Xadrez: desafios e estratégias na derrubada do rei



            O xadrez chegou ao Brasil ainda em 1500, trazido pelos colonizadores portugueses. Em carta a Lisboa, Pero Vaz de Caminha faz referência a um tabuleiro e a peças de xadrez.
A chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, acabou estimulando conceitos como “refinamento” e “bom-gosto” ao difundir novos hábitos culturais europeus na sociedade. Entre os empreendimentos da época, encontrava-se o xadrez, jogo de salão praticado como passatempo pelas elites do país.
Entre os primeiros livros sobre o jogo de xadrez está O Perfeito Jogador de Xadrez. Escrito pelo desembargador Henrique Vellozo D’Oliveira, o livro data de 1850 e é considerado uma obra rara.
            No início dos tempos imperiais, nos ambientes familiares mais abastados, o xadrez já podia ser visto nas reuniões entre pessoas de estreita intimidade. A partir da metade do século 19, as residências possuíam um cômodo exclusivo, a “sala de jogos”, onde se podiam encontrar o xadrez e outros jogos entre os divertimentos da época.
Em 1876, a revista Ilustração Brasileira estampava a primeira coluna sobre o xadrez, de Arthur Napoleão dos Santos. No ano seguinte, surgia o primeiro clube do esporte no país – o Clube Politécnico, sediado no Rio de Janeiro. Em sua diretoria, encontravam-se Arthur Napoleão, João Caldas Viana e Machado de Assis, grandes enxadristas da época.
A partir da década de 1880, o xadrez popularizava-se com a imprensa escrita (jornais e revistas). Periódicos como o Diário Popular, de São Paulo, e o Jornal do Comércio e a Gazeta de Notícias, ambos do Rio de Janeiro, já difundiam o jogo em suas colunas.
            O primeiro torneio oficial de xadrez no Brasil ocorreria em 1880, no Rio de Janeiro. Dele participaram Arthur Napoleão, João Caldas Viana, Carlos Pradez, Machado de Assis, J. Navarro e J. Palhares. A partir de 1883, Caldas Viana passou a ganhar vários torneios realizados no país.
            No Rio de Janeiro, na Rua Gonçalves Dias nº 55, fundava-se a primeira organização exclusiva do esporte no país, o Clube de Xadrez.
            A partir de 1924, um conjunto de ações passou a alavancar o desenvolvimento do xadrez. Uma das primeiras iniciativas foi a fundação de uma organização nacional, a Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), ainda naquele ano. Outro grande passo foi a organização do 1º Campeonato Brasileiro de Xadrez em 1925, no Rio de Janeiro, cujo campeão foi João de Souza Mendes Junior.
A divulgação do esporte expandia-se com a publicação da Revista Brasileira de Xadrez, periódico especializado que, durante cerca de duas décadas, reproduziu os mais variados assuntos sobre o jogo desde sua entrada em circulação em 1930.
O universo estudantil e as escolas públicas brasileiras abriam-se para o xadrez com Sylvio Tucci, que introduziu o esporte no Ginásio Jaboticabal (SP) em 1935.


A década de 1940 foi marcada pelo aumento das competições e da presença de jogadores em eventos regionais e nacionais, levando o Brasil a participar mais vezes de disputas internacionais.
O primeiro evento internacional do esporte realizado no Brasil ocorreu em 1941 – o Torneio Internacional de Águas de São Pedro (SP), organizado pelo Clube de Xadrez de São Paulo (CXSP). Esse evento contou com a presença de grandes jogadores estrangeiros, como E. Eliskases (Áustria), H. Rosseto (Argentina) e L. Angels (Alemanha), e de grandes enxadristas brasileiros, como Boris Schnarderman, José Thiago Mangini, Flavio de Carvalho Junior e João de Souza Mendes Junior.
           A primeira participação brasileira em um evento internacional do esporte fora do Brasil ocorreria na 10ª Olimpíada de Xadrez, em Helsinque (Finlândia), em 1952. Nessa ocasião, o brasileiro Eugênio German ganhava o título de Mestre Internacional.
Na década de 1960, o esporte consolidou-se profissionalmente. No grupo de enxadristas precursores, encontravam-se os atletas Antônio Rocha, Herman Claudius, Dirk Dagobert van Riemsdijk, Hélder Câmara, Vince Toth, Silvio Mendes, Alfredo Pereira dos Santos e Alexandre S. Segal.
O xadrez ganhava a participação feminina com a organização do 1º Campeonato Feminino de Xadrez, em 1960. A vencedora foi Dora de Castro Rúbio.

