Damas/Checkers/Jeu de Dames: atenção, concentração, raciocínio lógico e estratégia!

      

     O mestre do Jogo de Damas, Lélio Marcos Luzes Sarcedo.

Damas/Checkers/Jeu de Dames:  um jogo de salões exclusivos em lares à internet, redes sociais e aplicativos! 

Por Fernando Garrido

Como o esporte acontece?

            Segundo Tubino et al. (2007), a dama é considerado um “esporte intelectivo”.

           O jogo de damas é praticado em tabuleiro de 64 casas. Na disputa, um jogador recebe 12 pedras brancas, e o outro, 12 escuras.  As pedras são colocadas nos espaços escuros do tabuleiro, formando o cenário inicial do jogo.

Os confrontos também podem ocorrer em tabuleiros de 100 casas. No jogo de 100 casas, são distribuídas 20 pedras brancas a um jogador e 20 pretas ao outro.

Conforme convenção, o jogo deve começar pelas pedras brancas. A dinâmica ocorre com a disputa pela perda (ou captura) e a imobilização das peças do oponente. As pedras só podem ser deslocadas uma casa por vez, em diagonal. Quando uma delas chega à oitava linha, recebe a denominação de dama, que é a superposição de duas peças com liberdade de movimentação.

A dama e a pedra podem andar e capturar uma ou mais peças, tanto para a frente quanto para trás, além de pular casas. A dama não pode saltar por cima das pedras da mesma cor. No caso de duas peças estarem juntas na mesma diagonal, não há captura. A captura das peças é obrigatória, sendo proibido o sopro. 

https://www.facebook.com/Ta%C3%A7a-Brasil-de-Damas-510596215730882/

Em uma partida por convenção, são computados a quantidade de lances e seu tempo de execução. Um relógio de competição controla o tempo do jogo.

A disputa termina com a eliminação total das pedras, conjugada ou não com imobilização das pedras do oponente.

Quando o esporte apareceu por aqui?

           

           Os primeiros colonizadores de origem ibérica, francesa, holandesa e árabe introduziram o jogo no país. Eles influenciaram decisivamente no estabelecimento de regras e modalidades, em especial na cidade de São Luís, no Maranhão, local do país onde se joga com exclusividade o tabuleiro de damas internacional, de 100 peças.

O primeiro livro sobre o jogo chegou ao Brasil com D. João VI e a corte portuguesa em 1806. Sob o título de Libro del Juego de las Damas, de Juan Canalejas, e publicado em Barcelona (Espanha) em 1650, o livro encontra-se nos arquivos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, segundo a Confederação Brasileira de Damas (CBJD).

É difícil estabelecer as datas das primeiras competições no país. Recortes de jornal nos dão notícias de atividades na cidade de São Caetano (SP), na década de 1930. O livro Ciência e Técnica do Jogo de Damas, um dos dois escritos por Geraldino Izidoro, registra um torneio organizado por Francisco Vieira Agarez na Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro (AEC-RJ) em 1927.

            O desenvolvimento do jogo como esporte recebeu o incentivo de Izidoro entre 1935 e 1940, sendo praticado em tabuleiro de 100 casas. Ainda em 1940, no Rio de Janeiro, foi editado o livro 40 Golpes Clássicos, de autor desconhecido.

            Depois de um período de estagnação no Brasil, o jogo de damas ressurgiu com o mestre russo W. Bakumenko. O encontro entre Bakumenko, Izidoro e suas equipes de São Paulo e Rio de Janeiro promoveu o reinício da dama como esporte em 1954. O jogo era praticado com regras uniformizadas e em tabuleiro de 64 casas. 

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Bakumenko escreveu uma coluna semanal no jornal A Gazeta Esportiva, criou grupos de jogadores e editou os livros Joias do Jogo de Damas e Curso das Damas Brasileiras. Izidoro criou grupos de damas e prêmios e escreveu colunas em jornais e revistas.

O jogo de damas desenvolveu-se na década de 1960 com a consolidação da sua estrutura organizacional. Em 1963, surgia a primeira federação do esporte em São Paulo. Nessa ocasião, foi realizado o 1º Campeonato Paulista.

Em seguida, foram criadas entidades estaduais em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, as quais também idealizaram a fundação da Confederação Brasileira de Jogo de Damas (CBJD) em 1967.

            Foi também em 1967 que o país realizou o seu 1º Campeonato Brasileiro. O evento ocorreu em São Pedro da Aldeia (RJ) e foi vencido por José Carlos Rabelo, que representou o estado do Espírito Santo na modalidade tabuleiro de 64 casas. O 1º Campeonato Brasileiro de Tabuleiro de 100 Casas ocorreria em 1971. Esse evento, disputado em Americana (SP), foi vencido por Julio Mandarino Mindello e Humberto Olivardo.

