Iaidô: um combate imaginário de sabre!

(1º Seminário Internacional de Iaido e Jodo)

“O desembainhar do sabre em simulação de combate real”

Por Fernando Garrido

Como é o esporte?

            Outrora conhecido por tai-jutsu, o iaidô originou-se no Japão. É um esporte de artes marciais que utiliza técnicas de combate com o sabre, podendo ser empregado também como defesa pessoal.

O iaidô simula um confronto real, embora o adversário seja imaginário. O praticante deve imaginar que está sendo atacado por inimigos e simular a sensação de perigo, como se fosse um ataque real.

Para isso, ele deve desembainhar sua espada, cortar, perfurar e defender-se de um ou mais oponentes, em uma grande diversidade de gestos. O esporte exige paciência obstinada e alta concentração.

A modalidade compreende uma rotina ou série do tipo kata, com movimentos velozes simulando defesas, contra-ataques e ataques. Na execução das técnicas, devem-se observar a precisão, a coordenação, o encadeamento dos gestos e a naturalidade dos movimentos.

(Sensei  Felipe Teruo/Foto: Divulgação) 

A iniciação no esporte compreende a aprendizagem de sequências NIHON SEITEI IAI (kata) e o uso de espada de madeira (bokutô). Em seguida, evolui-se para o estilo Muso Shinden-ryu. No esporte, usam-se objetos como espadas longas e curtas e facas.

As competições são disputadas com dois participantes lado a lado, avaliados por corpo de árbitros, o qual decide o vencedor.

A graduação do esporte obedece ao sistema de faixas, conforme há em outras artes marciais japonesas.

  

Quando o esporte apareceu por aqui?

            O iaidô foi introduzido no Brasil, em 1960, por Hiroo Mochizuki. Ele era apresentado em clubes de cultura japonesa, nos bairros de Pinheiros e da Liberdade, na cidade de São Paulo.

            Com a vinda do japonês Karizumi ao Brasil, o esporte começou a crescer por aqui. Formaram-se, então, os primeiros atletas graduados reconhecidos pela Federação Japonesa (All Japan Kendo Federation – Zen Nihon Kendo Rennei), como Jorge Kishikawa, Tadashi Tamaki e Aurélio Iwasa.

            Na década de 1970, a chegada de Asahi Sensei e Nakakura Sensei contribuiu para a organização dos primeiros exames de graduação do esporte e o seu desenvolvimento no país.

A partir do final da década de 1990, a Confederação Brasileira de Kendô (CBK) passou a receber senseis japoneses com o objetivo de promover o desenvolvimento do esporte no país. Um deles foi Tomoharu Ito (8º Dan Kyoshi de kendô e de Seitei iaidô).

(espírito marcial)

A difusão do iaidô no Brasil contou com a influência direta de alguns nomes importantes das artes marciais. Um deles foi o sensei Kaminoda Tsunemori – presidente da Nihon Jodokai e 8º Dan Hanshi de jodô e iaidô – que esteve no país em 2002 e 2005.

Outro foi Toshihiko Tsutsumi, mestre em Muso Shinden Ryu, que veio morar no Brasil em 2003. O sensei também era 6º Dan Renshi em iaidô, 5° Dan em kendô e o praticante mais graduado em iaidô reconhecido pela Zen Nippon Kendo Renmei (ZNKR) e pela Federação Internacional de Kendô (IKF).

A partir de 2004, o esporte expandiu-se com os trabalhos de Ichitami Shikanai, junto à Aikido Rio de Janeiro (ARJ), e a oferta da prática exclusiva em academias filiadas à CBK. Todos esses senseis participaram efetivamente do desenvolvimento do esporte, ministrando seus treinamentos e atuando em bancas examinadoras.

A partir de 2007, o sensei Jorge Kishikawa, não mais ligado à CBK, passava a focar na divulgação dos estilos de koryu, na Confederação Brasileira de Kobudô (CBKod).

Também a partir do mesmo ano, com a ajuda de Tsutsumi Sensei, a CBK passou a realizar, anualmente, eventos como seminários e exames de iaidô até o 1º Dan, especialmente com a prática do Seitei Iaidô (Zen Ken Ren Iai), do Muso Shinden Ryu e do Muso Jikiden Eishin Ryu.

Em desdobramento aos fatos, organizou-se, em 2013, o 1º Campeonato Brasileiro de Iaidô. O evento ocorreu no Ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernado do Campo (SP), e foi promovido pela CBK. Ele também é considerado o primeiro evento no Brasil reconhecido pela ZNKR e pela FIK. As categorias disputadas foram: aspirantes e ikkyu; 1º; 2º e 3º Dan.

