Apneia: você no limite!
Os primeiros protagonistas da apneia
(ou mergulho livre) no Brasil apareceram nas décadas de 1950 e 1960.
O pioneiro do mergulho livre em apneia
no país foi Américo Santarelli, que desceu a 44 metros de profundidade em 1960,
batendo recorde mundial em 1 metro. Poucas semanas depois na Ilha de Circeo
(Itália), Santarelli igualou o recorde de 43 metros de profundidade.
Na verdade, o marco divisor do
desenvolvimento do esporte no país foi estabelecido em 2000, quando foi criada,
em Florianópolis (SC), a Associação Internacional para o Desenvolvimento da Apneia
(Aida) / Seção Brasil, presidida por Karoline Meyer. Até o final do século XX
aparecem em destaque no esporte os nomes de Cláudio Guardabassi e Karoline Meyer.
A Aida Brasil trouxe a
regularidade na organização de competições regionais e nacionais, além da participação
de atletas brasileiros em eventos internacionais. Como resultado, acabaram
surgindo: o 1º Campeonato Nacional Indoor de Aida Brasil (2003), o 1º Torneio
de Apneia Estática Boat Show (2003), o 1º Campeonato Internacional de Apneia
Indoor Aida Brasil (2004) e o 1º Circuito Nacional de Mergulho Livre (2006).
Nos eventos internacionais,
especialmente em competições sul-americanas e pan-americanas, o Brasil
tornou-se detentor de recordes nas Américas. Na apneia estática, por exemplo, Ricardo Bahia fez o tempo de 7’44’’ e
Karol Meyer, de 7’01” em 2006.
As competições internacionais de apneia
deixaram de ser realizadas no Brasil por não terem o aval da Aida Internacional
entre 2006 e 2016. Durante esse tempo, os atletas brasileiros estabeleceram
novas marcas nacionais, sul-americanas, pan-americanas e mundiais durante
competições e em inúmeras tentativas de recordes.
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Foto Divulgação |
O esporte desenvolvia-se por vários
fatores. O treinamento esportivo melhorava progressivamente. Cada vez mais se
aprendia sobre os efeitos fisiológicos do exercício. Materiais e equipamentos aperfeiçoavam-se.
Tudo isso acabou contribuindo para a busca e a quebra de recordes nas provas de
apneia no Brasil.
Um dos grandes nomes do esporte é
Karoline Meyer. No período entre 1999 e 2009, ela disputou grande número de
eventos nacionais e no exterior, alcançando títulos nacionais, sul-americanos,
pan-americanos e mundiais. A atleta também obteve recordes mundiais e prêmios
internacionais.
Em
1999, Karol venceu quatro campeonatos mundiais– o Red Sea Dive Off e as
Copas do Mundo de Nice, Montreaux e Perlonjour.
Em três ocasiões, foi recordista
mundial em apneia estática, com os
tempos de 5'49” (França/1999); 6'02”
(primeiro recorde mundial em competição – Egito/1999) e 6'13” (tentativa de
recorde – EUA/2001).
Karol
atingiu, ainda, dois recordes mundiais na prova de profundidade. Em 2001,
desceu 91 metros para tentar recorde em dupla na prova No Limits Tandem, realizada nos EUA.
Finalmente,
Karol obteve o recorde mundial computado pelo Guiness World
Records, na categoria absoluto
(feminino e masculino), durante a prova de apneia estática realizada em 10 de julho de 2009. Esse foi o seu 7º
recorde mundial, obtido com inalação prévia de oxigênio. A
atleta ficou submersa por 18 minutos e 32 segundos.
Na
prova de skandalopetra
realizada em Saint Paul - Ilha de Rodes, na Grécia em 2010, Karol obteve mais um recorde mundial
catalogado no Guinness World Records, descendo
61,5 metros.
Em
2011, foi a vez de descer 121 metros, na tentativa de recorde misto em Bonaire.
Entre os principais nomes do mergulho em
apneia no século XXI estão: Karol Meyer, Adriana B. F. Brandão, Caroline
Schrappe, Ricardo da Gama Bahia, Icaro Oliveira do Valle, Flavia Heberhard,
Alexandre Fraenkel, Gilberto Gabardo Neto, Ricardo Teixeira Branco e Archimedes
Garrido.
A partir de 26 de novembro de
2016, os eventos internacionais da apneia voltaram a ser realizados no Brasil, homologados
pela Aida Internacional. O primeiro deles foi organizado pela Escola de Mergulho
Coral de Fogo, na piscina do Botafogo Futebol e Regatas (RJ).