            A ampliação da oferta do xadrez nas escolas do país durante a década de 1960 levava à popularização do esporte. As iniciativas cresceram com a atuação de Taya Efremoff, mestra nacional que levou o esporte ao meio escolar na cidade de Araraquara (SP) em 1967. Uma ação semelhante também ocorreu nas escolas da Prefeitura de Curitiba (PR) em 1980.
            A partir da década de 1970, os resultados internacionais expressivos obtidos pelos enxadristas brasileiros reforçavam a popularização do esporte. Nessa ocasião, aparecia Henrique da Costa Mecking, o Mequinho, que disputou os Torneios de Wijkaan Zee, (Holanda); o Memorial Bora Kostic (em Ursa, na antiga Iugoslávia), e o de Hastings (Inglaterra). Nesta competição, obteve o título de Grande Mestre Internacional, chegando a alcançar a posição de terceiro melhor jogador do mundo no ranking da Federação Internacional de Xadrez (Fide), com 2.635 pontos, em 1978.
            O xadrez alçava novo patamar de desenvolvimento no Brasil. Surgiam novos jogadores de renome nacional e mundial. O esporte ganhava mais inserção na mídia televisiva. Mais eventos nacionais e premiações eram oferecidos e mais pessoas participavam de eventos de competição e de lazer.
            Esses fatores levaram o esporte a se estruturar melhor na década de 1980. As mudanças ocorreram na organização dos eventos e no estabelecimento de um calendário nacional. Uma seleção criteriosa garantiu a presença de jogadores de expressão em eventos nacionais e internacionais oficiais. Surgiu o Campeonato Brasileiro por Equipes, com 44 clubes participando da edição de Curitiba, em 1988.
            Por essa época, apareciam novos mestres de renome internacional, como Jaime Sunye Neto (PR) e Gilberto Milos Júnior (SP). Sunye destacou-se como presidente da CBX ao promover uma gestão mais profissional, buscar o patrocínio de órgãos oficiais e implantar projetos de ensino nas escolas de Curitiba.
O xadrez difundiu-se entre crianças e jovens no Paraná, apoiado pela realização de campeonatos mundiais de várias categorias de idade.
A popularização do xadrez neste século contou com a atuação destacada do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2005. O MEC levou o esporte às crianças e aos jovens, permitindo a implantação de campeonatos locais e brasileiros nas escolas e em projetos sociais pelo país.
Outro forte elemento que ajudou a divulgar o esporte foi o surgimento de grandes mestres de nível nacional e internacional a partir da década de 1950. Além disso, houve o incremento da participação e dos resultados dos enxadristas brasileiros em eventos internacionais, especialmente nos campeonatos mundiais.
Estão entre os grandes jogadores do xadrez nacional: Francisco Trois, Rubens Filguth e Marcos Paolozzi (décadas de 1970 e 1980); Eduardo Limp, Jefferson Pelikian, Cícero Braga, Everaldo Matsuura (anos de 1990) e Luiz Coelho, Vinicius Marques, Wellington Rocha (a partir da década de 2000).
O xadrez, outrora conhecido por jogo de salão, passou a ser conhecido como um esporte intelectivo e da mente. Há pelo menos três décadas, ele encontra-se difundido no meio digital, oferecido em sites na internet. Atualmente, também é disponibilizado por aplicativos em celulares. O esporte potencializa benefícios a saúde mental a todos os seus praticantes independentemente de idade. 


Descrição Conceitual
O xadrez é praticado em um tabuleiro situado entre dois oponentes. As peças que compõem o jogo normalmente têm cores pretas e brancas.
O tabuleiro tem oito colunas e oito linhas, o que representa 64 casas para o deslocamento das peças. Integram o jogo: oito peões, duas torres, dois cavalos, dois bispos, uma rainha e um rei. O objetivo do jogo é conquistar o “rei” do adversário.
O movimento das peças sobre o tabuleiro tem características peculiares. Os movimentos frontais são feitos pelo peão, que pode, no primeiro movimento, alcançar duas casas; os demais movimentos são restritos a uma casa de cada vez. O movimento de ataque do peão é sempre em diagonal. A torre, por sua vez, não tem nenhuma restrição quanto ao número de casas, podendo se deslocar para a frente, para trás, à direita e à esquerda. O cavalo se movimenta em “L” (duas casas em um sentido e uma casa em sentido perpendicular àquele), em qualquer direção. Para o movimento do bispo e da torre, não há a limitação de casas; apenas se deslocam no sentido diagonal. A rainha se movimenta livremente no jogo, enquanto o rei pode apenas se movimentar de casa em casa, ainda que em qualquer direção do tabuleiro.
O jogo exige a movimentação estratégica das peças, que são montadas no tabuleiro de acordo com regras pré-estabelecidas, seguidas mundialmente.

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Organização no Brasil
            O xadrez é dirigido pela Confederação Brasileira de Xadrez (CBX).

Organização Internacional
             A Federação Internacional de Xadrez (Fide) é o órgão mundial máximo do esporte.

Referências Bibliográficas
COSTA, L. P. da. (Org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Shape, 2004.

CXSP. Clube de Xadrez São Paulo – breve histórico. Disponível em: http://www.cxsp.com.br/?page_id=378. Acesso em: 18 dez. 2018.
LEITÃO, R. Os Grandes Jogadores de Xadrez: Mequinho. Disponível em: . Acesso em: 18 dez. 2018.
SÁ, A.V. M. de.; TRINDADE, S. H. de S.; LIMA FILHO, A. B. de A.; SOUZA, A.V. de. Xadrez: cartilha. Brasília: MED, 1993. 26p.
SILVA, W. (Org.). Xadrez e educação: contribuições da ciência para o uso do jogo como instrumento pedagógico. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Wilson_Silva5/publication/271826854_Xadrez_e_Educacao_contribuicoes_da_ciencia_para_o_uso_do_jogo_como_instrumento_pedagogico/links/54d247340cf2b0c614691afc/Xadrez-e-Educacao-contribuicoes-da-ciencia-para-o-uso-do-jogo-como-instrumento-pedagogico.pdf. Acesso em: 18 dez. 2018.
TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.




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