível
mundial de temas como a degradação ambiental, que surgia a “Regata Ecológica da
Escola Naval”, em 1998.
Nessa direção, o Corpo de Aspirantes passava a
chamar a atenção da sociedade brasileira, em especial da carioca, para os
problemas de degradação da Baía de Guanabara, que já perduravam, naquela
altura, mais de cinco décadas, com a criação da “Regata Ecológica”, organizada
pela Sociedade Acadêmica Phoenix Naval (SAPN), em parceria com o Grêmio de Vela
da Escola Naval (GVEN).
A criação da “Regata Ecológica da Escola Naval”
vinha em favor da compreensão da importância do mar, da melhoria da higidez
física do militar, mas em especial do fortalecimento da inter-relação entre
esporte e meio ambiente, que garante ao militar maior compreensão do conceito
de sustentabilidade. Este conceito, por sinal, retrata que somente a exploração
consciente dos recursos naturais possibilitará a sua utilização pelas gerações
futuras.
A “Regata” reproduz as questões ambientais, a mobilização e a educação do ser humano em favor da consciência ecológica, seus temas centrais. Nesse sentido, o evento desenvolve ações orientadoras de preservação e educação ambiental, além de fortalecer a mentalidade marítima.
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(Foto: Gisele Federicce) |
A “Regata” reproduz as questões ambientais, a mobilização e a educação do ser humano em favor da consciência ecológica, seus temas centrais. Nesse sentido, o evento desenvolve ações orientadoras de preservação e educação ambiental, além de fortalecer a mentalidade marítima.
Nessa linha de atuação, a “Regata” oferece
ensinamentos com um maior conhecimento e estímulo à compreensão sobre a
importância e o uso do mar, despertando a busca por soluções com relação à
proteção, à preservação e à exploração na vasta área marítima do Brasil. Da
mesma forma, a “Regata” também chama atenção da sociedade carioca ao expor um
olhar crítico sobre as mazelas relacionadas ao ecossistema da Baía da
Guanabara.
O espaço marítimo brasileiro, conhecido como
Amazônia Azul, e a Amazônia Verde, com seus rios navegáveis, devem ser
protegidos por serem abrigo de incalculáveis recursos naturais. A Amazônia Azul
é um local de importância estratégica, por conter plataformas de petróleo e de
gás, linhas de comunicação marítimas e grande biodiversidade. Seus potenciais
se expressam pelo grande fluxo de comércio, principalmente internacional em
rotas pré-estabelecidas, o que permite trocas de mercadorias de toda ordem,
geração de empregos, turismo etc., produzindo riquezas para o Brasil.
É daí que advém o dever da Marinha de estar de
prontidão, para tomar as medidas necessárias ao cumprimento das tarefas básicas
do Poder Naval, quais sejam: a negação do uso do mar; o controle de áreas
marítimas; a projeção de poder sobre a terra; e a contribuição para a dissuasão.
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(Foto Cultura Mix) |
Em razão desse entendimento, o militar, elo
essencial para o cumprimento da missão constitucional da MB, tem como aliados,
ao longo da carreira, o esporte e suas competições entre as mais variadas atividades
físicas ao seu dispor, na busca da melhoria da higidez física, o que lhe
garante em contrapartida o aprimoramento dos aspectos físicos, mental, moral,
técnico e intelectual.
Nesse
sentido, em 2014, o então Comandante da Escola Naval, Contra-Almirante Marcelo
Francisco Campos, expressou de forma significativa o que representa a “Regata”
ao comentar sobre o evento. Disse o Almirante:
A
mensagem da regata é promover o contato de estudantes com o mar, com a noção de
desenvolver a mentalidade marítima, o conhecimento do mar, de respeitar o mar
e, sobretudo, preservá-lo. É a 15ª edição da regata, que já virou tradição na
Escola Naval²
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(Blog do Axel Grael) |
A “Regata” tem o objetivo simbólico da limpeza da
Baía da Guanabara, com o recolhimento de lixo flutuante despejado sem qualquer
tratamento, realizado por dezenas de tipos de embarcações a vela e a remo. A
competição ocorre sob a forma de gincana, de acordo com as categorias de barcos
das classes “Oceânico”, “Cabinado” e “Escaler”.
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2 Regata Ecológica recolhe
363 quilos de lixo - Portal Vermelho. Disponível em: https://vermelho.org.br/2014/05/01/regata-ecologica-recolhe-363-quilos-de-lixo/.
Acesso em: 30 nov. 2016.
As equipes são mistas e compostas por Aspirantes,
universitários de instituições de ensino superior públicas e privadas,
instituições de pesquisa e jovens de projetos sociais que integram os núcleos
de atividades náuticas, voltadas às comunidades carentes e de baixa renda,
localizados na orla marítima.
A equipe vencedora é aquela que recolher a maior
quantidade de lixo da Baía da Guanabara. As equipes disputam, também, um prêmio
especial concedido ao barco que encontrar o lixo mais exótico. A “Regata” é uma
competição que faz parte das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente,
celebrado em 5 de junho. Atualmente, esta competição conta com a presença de
cerca de 250 participantes.