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Foto: Den GC/Divulgaão |
Uma série de recordes nacionais e
internacionais já foram batidos pelos atletas brasileiros de 2016 em diante, principalmente
em eventos internacionais, entre eles estão: Raphael Vilamiu (GO), na imersão
livre; Ícaro Oliveira do Valle (SP), em lastro constante sem nadadeiras; Thaís
da Costa Picchi (SP), em lastro constante com nadadeiras; Michel Filinis (PR),
em lastro constante com nadadeiras; Adriana F Brandão (PR) e Rafael Nolasco, em
apneia dinâmica com nadadeiras; Adriana F. Brandão (PR) em apneia dinâmica sem
nadadeiras e
Caroline Schrappe, em lastro variável.
Descrição
Conceitual
Na apneia, ou mergulho livre, o
atleta fica submerso na água, sem a utilização de reserva extra de ar, e
respira somente com o ar contido nos pulmões. Ela pode ser realizada em
piscina, mares ou lagos.
Durante o tempo em que permanece
submerso, o atleta pode realizar as seguintes modalidades (provas):
· Apneia estática/indoor: em que o atleta permanece o maior tempo possível submerso, sem respirar;
· Apneia
dinâmica/indoor: em que o atleta
realiza o maior percurso horizontal possível submerso, com ou sem nadadeiras;
·
Apneia sprint 25-50m: o atleta
precisa percorrer 25 ou 50 metros submerso, mantendo o fôlego e ser o mais
veloz possível, para garantir a vitória.
·
Lastro constante com e sem nadadeiras/disciplina outdoor: o atleta desce a maiores
profundidades, usando braços e pernas e lastro;
· Lastro Variável/disciplina outdoor: o atleta com lastro controlado e cabo-guia ao
chegar à profundidade desejada, se desfaz do lastro e retorna a superfície usando
o cabo-guia ou as nadadeiras.
· Imersão livre/disciplina outdoor: em que o atleta desce e sobe à maior IIprofundidade possível, usando os braços e o cabo guia, sem nadadeiras;
· No limits/disciplina
outdoor: em que o atleta desce à maior
profundidade possível, utilizando lastro liberado, e retorna à superfície com método
por ele escolhido (auxílio de balão ou colete inflável, contrapeso, lastro);
·
Skandalopetra é uma prova grega: uma dupla de atletas mergulha
com uma pedra ficando um deles com ela puxado pelo outro da dupla. A prova
exige o anúncio da profundidade a ser atingida e o retorno a superfície no
menor tempo possível.
As competições apresentam
desafios constantes, o que requer treinamentos específicos dos atletas. O No Limits, por exemplo, é uma modalidade
de exibição e difícil execução. Os seus recordes são reconhecidos pela Aida Internacional.
A segurança no esporte é
primordial, por isso todo mergulho deve ser
feito seja de iniciação, lazer e competição – treinos, tentativas de recordes e
na competição em piscina, reconhecidas por “indoor”, ou em lagos e mares chamadas de
“outdoor” com maiores profundidades com apoio, de uma dupla/equipe, além de se disporem de pronto uso de equipamentos como cabos, flutuadores, escada,
boia, barco, e primeiros socorros, etc.
Organização
no Brasil
O esporte é dirigido e organizado
pela Associação Internacional para o Desenvolvimento da Apneia (Aida) – Seção
Brasil, entidade máxima no país.
Organização
Internacional
A Associação Internacional para o
Desenvolvimento da Apneia (Aida) é a entidade máxima do esporte no mundo.
Referências
Bibliográficas
AIDA BRASIL. Após uma
década, Brasil recebe competições de apneia com ... Disponível em:
www.aidabrasil.com.br/modalidades-de-mergulho-livre/. Acesso em: 7 jul. 2017.
______. Modalidades de
Mergulho Livre. Disponível em:
www.aidabrasil.com.br/modalidades-de-mergulho-livre/. Acesso em: 7 jul. 2017.
______. Recordes
Nacionais Geral. Disponível em: www.aidabrasil.com.br/recordes-nacionais/.
Acesso em: 7 jul. 2017.
______. Regras.
Disponível em: www.aidabrasil.com.br/category/regras/. Acesso em: 7 jul. 2017.
CASTARDELI, E. Fundamentos das Atividades Aquáticas.
Disponível em:
http://cefd.ufes.br/sites/cefd.ufes.br/files/field/anexo/fundamentos_das_atividades_aquaticas.pdf.Acesso
em: 23 abr 2020.
COSTA, L. P. da (Org.). Atlas
do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.
KAROLMEYER. Saiba mais.
Disponível em: www.karolmeyer.com.br/saiba-mais. Acesso em: 7 jul. 2017.
RANKBRASIL. Atleta com
mais títulos mundiais no mergulho em apneia. Disponível em:
http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/069p/Atleta_Com_Mais_Titulos_Mundiais_No_Mergulho_Em_Apneia. Acesso em: 7 jul. 2017.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte.
São Paulo: Senac, 2007.
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