(Crédito: José Gomes Neto/Comunicação CNC)

A difusão do iaidô tem sido oportunizada com a vinda de senseis do Japão. Um deles foi Alexandre Pereira (5º dan) que mora por lá e esteve participando do 1º Seminário Regional de Iaido realizado no Clube Náutico Capibaribe (PE) em 2015.

A CBK realizou, em conjunto com a Confederação Latino-Americana de Kendô (Clak), o 1º Seminário Internacional de Iaidô e Jodô em 2016. A realização de seminários contou com a participação de seis senseis com 7º Dan iaidô e um sensei com 5º Dan Jodô. Também foram realizados exames de iaidô até o 5º Dan, com a aprovação de três novos 5º Dan no Brasil. A partir desse ano, a CBK passou a aplicar exames de graduação até o 3º Dan.

A intensificação do desenvolvimento do iaidô tem ocorrido com a implantação de diversas ações e iniciativas. Uma delas foi a realização do 1º Seminário de Arbitragem do esporte pela Federação Paulista de Kendô (FPK) e CBK em agosto de 2018.

     A difusão do esporte tem sido observada principalmente nos estados de Alagoas, Pernambuco, Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Os benefícios do esporte?

• Trata-se de um esporte da corrente das “ artes marciais e lutas” (TUBINO et al., 2007);
• Atua em favor do ambiente harmônico; 
• Melhora a condição física, cardiorrespiratória, mental, emocional, e espiritual, além de combater a ansiedade, estresse e depressão;
• Desenvolve a compreensão, paciência, perseverança, concentração, determinação, respeito mutuo, serenidade, disciplina e a sociabilidade;
• Atua em favor da aquisição de um estilo de vida à saúde, promoção de bem-estar e qualidade de vida;
• Exige foco no objetivo desejado, rapidez na capacidade de execução de movimentos, estado de alerta (prontidão), força de vontade e autoconhecimento;
• Melhora a coordenação, agilidade, velocidade, ritmo, equilíbrio, flexibilidade, e descontração;
• Favorece a aquisição de de valores, virtudes e atitudes aplicáveis na vida em sociedade relacionados à coragem, honra, lealdade, compaixão, justiça e respeito.

Onde encontrar o esporte?

• O esporte tem sido oferecido por Associações e Institutos Culturais e Esportivos de origem japonesa, clubes tradicionais, e academias credenciadas pela CBK e de federações filiadas; 
• As competições são divulgadas em calendários organizadas por entidades esportivas credenciadas;
• O esporte oferece opções de assistir, participar, e, até mesmo, competir, seja como opção de lazer (estilo de vida e saúde), formação ( iniciação esportiva, instrução educacional, social e profissional) e alto rendimento (treino regular com fins de competição);

Vou contar algo mais pra você!

• no esporte há competições por categorias e seminários de instrutor, e confraternização;
• o saque do sabre se dá em posturas sentada, de pé, deitada e de joelhos com a execução de diferentes tipos de cortes, embainhamentos e estado mental em alerta;
• o treino do iaidô é desenvolvido em ambiente silencioso, com movimentos suaves e precisos;
• o sistema de faixas adotado é igual ao das outras artes marciais japonesas.

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Organização no Brasil

A prática e o ensino do iaidô são dirigidos e incentivados, em todo o território nacional, pela Confederação Brasileira de Kendô (CBK).

Organização Internacional

O iaidô é dirigido e organizado no Japão pela Federação All Japan Iaido. A Federação Internacional de Kendô (IKF) é entidade mundial do esporte.

Referências Bibliográficas

Tsurugi no Michi – O Espírito Marcial. Academias de Iaido no Brasil. Disponível em: https://espiritomarcial.wordpress.com/academias-de-iaido-no-brasil/. Acesso em: 20 ago. 2018.

CBK – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KENDO. O que é o Iaido? Disponível em: cbkendo.com.br/?page_id=140. Acesso em: 17 ago. 2018.

COSTA, L. P. da (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.

KISHIKAWA, J; CASAGLI, A. B. Comunicações pessoais. Rio de Janeiro, 1994.

NIPPOBRASIL. Budô: Iaido. Disponível em: www.nippo.com.br/budo/n057.php. Acesso em: 17 ago. 2018.

TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007. 

VELTE, H. Artes marciais do oriente. In: Dicionário Ilustrado de Budô. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1981.