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(Foto: Divulgação) |
Uma maior abrangência na relação entre o esporte e
meio ambiente foi obtida pela “Regata” em 2013, com a parceria realizada com a
Recicloteca, que é um Centro de Informações sobre Reciclagem e Meio Ambiente
criado pela ONG Ecomarapendi. Nesse sentido, a “Regata” passou a oferecer
palestras e a instalação de estandes para a exposição de projetos voltados à
manutenção do ecossistema marinho da Baía de Guanabara, ecologia, preservação
ambiental e reciclagem.
Com a reciclagem, pretende-se mostrar etapas do
processo da transformação de um novo material, com a redução, reutilização e
reciclagem dos resíduos. São apresentados, ainda, projetos de meio ambiente
sustentável, estimulando a reflexão e o consumo responsável, de forma a evitar
a degradação do meio ambiente.
O Corpo de Aspirantes todos os anos se mobiliza,
objetivando a realização da “Regata”, que foi, em seu início, restrita às seis
companhias dos quatro anos escolares. Progressivamente, com o passar dos anos,
verificou-se a necessidade de promover o chamamento da sociedade civil carioca.
Ademais, a mobilização dos Aspirantes acarretou em maior divulgação e,
consequentemente, maior visibilidade da “Regata”, principalmente pela
realização de palestras junto às Instituições de Ensino Superior sobre a Escola
Naval e os eventos nela realizados. Nessa perspectiva, a competição começou a
angariar parcerias às causas ecológicas, dentre elas: os alunos das
universidades públicas e privadas, de áreas afins, as organizações não
governamentais, como o Projeto Grael e as empresas ligadas à reciclagem e de
natureza pública e privada, como foi o caso de FURNAS, com o patrocínio da
“Regata”, e a participação de atletas olímpicos, como Ricardo Winicki, o
“Bimba”, em 2016.
*Na 20ª edição a Regata
Ecológica da Escola Naval realizada em 23 de novembro de 2019 largaram do cais
do Departamento de Formação Marinheira da Escola Naval cerca de 20 embarcações com
as equipes integradas por aspirantes da Escola Naval e alunos do Centro de
Instrução Almirante Graça Aranha rumo a missão de limpeza do mar da Baía de
Guanabara.
Em suma, a “Regata” fortalece a relação entre
esporte e meio ambiente e atua na formação do militar ao promover o
desenvolvimento de consciência ecológica de profissionais que irão desempenhar
tarefas e atribuições em estreito contato com a natureza, em especial com o
mar. Ela contribui para maior compreensão do militar sobre a importância dos
cuidados com o meio ambiente, fortalecendo a sua visão quanto à necessidade de
preservar, proteger e defender a Amazônia Azul e as águas interiores do Brasil,
locais que abrigam grande diversidade de riquezas naturais e que possuem
importância político-estratégica, econômica e militar.
Finalmente, cabe assinalar que a “Regata
Ecológica” da Escola Naval, ao promover a inter-relação entre o esporte, o meio
ambiente, a MB e a sociedade civil, contribui de forma significativa para a
formação dos futuros Oficiais da MB, conhecidos como “Sentinelas dos Mares”,
tornando-os cidadãos ainda mais conscientes de suas responsabilidades sociais perante a nação brasileira.
Referências Bibliográficas
BRASIL.
Planejamento Estratégico Operacional
(PEO) - 1ª Revisão 2015-2018. Disponível em: www. comench.mar.mil.br. Acesso em: 3 ago 2016.
_______.
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_______.
Estratégia Nacional de Defesa
(END/2008). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/Decreto/D6703.htm. Acesso em: 3 ago 2016.
XII Regata
Ecológica da Escola Naval - Revista Cultura
e Cidadania. http://revistaculturacidadania.
Disponível em: blogspot.com.br/2011/08/xii-regata-ecologica-da-escola-naval.html.
Acesso em: 2 ago 2016.
MUSSI, E. XVI Regata Ecológica da Escola
Naval-2015-Recicloteca. Disponível
em: http: // www.recicloteca.org.br/noticias/xvi-regata-ecologica-da-escola-naval-2015/.
Acesso em: 01 ago 2016.
_______. XVII
Regata Ecológica da Escola Naval. Projeto de Patrocínio. Escola Naval.
2016.
Ministério da Defesa. Regata
Ecológica da Escola Naval leva consciência ambiental à Baía da Guanabara. Disponível em: http://www.marinha.mil.br/node/1351.
Acesso em: 2 ago 2016.
Portal Vermelho. Regata
Ecológica recolhe 363 quilos de lixo. Disponível em: www.vermelho.org.br/noticia/241178-101.
Acesso em: 2 ago 2016.
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Autor
do texto: Prof. Dr. Fernando Antonio Cardoso Garrido
Texto
original publicado na Revista Villegagnon. ano XI – nº 11 – 2016.
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parágrafo novo
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