O mestre do Jogo de Damas, Lélio Marcos Luzes Sarcedo.

         A primeira participação internacional da dama brasileira ocorreu no 7º American Pool Checkers Championship, em Nova York (EUA), em 1973. Nessa ocasião, estavam presentes Lourival Mendes França e Lélio Marcos Luzes Sarcedo.

       Em abril de 1979, o Brasil participava do 1º Campeonato Pan-Americano de Damas Internacional (100 casas). O evento foi realizado em Paramaribo (Suriname) e teve como representantes Cleuber de Souza Landim e Lélio Sarcedo. 

         A primeira participação do Brasil no Campeonato Mundial (100 casas) ocorreu com Lélio Sarcedo, em Bamako (Mali), em dezembro do mesmo ano.

           As primeiras competições internacionais do jogo de damas no país começaram a ser realizadas na década de 1980. A primeira disputa ocorreu em 1981, entre as equipes do Suriname e do Brasil, e terminou empatada.

            Em 1982, o Brasil organizou o 52º Campeonato Mundial de Jogo de Damas (100 casas), na cidade de São Paulo.

            O jogo de damas foi reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) em 1988. As competições nacionais ocorriam regularmente. 

Com o aumento da presença brasileira em eventos internacionais, começaram a aparecer os primeiros resultados expressivos. No 1º Campeonato Mundial de Damas de 64 casas, realizado em 1989, em Galatina (Itália), Douglas Diniz conquistou a terceira colocação e o primeiro título de Grande Mestre Internacional para o Brasil.

O aumento da participação de atletas brasileiros do jogo de damas no exterior, a realização de eventos internacionais no país e o alcance de bons resultados acabaram despertando o interesse para incluir o esporte nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos do Interior do Estado de São Paulo, em 1992.

O 1º Campeonato Mundial de Damas (64 peças) foi disputado no Brasil, em 1995, em Águas de Lindóia (SP). Nesse evento, o damista Lourival Mendes França terminou a competição na primeira colocação, ao lado do mestre Alexander Schvartzman.

As participações brasileiras em eventos internacionais no país e no exterior ganhariam mais expressão a partir deste século, com jogadores de ambos os sexos destacando-se desde as categorias de base. Na Ucrânia, em 2002, o damista Francisco Marcelo Araújo tornava-se campeão mundial na categoria juniores. Em 2007, Ana Paula Araújo Brito alcançava o título de campeã mundial na categoria cadete.

Em 2018, foi realizada a 43ª edição do Campeonato Brasileiro de Jogo de Damas de 64 Casas, em Fortaleza (CE).

O jogo de damas, também conhecido como um esporte intelectivo, tem sido realizado em grandes competições anuais, como os Campeonatos Brasileiros, o Circuito Nacional, as Copas Regional e Escolar e a Taça Brasil presencial e online.

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Entre os grandes nomes do esporte está Lélio Marques Luzes Sarcedo – detentor de cinco títulos brasileiros, idealizador de vários sites, mestre internacional e grande divulgador do esporte no Brasil e no mundo. Outro nome de destaque é José Maria Silva Filho, mestre internacional e oito vezes campeão brasileiro.

A partir da década de 1990, os jogos de salão – em especial o de damas – as novas tecnologias passaram a promover maior oferta de jogos na internet, redes sociais e, posteriormente, por meio de aplicativos.

Os benefícios dos esportes intelectivos?

Essa categoria de esporte fortalece o desenvolvimento de atitudes e princípios de natureza competitiva, cooperativa, inclusiva. Além disso, favorece a melhoria de atributos como concentração, precisão, estratégia, tomada de decisão, e raciocínio, entre outros valores. 

Também cria estimulo ao desenvolvimento de capacidades cognitivas, afetivas e sociais, se tornando uma ferramenta de valor na formação educacional e social, quer como uma atividade curricular e mesmo extracurricular, no lazer (diversão, saúde, estilo de vida) e no desempenho. 

A corrente dos esportes intelectivos costuma integrar a lista de modalidades disputadas em Gincanas, Jogos Internos, Abertos e Escolares. 

Vamos contar algo mais  pra você!

           No Brasil, o jogo de damas é dirigido pela Confederação Brasileira de Jogo de Damas (CBJD), fundada em 23 de abril de 1967, em Niterói (RJ).

         A Federação Mundial de Jogo de Damas (FMJD), fundada em Paris em 16 de setembro de 1947, é a entidade que dirige o jogo de damas no mundo.

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Referências bibliográficas

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TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F. A. C.; TUBINO, F. M. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. São Paulo: Senac, 2007.