O esporte caiu na real, vai virar virtual!



A chegada de uma pandemia trouxe uma série de restrições de ordem social, política, econômica e cultural à vida das pessoas, exigindo novos comportamentos sociais, relações de trabalho, atitudes no lazer, hábitos de higiene e deslocamento etc.
Esse fato tornou o mundo real mais plano e estreito, favorecendo as relações criadas pelo mundo irreal – digital/virtual. Elas envolvem a formação de novos cenários com iniciativas, ações, tarefas, eventos, ideias, produtos, serviços e negócios on-line.
Um sem-número de possibilidades pode ser criado e intensificado pelo mundo virtual, sustentado por transmissões na internet e em redes sociais. Entram em ação: home offices, lives em várias plataformas, streamings de esportes novos e tradicionais, entre outros.
Uma série de mudanças na relação entre mídias, esportes e novas tecnologias virtuais está em constante evolução e já pode ser vista no dia-a-dia.
Os e-Sports (esportes eletrônicos) são considerados exemplos típicos dessa transformação, pois configuram um novo tipo de cenário esportivo. Possuem grande audiência on-line – o que conta bastante em época de isolamento social. Além disso, esse novo universo envolve grandes competições, jogadores de fama, altos valores em prêmios, redes sociais, lives, marketing e espaços exclusivos para formação, treinamento e hospedagem de jogadores.
Evidências apontam a importância desse novo tipo de gestão esportiva, por exemplo, entre os objetivos do Comitê Olímpico Internacional (COI), que vem procurando discutir a melhor forma de envolver esses esportes no meio olímpico e, assim, atrair cada vez mais a juventude.
As recomendações do COI estendem-se também às federações internacionais filiadas. Cabe a elas acompanhar não somente as mudanças com o aparecimento dos e-Sports mas também as ações e reais intenções das empresas de alta tecnologia, uma vez que são detentoras dos direitos sobre seus esportes.
Uma nova realidade já tem sido observada nas próprias transmissões dos jogos de futebol, com os estádios vazios por diversas razões, como punições por brigas de torcidas e racismo. A televisão deixou os estádios de futebol e outros locais de disputas esportivas, mas levou seus staffs aos estúdios, com as transmissões e os comentários sendo absorvidos pelas parafernálias tecnológicas, tudo feito de longe com câmeras, drones, smartphones etc. Alguns poucos profissionais de mídia trabalham nesses locais para resolver detalhes técnicos de transmissão, entrando em cena os profissionais de rádio – repórteres e comentaristas.
Essa nova tendência esportiva e seus recursos tecnológicos on-line disponíveis possuem a capacidade de invadir mais rapidamente as telas, oferecendo esporte como lazer. Com isso, jogos reais podem vir a se transformar em virtuais/digitais (acompanhados ou não público, incluindo plateia fictícia), conforme podem ser vistos, em especial, nos e-Sports.
Dessa maneira, abre-se um caminho aos esportes reais que pode vir a não ter volta. Será que essa ida ao mundo virtual é realmente de vez?

Na verdade, a pandemia só antecipou uma tendência esportiva que já estava em curso no mundo. Porém, não se trata de deixar de lado as práticas físicas realizadas regularmente e acompanhadas de bons hábitos alimentares, pois a saúde é elementar.
Os esportes reais poderão ser assistidos de casa, do trabalho, do campo e no lazer pelo meio digital. As transmissões esportivas poderão vir a ser realizadas sem a presença do público em estádios, quadras, campos, piscinas e grandes arenas, conforme já ocorrem em telões instalados nesses locais – uma diversão passiva online.
Nesse momento, estão sendo traçados planos para o início de grandes competições nos Estados Unidos, na Europa e em outros locais do mundo, sem a presença do público. A estrutura envolve poucos profissionais, além, é claro, de empresas patrocinadoras, do marketing e da mídia em geral.
O sentido competitivo do esporte permanece, bem como a preocupação com a segurança dos atletas e a responsabilidade social de entretenimento nos momentos de lazer, uma válvula de escape às tensões criadas nas sociedades atuais. Vale a pena!
E de que forma isso pode ocorrer? Esses eventos podem ser transmitidos pelas televisões aberta e fechada, por streamings e, até mesmo, com os jogos eletrônicos. Os comentários podem ser feitos dos estúdios ou de casa, e as entrevistas, concedidas a um torcedor via telefone celular.
O certo é que os esportes eletrônicos estão invadindo cada vez mais o mundo real. O quadribol, esporte dos bruxos, saiu da ficção das telas para cair na real. A luta com espadas de luz, de Guerra nas Estrelas, partiu do universo interestelar para ganhar a Terra, e a luta de combate medieval, reproduzida pelas telas cinematográficas, conquistou o mundo atual.
 O caminho inverso também já está ocorrendo. Estamos conduzindo os esportes reais ao mundo virtual/digital. Muitos deles já estão por lá há muitos anos. Enfim, é tudo lazer, consumo, marketing, mídia e um grande negócio.


Autor do texto: Fernando Garrido
alquimiadoesporte.blogspot.com

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